Tem que ser. Desde 2000 que a KTM não perde um Dakar, e desde 2013, quando regressou à prova, que a Honda persegue
Os japoneses surgiram pela primeira vez no Dakar em 1981, a terceira edição da prova que agora celebra o seu 42º aniversário, tendo para isso contratado o pequeno francês Cyril Neveu, vencedor nas duas primeiras edições e sexto no ano de estreia com a Honda. Com várias equipas de fábrica em competição a Honda só conseguiu a vitória em 1986 quando Neveu assinou o seu terceiro sucesso na prova e o primeiro da Honda, feito repetido nos três anos seguintes pela casa nipónica, sendo que a em 1989 a vitória foi alcançada com a NXR750, uma moto fantástica construída propositadamente para o Dakar. A Honda fechava a década com cinco vitórias.
Em 2013, e depois de 24 anos de ausência, a Honda regressou ao Dakar, utilizando nesse ano a CRF 450 Rally – uma moto baseada na comercial CRF 450X – com três pilotos (Hélder Rodrigues, Javier Pizzolito e Johnny Campbell aos comandos das mesmas e com todos eles a cumprirem com o principal objectivo da participação…estar na linha de meta no final da prova.
Em 2014, com uma moto completamente nova – e com muita mão de Hélder Rodrigues – e uma equipa mais homogénea e reforçada: Joan Barreda, Hélder Rodrigues, Paulo Gonçalves, Javier Pizzolito e Sam Sunderland. Barreda venceu em cinco especiais e Sunderland em uma, num total de seis vitórias que mostravam o potencial da moto, mas faltava algo mais que chegou no ano seguinte quando Paulo Gonçalves colocou a moto na segunda posição final do Dakar no final de uma corrida onde também Barreda discutiu a primeira posição. Neste Dakar Laia Sanz foi nona, o melhor resultado de sempre para uma mulher no Dakar.
Em 2016 o HRC regressou ao Dakar de forma oficial e mais uma vez Barreda abandonou quando era o primeiro. A vitória não chegava mas surgia uma nova estrela no pelotão: Kevin Benavides. O argentino foi quarto e o estreante Ricky Brabec era nono no final de um Dakar onde Paulo Gonçalves e Michael Metge abandonavam.
A travessia do deserto continuou ao mesmo ritmo que a KTM foi somando vitórias – não perdem o Dakar desde o ano 2001 – mas em 2020 tudo parece estar alinhado para que finalmente a Honda poderá trazer de volta o seu nome para o topo da classificação no Dakar terminando um jejum que dura desde 1989 quando Gilles Lalay venceu com a NXR800V. Curiosamente apenas a primeira vitória dos japoneses foi alcançada com um propulsor com apenas um cilindro, todas as restantes quatro foram conseguidas com o motor de dois cilindros em V que durante anos ’empurrou’ a mitica Africa Twin, moto que trouxe para o comum mortal a paixão pelo Dakar e a possibilidade de utilizar na estrada a moto que ganhava nas pistas em África.
É certo que ainda faltam dois dias…e no Dakar tudo pode acontecer…mas nunca como este ano a vitória esteve tão alinhada para os japoneses que, liderados por Ruben Faria, podem quebrar um jejum de trinta anos.
Vencedores Honda no Dakar
1989 – Gilles Lalay – NXR 800V
1988 – Edi Orioli – NXR 800V
1987 – Cyril Neveu – NXR 750V
1986 – Cyril Neveu – NXR 750V
1982 – Cyril Neveu – XR 550