Texto Domingos Janeiro • Fotos BMW•
Estamos perante um modelo muito particular quer para o mercado, como para a própria BMW. Um modelo que sempre apelou mais aos instintos desportivos, do que propriamente às longas viagens, mas o que é certo, é que de uma forma ou de outra, a marca bávara conseguiu colocar a XR como referência no segmento, onde poucas marcas ousaram contrapor.
Apresentada na última edição do Salão de Milão, causou muita curiosidade, principalmente ao nível das prestações, tendo em conta as alterações introduzidas à sua irmã desportiva S1000RR. Como Ralf M’lleken, Director de Projecto refere “é sempre difícil encontrar a sucessora para uma moto tão boa quanto a S1000XR. Esforçamo-nos muito para melhorar alguns aspectos e a verdade é que conseguimos melhorá-la em termos globais.” Mais leve, mais rápida e mais versátil, são estes os pontos-chave da nova sport/touring da BMW.
Um dos aspectos que mereceu mais atenção por parte do construtor europeu, foi tornar a XR ainda mais confortável para as viagens mais longas, melhorando, em simultâneo o desempenho desportivo. Parece um contracenso, certo? Errado! É perfeitamente possível acentuar a vocação viajante, mantendo o “pedigree” desportivo que sempre a caracterizou. Para isso, passamos a contar agora com novo motor e novo quadro e um peso a seco de 226 kg, menos 10 kg relativamente à anterior versão! Só com o novo motor foi possível poupar 5 kg, com a potência a fixar-se agora nos 165 cv, acompanhados por uns determinados 114 Nm de binário.
Desportiva que se preze, tem que vir, naturalmente, acompanhada de muita electrónica e neste campo, a XR surpreende só pelo facto da quantidade de ajudas e ajustes que permite de série como por exemplo o sistema MSR, que elimina o escorregar da roda traseira quando cortamos gás ou quando passamos de caixa de forma mais brusca e que é utilizado pela primeira vez, com função de travão motor incluída; ajuste electrónico da suspensão ESA (Dynamic ESA Pro como opcional e que acresce mais dois modos de ajuste, o Road e o Dynamic, com a opcção de ajuste automático consoante as condições do pavimento ou da condução); travagem dinâmica DBC (Dynamic Brake Control); controlo de tracção; anti-cavalinho; sistema ABS Pro com DBC de série (que oferece mais segurança na travagem em posição inclinada, nas curvas), assim como os quatro modos de condução: Rain, Road Dynamic e Dynamic Pro, este último totalmente personalizável e incluído de série pela primeira vez na XR e Hillstart Control Pro também de série.
É assim a “nova” ciclística da S1000XR, graças a um quadro totalmente novo e a um conjunto de suspensões também mais ligeiras. Em conjunto, o quadro e o amortecedor traseiro pesam menos 2,1 kg! O novo quadro, Flex Frame é mais leve, com motor portante, totalmente em alumínio, assim como o sub quadro, 9% mais leve em relação à anterior versão. Em conjunto com o braço oscilante e o amortecedor traseiro conseguiu-se uma melhor relação entre rigidez e flexibilidade que na prática se faz notar pela sensação de leveza e grande agilidade do conjunto.
Com o quadro mais estreito, ganhamos em ergonomia, com o assento mais chegado à roda dianteira e menos vibrações. Nas suspensões, passamos a ter mais 10 mm de curso traseiro (150 mm), o mesmo que temos na forquilha invertida colocada na dianteira. Sobre a estética, pouco há a dizer, pois continua à vista as linhas desafiantes e modernas, agora aprimoradas com as ópticas dianteiras rasgadas, de LED, com luz adaptativa de LED e luz de presença diurna como opcional (pacote Headhlight Pro). Piscas e luz traseira também em LED.
Sempre foi um modelo que, a mim particularmente, me deu prazer em conduzir, mas bastaram poucos metros para ver que a touring/desportiva da BMW tornou- se mulher, mais madura e determinada. Basta vermos que os pontos chave foram melhorados, para não esperarmos outra coisa que não melhores prestações. A cura de emagrecimento quer do quadro, como do motor, das jantes, escape, amortecedor, acompanhadas de incremento de potência, são só por si elementos capazes de melhorar o que já era bom, mas a marca alemã foi mais além, pois não bastou reduzir peso e incrementar potência!
Melhorou a ergonomia, a distribuição do peso e tudo isso contribui, e sente-se, na agilidade que nos oferece, disponibilidade do motor, facilidade de condução, conforto para enfrentar grandes tiradas, mas tudo “lá” para quando é preciso entrar em terrenos mais desportivos! No entanto, a quase “obrigatoriedade” de manter as linhas agressivas acaba por penalizar o arco das pernas, que é largo e as carenagens fazem-se sentir, nas primeirasviagens, depois, acabamos por nos habituar.
O motor, sem surpreender nota-se agora mais disponível e capaz, principalmente na passagem pela faixa média de utilização, com mais alma numa zona em que tradicionalmente as “tetra” não são lá muito fortes. Os quatro modos, personalizáveis, levam-nos a uma condução personalizada, acompanhando desde os menos experientes até aos mais destemidos, sempre de forma surpreendente. As inúmeras possibilidades de ajustes electrónicos, incluindo as suspensões, são uma das grandes valias da nova XR 1000. Pegando como exemplo o modo Dynamic Pro e sem qualquer restrição ao punho direito, obtivemos como consumo final 6 litros aos 100 km, o que significa que conseguimos fazer melhor. Muito melhor!
Como já dissemos, o motor foi profundamente revisto, beneficiando da evolução da irmã desportiva, mas para acentuar o caracter de turística, temos uma 4ª, 5ª e 6ª relações mais compridas para baixar o nível de ruído, andar mais e consumir menos. O motor terá o caracter que nós quisermos que ele tenha, através da selecção do modo (Rain, Road, Dynamic e Dynamic Pro), mas pegando no exemplo onde temos os 165 cv mais disponíveis, contamos com um motor sempre disponível e sem grandes hesitações, notando-se o incremento de potência nas médias rotações.
É um prazer podermos contar com uma moto de vocação desportiva mas com todo o conforto de uma turística. Não há que haver qualquer preconceito ou resistência à mudança. Se já não têm “costas” para aguentar uma desportiva, aqui está o que pode ser uma boa solução. A postura de condução é muito direita e confortável, faz sentir algumas vibrações mas não incomodam e a protecção aerodinâmica é eficiente, com a ajuda fundamental do ecrã dianteiro regulável com apenas uma mão.
O conjunto de suspensões funcionam de forma perfeita, muito fácil e intuitiva de ajustar para podermos gozar do ajuste perfeito em qualquer ocasião. A embraiagem mostrou-se algo brusca, mas por ser deslizante é leve e uma mais-valia quando adoptamos um estilo mais agressivo de condução, eliminando o saltitar da roda traseira.
A travagem está num patamar de qualidade que pousa têm, muito potente, mas doseável e com um tacto muito assertivo. Permite-nos rodar muito depressa e corrigir trajectórias em plena curva, graças ao sistema de ABS Pro, especialmente desenvolvido para não interferir nas trajectórias quando deitada em curva e permite-nos abusar nas travagens nas abordagens às curvas sem complicar.
Por falar em curvar, os ângulos de inclinação que podemos ver no painel de instrumentos, assim como as forças aplicadas quer na travagem como na aceleração, quanto a mim, são um foco de distracção e perfeitamente dispensáveis. A colocar a potência no chão de forma eficiente, temos os pneus Bridgestone Battlax Sport Touring T31R que nunca fraquejaram, até mesmo quando passamos por muitas zonas húmidas a ritmos mais elevados. O painel TFT é-nos já bastante familiar, muito intuitivo, completo e com toda a informação que necessitamos para controlar totalmente a moto e com fácil leitura.
O carácter polivalente da XR também fica patente através dos descansos, que neste caso tinha o lateral e o central. Também tinha punhos aquecidos e quick shift up e down, como opcionais. Uma notável evolução, já disponível nos concessionários, em duas cores (vermelho ou cinza) pelo preço de 17 995€.
Ficha Técnica
BMW S1000XR | |
PREÇO | 17 995 € |
MOTOR TIPO | quatro cilindros paralelos, 4T, refrigerado por líquido |
DISTRIBUIÇÃO | duas árvores de cames à cabeça, 8 válvulas |
DIÂMETRO X CURSO | 80 x 49,7 mm |
CILINDRADA | 999 cc |
ALIMENTAÇÃO | injecção electrónica |
IGNIÇÃO | electrónica digital |
ARRANQUE | eléctrico |
CAIXA | 6 velocidades |
FINAL | por corrente |
POTÊNCIA MÁXIMA | 165 cv/11 000 rpm |
BINÁRIO MÁXIMO | 114 Nm/9250 rpm |
QUADRO | dupla trave em alumínio com motor portante |
DIMENSÕES (C/L/A) | 2333/850/1411 mm |
DISTÂNCIA ENTRE EIXOS | 1522 mm |
ALTURA DO ASSENTO | 840-790 mm |
SUSPENSÃO DIANTEIRA | forquilha invertida ajustável, Ø45 mm, curso 150 mm (Dynamic ESA) |
SUSPENSÃO TRASEIRA | mono-amortecedor, ajustável, curso 150 mm(Dynamic ESA) |
PNEU DIANTEIRO | 120/70-17” |
PNEU TRASEIRO | 190/55-17” |
TRAVÃO DIANTEIRO | dois discos de Ø320 mm, pinças radiais de 4 êmbolos, ABS Pro |
TRAVÃO TRASEIRO | disco, Ø265 mm, pinça de um êmbolo, ABS Pro |
DEP. DE COMBUSTÍVEL | 20 litros |
PESO (A SECO) | 205 kg |
CORES | cinzento e vermelho |
GARANTIA | 3 anos |
IMPORTADOR | BMW Motorrad Portugal |