Editorial Revista Motojornal nº1497
Com a chegada do outono, chegou também o frio e, com mais frequência, a chuva. Voltam a estar reunidos os ingredientes perfeitos para a “desgraça” que é como quem diz, para a desaceleração do sector, este ano mais difícil que outros anteriores. O motivo é a pandemia, que fez o mercado parar quase por completo entre Março e Abril. Mas com o desconfinamento e impossibilidade de muitos de nós podermos levar por diante aquela viagem programada com a família para o estrangeiro, foram muitos os que repensaram as prioridades.
Com isso assistimos a um aumento brutal de vendas no sector das duas rodas tanto no que a motos diz respeito, como no campo dos acessórios, onde para muitas empresas nacionais foram mesmo batidos diversos recordes de vendas. O forte crescimento do segmento das 125 cc confirmaram que as pessoas quiseram adotar medidas para evitar aglomerados, mas que também necessitaram de reorganizar-se para gastar o menos possível no dia a dia e, nesse âmbito, as motos são claramente a melhor opção.
Mas o final do ano estava para chegar e com ele trazer o tradicional abrandamento do sector. Contas feitas, o sector que bateu recordes de vendas sucessivos nos meses mais quentes, não conseguiu recuperar as perdas causadas pela pandemia e este final de ano, que até se esperava ser ligeiramente melhor que os anteriores, está a mostrar-se, novamente, difícil e com grandes perdas. Todos desejamos que 2020 chegue o mais rapidamente possível ao fim, sem querermos pensar no que os primeiros meses de 2021 nos reservam… vão continuar a ser meses de grande aperto para todos nós e o futuro continua muito incerto.
Tema impossível de ignorar nesta edição, pós GP de Portugal, é a vitória avassaladora de Miguel Oliveira no regresso do MotoGP a território nacional. Esqueçam a história de que tinha vantagem sobre todos os restantes rivais, porque ao nível em que estes pilotos estão, rapidamente atingem um nível de conhecimento dos traçados capaz de anular qualquer vantagem “caseira”. Uns habituam-se mais depressa que outros, mas reduzir o mérito do nosso Falcão a essa vantagem “caseira” é tudo mesmo correto! O que assistimos foi uma prestação só ao nível dos campeões, rodar naquela consistência ao longo de todas as voltas e sem cometer qualquer erro, foi algo raro de ver esta época e remete-nos para outros pilotos que têm dominado a seu belo prazer o campeonato do mundo. Digam o que disserem, o Miguel Oliveira tem tudo para ser campeão do mundo. O Miguel VAI ser campeão do mundo!
Para finalizar, dar conta do início de mais um teste de longa duração por parte da nossa redação, agora e de forma pioneira, pela primeira vez aos comandos de uma scooter elétrica. Este pretende ser um espaço no qual iremos muito além da experiência real no dia a dia, ao longo dos próximos meses, pois vai também ficar marcado por parcerias de peso que nos vão ajudar a fundamentar de forma científica alguns dados importantes como a real capacidade e desgaste das baterias, motor, entre muitos outros aspetos. Os “amarelos” estão agora mais “verdes”.