Cumpriu-se esta terça-feira a 3ª Etapa do Rali Dakar, o primeiro dia depois da etapa de 48 horas e um dia que antecede a famosa etapa maratona idealizada pela organização da 47ª edição da maior e mais dura prova de todo-o-terreno do Mundo.
Devido a tempestades severas que se fizeram sentir na região de Al Henakiyah, para onde a caravana das Motos se dirigiu nesta 3ª Etapa partindo de Bisha, a organização do Rali Dakar viu-se obrigada a encurtar um pouco a distância inicialmente prevista para hoje.
Em vez dos 495 km de especial contra o cronómetro, os pilotos enfrentaram 327 km.
Ainda assim, as pedras vulcânicas no início e uma parte final de navegação traiçoeira ajudaram a aumentar o nível de dificuldade para todos os pilotos, inclusivamente baralhando as contas dos pilotos mais rápidos, ajudando então a reduzir diferenças na disputa pelas melhores posições da classificação Geral das Motos.
Quanto à vitória na etapa, assistimos hoje ao momento histórico em que Lorenzo Santolino (Sherco Rally Factory) se estreou a vencer numa etapa do Rali Dakar!
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O piloto espanhol precisou de pouco mais de 3H44m para cumprir a especial, oferecendo à Sherco a sua sexta vitória em etapas. A marca francesa consegue assim ascender nos registos históricos da prova no que a fabricantes com mais vitórias diz respeito, passando a ser a 8ª classificada neste ranking e ultrapassando Aprilia e GasGas.
Em reação à sua primeira vitória, Lorenzo Santolino refere que “A etapa de hoje foi bastante técnica, com abundância de pedras desde o início até ao quilómetro 100. Dei tudo, mantendo-me altamente concentrado na navegação. Consegui alcançar o Pablo (Quintanilla), que começou 5 minutos antes de mim, parte rápida. Rodámos juntos e consegui manter a liderança. Alcançar esta vitória em etapas é incrível, inacreditável na verdade. A etapa alternou entre zonas muito rápidas e zonas técnicas com muita navegação nos derradeiros 150 km. Apesar dos riscos que corri, valeu a pena!”.
Refira-se que, pela primeira vez neste Rali Dakar de 2025, temos um vencedor de etapa que não é Daniel Sanders (Red Bull KTM Factory Racing).
Com o piloto espanhol da Sherco a voar para a vitória, quem mais se aproximou do ritmo foi Ricky Brabec (Monster Energy Honda HRC). O campeão em título aproveitou a 3ª Etapa para recuperar tempo perdido nos dias anteriores, precisando de mais 4m01s do que Santolino para concluir a especial. O Top 3 da etapa ficou completo com a presença de Skyler Howes (Monster Energy Honda HRC).
No que à classificação Geral das Motos diz respeito, temos ainda Daniel Sanders, que hoje terminou em 17º, a liderar a prova, mas agora a ver a sua vantagem ser cortada para cerca de metade. Skyler Howes (Monster Energy Honda HRC) e Ross Branch (Hero MotoSports Team Rally) mantêm-se na perseguição ao australiano da KTM, em 2º e 3º, respetivamente, e ambos com cerca de 6m50s de diferença para o líder.
Para o trio de portugueses ainda em prova, o dia de hoje foi mais ‘simpático’ depois das dificuldades que encontraram nos dias anteriores.
Rui Gonçalves (Sherco Rally Factory) abriu o dia a ‘todo o gás’ e rapidamente se posicionou entre os mais rápidos da 3ª Etapa. Mas o facto de ter começado no meio do pelotão, e com isso apanhando muito pó, impediu o português de Vidago de conseguir melhor resultado, sendo que ainda assim foi 15º e com isto sobe algumas posições na classificação Geral das Motos.
António Maio (Franco Sport Yamaha Racing Team) foi obrigado a solucionar alguns problemas na sua WR450 Rally, nomeadamente no sistema que faz a ligação entre os depósitos de combustível. O Major da Guarda Nacional Republicana foi 31º na etapa e na Geral está em 33º.
Refira-se que António Maio já trocou o motor da sua Yamaha no final da 2ª Etapa, pelo que foi penalizado em 15 minutos, de acordo com o regulamento, adicionados hoje ao seu tempo total.
Por último no que aos pilotos portugueses diz respeito temos Bruno Santos (BS – Frutas Patrícia Pilar). Verificando os perigos que surgiram no percurso fruto da presença do terreno com muitas pedras, o piloto de Torres Vedras optou por adotar um ritmo mais cauteloso com o objetivo de evitar problemas de maior. Finalizou a etapa em 44º e na Geral ocupa a 35ª posição.
Declarações dos pilotos portugueses
António Maio #30
“Esta etapa foi complicada. Após uma ligação de 150 km fizemos 320 de especial metade dela em pedra e foi muito difícil. Era uma etapa muito perigosa. Apanhei muito pó e perdi algum tempo no início do dia devido a um erro de navegação. Tive ainda um pequeno percalço porque reparei que não tinha o tampão do depósito de gasolina e pensei que tinha perdido a gasolina toda. No entanto, era o cabo da conexão dos depósitos que estava desligado. Consegui resolver a situação e terminei mais uma especial. No final fizemos mais 350 km de ligação com um frio tremendo. Safou-me um casaco emprestado por um árabe que me permitiu acalmar um bocado o frio”.
Bruno Santos #35
“Hoje foi um longo dia. Saímos muito cedo e chegámos já muito tarde. O bivouac mudou de cidade e tivemos de fazer muitos quilómetros de ligação, foram 466 km. A especial começou com cerca de 100 km muito duros, com muita pedra e o que exigia uma condução muito lenta e aí fui muito cauteloso para não arriscar e poder deitar tudo a perder. Dai em diante o percurso foi mais rápido até ao final. De qualquer modo, pude rodar toda a especial sozinho e melhorar a navegação”.
Resultados da 3ª Etapa do Rali Dakar
1 – Lorenzo Santolino (Sherco) – 3H44m34s
2 – Ricky Brabec (Honda) – +4m01s
3 – Skyler Howes (Honda) – +4m10s
4 – Ross Branch (Hero) – +4m14s
5 – Luciano Benavides (KTM) – +4m55s
6 – Stefan Svitko (KTM) – +5m02s
7 – Pablo Quintanilla (Honda) – +5m19s
8 – Edgar Canet (KTM) – +5m31s
9 – Martin Michek (KTM) – +6m42s
10 – Tobias Ebster (KTM) – +6m53s
15 – Rui Gonçalves (Sherco) – +7m36s
31 – António Maio (Yamaha) – +25m02s
44 – Bruno Santos (Husqvarna) – +37m28s
Classificação Geral do Rali Dakar
1 – Daniel Sanders – 20H05m00s
2 – Skyler Howes – +6m51s
3 – Ross Branch – +6m59s
4 – Ricky Brabec – +9m15s
5 – Tosha Schareina – +13m11s
6 – Luciano Benavides – +17m31s
7 – Pablo Quintanilla – +20m36s
8 – Adrien van Beveren – +21m18s
9 – Jose Ignacio Cornejo – +46m12s
10 – Lorenzo Santolino – +47m12s
19 – Rui Gonçalves – +1H27m15s
33 – António Maio – +2H32m51s
35 – Bruno Santos – +2H56m57s
Antevisão da 4ª Etapa do Rali Dakar
Al Henakiyah – Al Ula
Especial de 415 km / Total de 588 km
Por mais duros que tenham sido os primeiros dias, a etapa maratona não vai permitir aos pilotos grandes momentos para descansar, e terão de ter cuidado com o terreno vulcânico desta etapa. Os trilhos mais técnicos que levam até Al Ula vão passar por magníficos desfiladeiros, pelos quais a região é conhecida. A meta estará colocada num bivouac especial, com acesso vedado aos veículos de assistência. Os pilotos das Motos terão 1H30m para trabalharem nas suas motos.
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