Texto Fernando Pedrinho Martins e Domingos Janeiro • Fotos Hellophoto – Miguel Araújo –
Um presidente bastante executivo
Mas voltemos ao teu cargo. O papel de um Presidente da FIM é verdadeiramente executivo, ou essa tarefa cabe somente às comissões e promotores? Neste momento eu sou um presidente bastante executivo! (risos). Eu estou a rir porque sou mesmo… não tenho nada que ver com os antigos presidentes. Podia ter uma presidência perfeitamente descansada. O Zerbi ia uma vez por mês à Suíça… entregou aquilo ao diretor geral. O Vaessen geria por telefone. O Vito Ippolito estava em Genebra mas não intervinha em nada. Eu, de facto, sou um presidente executivo.
Mas já referiste que tens uma boa relação com a ‘Dorna’. Como é com as comissões? Tu impões-lhes a tua visão? Vamos lá ver: a FIM tem comissões desportivas e não desportivas. Velocidade, Motocrosse, Trial e por aí fora. As comissões estavam reduzidas ao papel de figurantes: iam às provas, participavam nos júris, mas não decidiam absolutamente nada. Foi uma das coisas que eu prometi, cumpri e que é bastante política: voltar a dar importância às comissões e aos seus diretores. Eles estavam completamente arredados da relação com a direção e agora vêm às nossas reuniões de preparação de época e tenho uma relação muito boa com todas elas.
Tens ainda pouco tempo à frente da FIM para que se vejam muitos projetos concretizados da tua visão, mas lembro-me de estar em Jerez da la Frontera e do teu anúncio, com bastante orgulho, da FRHP sobre a homologação de capacetes para competição. O que é nós podemos esperar nesta área? Vamos continuar com esse programa ainda mais ativo, pois é importantíssimo para nós. Enquanto a FIA quer homologar capacetes como fazem a Snell ou os governos dos diferentes países, nós não queremos ir por aí. Queremos, sim, agarrar na homologação existente do capacete e pedir testes ainda mais exigentes.
Actualmente, todos os fabricantes importantes estão a passar nos testes, apesar do episódio caricato passado num ‘MotoGP’ recente, em que os pilotos de uma marca correram com os de outra, pois os capacetes da primeira não haviam passado nos testes. Há pouco tempo estive na Arai, cujo dono vamos homenagear na próxima gala da FIM, e vi como são feitos estes testes. Podemos dividir as ações que temos vindo a tomar entre internas – que não vêm a público e são meramente de reorganização, como a fundação que vamos criar para captar recursos para tudo o que é não desporto, como as academias ou a promoção das mulheres no motociclismo, sustentabilidade e outras mais. Outro exemplo foi a passagem do campeonato do mundo de trial para a alçada da FIM, depois de termos terminado o contrato com o promotor, pois esta modalidade estava com problemas enormes.
Como a Supermoto? Voltámos a confiar no anterior promotor, o mesmo que fez a prova de Montalegre. Mas o supermoto resulta se fores ter com o público. Já se organizou um Supermoto das Nações aqui em Portimão e ninguém veio ver. Há promessas de se fazer uma corrida no Brasil e na Ásia, mas esta é uma modalidade menor. As outras modalidades estão a ir muito bem e a velocidade, como nunca. No Estoril vamos fazer uma corrida de ‘Super Sides’, que é muito gira, e somos nós que a promovemos.