A aquisição de parte da Bimota pela Kawasaki Heavy Industries permitiu à icónica e irreverente casa de Rimini reestruturar-se e apresentar diversas novidades. A Bimota Tesi H2 deu início à revolução, seguindo-se mais recentemente a naked KB4 e a café racer KB4 RC, apresentadas no passado Salão de Milão EICMA. Agora que a marca italiana entra em “velocidade cruzeiro” e prepara novidades, a Kawasaki disponibilizou uma entrevista com Pierluigi Marconi, diretor geral de operações e o homem que lidera a Bimota.
Nascido em Rimini, Pierluigi Marconi juntou-se à Bimota em 1983. Foi diretor técnico e isso acabou por permitir que fosse nomeado Diretor de Projeto da Aprilia em 1998. Em 2001 ocupou esse mesmo cargo mas agora na Benelli, e quatro anos depois chegou a Vice Diretor Geral da Benelli Q.J., antes de ter regressado à Bimota em 2019 onde ocupa desde então a posição de diretor geral de operações.
Engenheiro de formação e criador em parceria com Roberto Ugolini da original Tesi 1D apresentada em 1990, Marconi tem estado bastante ocupado a liderar os destinos da Bimota. É a partir das oficinas em Rimini que nascem motos de intrincada engenharia e design disruptor.
E foi aí que Pierluigi Marconi falou sobre o que torna a Bimota numa marca tão diferente e o que espera para o futuro.
Aqui fica a entrevista completa a Pierluigi Marconi, diretor geral de operações da Bimota
– Qual é o significado de TESI, a primeira moto que criaste para a Bimota?
Pierluigi Marconi: Em italiano, TESI significa dissertação. Ou seja, o ensaio que os estudantes fazem para obter a sua graduação. Algumas pessoas chamam a isso de tese de graduação ou dissertação académica. Eu e o Roberto Ugolini apresentámos um novo conceito de moto enquanto terminámos o nosso curso na Universidade de Bolonha. É por isso que chamámos ao nosso primeiro protótipo TESI.
– Qual é a importância da perícia ou habilidade italiana no fabrico de motos?
Pierluigi Marconi: A perícia italiana é apreciada em todo o mundo devido às capacidades dos artesãos italianos, uma arte que tem milhares de anos. A Bimota sempre foi uma empresa centrada nessa perícia, porque desde as nossas origens fabricámos os componentes especiais necessários para criar as motos de alta performance com as nossas próprias mãos. Mesmo quando começámos a fabricar motos completas mantivemos a mesma ideia em torno dessa perícia. A vantagem de continuar a fabricar desta forma é que todas as Bimota são feitas e examinadas por pessoas, e por isso a qualidade pode ser vista em todos os detalhes. As motos Bimota são como gotas de água: parecem todas iguais, mas na realidade são todas um pouco diferentes umas das outras.
– Qual é a diferença dos motores Kawasaki para os de outros fabricantes?
Pierluigi Marconi: Essa é uma questão complicada. O mais importante aqui é que podemos começar o nosso desenvolvimento a partir de um motor Kawasaki já equipado com componentes eletrónicos e tecnologia avançada. Todas as suas características são modernas e as melhores que podemos encontrar no setor do motociclismo, permitindo uma performance ideal em estrada.
– Anunciaram a Bimota KB4 RC na EICMA 2021. Têm planos para apresentar uma nova versão da Tesi H2?
Pierluigi Marconi: Como foi possível verem nos esboços que mostrámos na EICMA, estamos a considerar diferentes possibilidades. Mas ainda é demasiado cedo para falarmos de coisas específicas. Esperamos que os nossos clientes desfrutem primeiro das suas Tesi H2 e KB4.
– Que tipo de motos espera a Bimota fabricar no futuro?
Pierluigi Marconi: A Bimota gostaria de entrar em diversos segmentos de mercado, mas sempre mantendo uma performance perfeita. Quando dizemos “performance perfeita” não significa que seja uma moto sempre com a potência máxima. Podemos estar a falar de uma moto com performance na travagem, na manobrabilidade, no peso, ou características inovadoras no chassis como acontece com a nossa Tesi. Ou simplesmente um chassis que seja para competição.
– A direção “hub center” apresenta uma série de vantagens. Quando e como é que surgiu esta ideia?
Pierluigi Marconi: Desde jovem, nunca percebi porque é que o quadro que liga a roda traseira à dianteira tem de ter quase um metro de comprimento. Porque é que não podíamos fazer essa ligação o mais curta possível? Podíamos separar as funções de direção e suspensão? Foi assim que surgiu este conceito para a TESI.
– O que achas que faz com que uma moto seja a ideal?
Pierluigi Marconi: Independentemente de como a moto se comporte, o design tem sempre de se basear em requisitos técnicos.
– Por último, tens alguma mensagem para os fãs da Bimota?
Pierluigi Marconi: Claro que sim! Estamos a trabalhar imenso para fazer felizes todos os fãs da Bimota com os nossos novos modelos. Com os dois modelos mais recentes acreditamos que conseguimos surpreender os fãs, e o nosso objetivo será continuar a surpreender enquanto andamos para a frente. A revolução Bimota vai continuar!