O Dakar de 2021 foi uma edição difícil com mudanças de regulamentos, com uma navegação mais exigente e com um traçado que colocou à prova a força física e mental de todos os atletas em prova.
Todos tiveram que se superar num ano de forte exigência para todos e em que a tática foi a palavra de ordem à medida que a prova se foi desenrolando.
A etapa de hoje entre Yanbu e Jeddah tinha no seu figurino uma curta especial de 225 km e em que à partida estava tudo em aberto na luta pela liderança na classificação geral.
Sam Sunderland, que venceu a etapa de ontem, arrancava na frente com um défice de 4m42 para Kevin Benavides mas tal como já tínhamos visto em tantas outras alturas neste Dakar, o britânico cometia diversos erros de navegação ao tentar validar um Way Point e ao 149 já concedia 12 minutos para Kevin Benavides que afirmou a superioridade da Honda num Dakar histórico e carregado de emoção.
Excelente também esteve Ricky Brabec, principalmente na segunda metade da prova, onde conseguiu por vezes eclipsar a concorrência com um andamento fora de série. Não cometeu muitos erros e os magros 4m56s que o separam no final de Benavides, mostram que o nº1 na sua moto é mais do que merecido.
A Honda no papel foi a equipa mais forte ao longo deste Dakar acumulando dez vitórias em etapas com todos os quatro pilotos da equipa nipónica a conseguirem vencer etapas. A KTM apesar das duas vitórias em etapas por parte de Toby Price e Sam Sunderland, manteve a pressão até ao fim mas a aposta estava feita em Price que, infelizmente, abandonava com uma clavícula partida na etapa nº9.
Esta é a segunda vez que a Honda consegue colocar dois pilotos no pódio do Dakar, repetindo o feito de Cyril Neveu e Edie Orioli que em 1987 levavam as duas Honda XR-V às duas primeiras posições na chegada ao Lago Rosa.
Destaque ainda para as prestações do endiabrado Daniel Sanders, o “ozzie” prometia mostrar aquilo que sabia e foi isso mesmo que fez. Terá que aprender a navegar com mais precisão mas velocidade, rapidez e capacidade de leitura de terreno não lhe faltam.
Skyler Howes também deu um ar da sua graça tendo inclusivamente liderado a geral brevemente. Será um piloto a ter em conta para uma equipa oficial.
Relativamente aos portugueses Joaquim Rodrigues fez um Dakar de superação, regressando um ano depois do fatídico acidente com o seu cunhado Paulo Gonçalves, a uma prova e um local que de certeza lhe provocam terríveis memórias. J-Rod é um dos heróis desta edição do Dakar ao terminar na 11ª posição.
O seu colega de equipa Sebastian Bühler confirmou as enormes capacidades técnicas que possui para andar em cima de uma moto e levou a sua Hero até ao final com uma brilhante 14ª posição na tabela classificativa na geral.
Rui Gonçalves fechou o trio dos portugueses que se manteve em prova, naquela que era sua prova de fogo no Dakar. Pela primeira vez no deserto em ritmo competitivo, com pouca experiência em termos de navegação, o piloto de Vidago levou a sua Sherco até ao fim, mesmo com uma queda forte à mistura, mostrando a sua fibra de piloto de motocross premiada com uma entrada no Top 20 na 19ª posição da geral.
Alexandre Azinhais também se manteve no Dakar mas já fora da classificação geral depois de ter sofrido um problema mecânico que o tirou de prova. O piloto de Albufeira terminaria o Dakar inserido na Classe Adventure.