Texto Fernando Pedrinho Martins e Domingos Janeiro • Fotos Hellophoto – Miguel Araújo –
Mudanças nas ‘Superbike’
E as ‘Superbike’? Temos andado a trabalhar com a ‘Dorna ‘muito intensamente para… um dia hão de ver. Eu não posso dizer mais do que isto (risos). A nossa ideia é tentar melhorar, para ser politicamente correto.
O regulamento técnico poderá seguir os ditames da MotoGP em que o diâmetro máximo dos cilindros é definido? Não! Um dia vão ver, não se esqueçam do que estou a dizer. E quanto falta para esse dia? Eu queria ver se ainda este ano conseguíamos anunciar uma coisa gira… mas muito diferente. O que gostava que acontecesse é que houvesse uma diferenciação evidente entre as ‘Superbike’ e a ‘MotoGP’. Acho que os produtos só têm sucesso se tiverem a sua personalidade própria e forem bem diferenciados.
Nalguns países e públicos que não conhecem bem estas modalidades, não entendem que uma ‘MotoGP’ é um protótipo e a ‘Superbike’ é um protótipo derivado de série, vamos dizer assim. Mas não há grande diferenciação e em muitos circuitos fazem praticamente o mesmo tempo. O espírito das ‘Superbike’, quando nasceram em 1988, não é o actual. Na era da Flamini tentaram ‘canibalizar’ este espírito para se aproximarem das 500cc do Mundial de Velocidade, até que a ‘Dorna’ comprou o campeonato, claramente para afastar a concorrência. Temos que dar um tratamento melhor às ‘Superbike’, que acho terem um potencial enorme e merecem desenvolver-se.
Eu perguntei ao diretor de comunicação do Circuito de Jerez de la Frontera o porquê do afastamento dos espanhóis das ‘Superbike’, mas ele disse-me que a proximidade desta fórmula com o seu público é algo de muito especial e único. Podemos inferir das tuas palavras que a motos passarão por um ‘downgrade’ técnico? Não! Mas eu vejo as ‘Superbike’, como o nome indica, como a montra das motos! Ou seja, um consumidor quer uma moto e gosta de ver aquela moto que ele vai comprar a correr. E uma coisa é imitar e outra é saberes que é a tua moto que está ali a correr, com as devidas distâncias.
Mas isso passa por remeter as ‘Superbike’ para uma classe ‘Superstock’? Pode ser uma das soluções… Mas é mais do que isso, depois vais ver. Vai ser uma coisa muito engraçada. Ainda não vai ser para o ano, mas em principio em 2021.
E a ‘MotoGP’? É a modalidade mais visível, o culminar do trabalho de ‘montanhas’ de coisas e, de longe, a disciplina que é mais conhecida e toda a gente gosta. Antes do Miguel Oliveira alguma vez entravas num café e vias a televisão ligada a dar a corrida de ‘MotoGP’? Era totalmente impensável! E o público discute se ele deveria estar ou não na KTM… mandam ‘bocas’, que está a perder tempo, que já é piloto oficial…
Eu nestas coisas tento sempre trabalhar nos bastidores, já no tempo do Rúben Faria e do Hélder Rodrigues, para o Dakar, tentava sempre metê-los nas equipas, enfim… fiz aquilo que podia. Eu dou-me muito bem como Hervé Poncharal e o chefe de mecânicos da Tech 3, o Guy Coulon (foi ele que me ofereceu o amortecedor da minha TZ) e falo muito com o Miguel Oliveira, mas acredita que há gente que me vem afirmar todo o tipo de coisas e teimam sobre assuntos referentes a ele e à equipa, porque têm alguém que ‘sabe muito’ do assunto… Eu sorrio e digo: bom já sabe mais do que eu.