Nos tempos que correm os veículos estão cada vez mais equipados com soluções electrónicas e telemáticas, como sejam o Bluetooth, GPS, Airbags, chamadas de emergência e-Call (em caso de acidente), chave de controle remoto e até mesmo aplicativos que permitem o controlo de dados e funções dos veículos através de dispositivos móveis. A chegada da rede 5G vai exponenciar a utilização dessas tecnologias, prevendo-se o surgimento de vários avanços exponenciais nas soluções destinadas à mobilidade para os próximos anos.
Com este advento tecnológico, o primeiro “veículo ciber-seguro” do mundo é uma moto, a eléctrica NUUK Cargopro, que, pela primeira vez na história, passou no teste que garante o selo de “veículo ciber-seguro” de acordo com os regulamentos UNECE / R155 e de acordo com o procedimento e metodologia ESTP desenvolvidos pela EUROCYBCAR, empresa de tecnologia com sede em Vitória- Gasteiz, Espanha.
A NUUK Cargopro é uma moto eléctrica monoposto, produzida em Espanha, destinada a transporte de cargas em circuito urbano. Oferece uma motorização de 6 Kw e conta com baterias de lítio fixas e carregador onboard. Possui uma autonomia de 100 km e uma velocidade máxima de 90 km/h.
A norma UNECE/R155 entrou em vigor em janeiro de 2021 e exige que carros, autocarros, camiões, furgões, reboques e autocaravanas sejam homologados também por este regulamento – a partir de julho de 2022 – e comercializados – a partir de julho de 2024 – na União Europeia e países aderentes.
Os regulamentos e as normas UNECE são administrados pelas Nações Unidas e o nome completo do organismo que os tutela é Comissão Económica das Nações Unidas para a Europa (UNECE – United Nations Economics Commission for Europe). O trabalho desta comissão não se limita, no entanto, aos países europeus, tendo participações de outras nações, incluindo os EUA e o Canadá, pelo que as suas recomendações são aplicadas em cerca de 50 países um pouco por todo o mundo.
Refira-se que sem a aplicação de normativos de ciber-segurança a veículos, estes ficarão suscetíveis a serem roubados ou manipulados remotamente. Um hacker pode por exemplo assumir o controlo da direção ou dos travões com intenção de causar danos, ou colocar em risco a vida das pessoas a bordo; ou ainda roubar informações pessoais do condutor. E tudo isso com o objetivo de espionar, chantagear, ou conduzir o utilizador do veículo a um destino perigoso e até, em última instância, atentar contra a vida deste.
Desde 2012, esses fenómenos criminosos foram formando parte da realidade: carros roubados remotamente, veículos “sequestrados” por recompensas em bitcoin, informações pessoais acedidas via Bluetooth durante a condução, acesso ao interior do veículo bloqueado, conforme se pode testemunhar por via de alguns casos reais em https://eurocybcar.com/en/real-cases.
Esta é uma das razões pelas quais a UNECE – Comissão Económica das Nações Unidas para a Europa – desenvolveu um padrão normativo de segurança cibernética para veículos.
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