Sob o intenso calor que voltou a fazer-se sentir em Brno, Andrea Dovizioso quebrou um jejum de quase dois anos. O piloto italiano alcançou a pole position para o GP da República Checa. Desde o GP da Malásia de 2016 que Dovi não alcançava a pole. «É importante, claro, mas não sou piloto de perseguir a pole, não é o meu estilo», dizia o piloto da Ducati depois de ter assegurado a sua sexta pole em MotoGP e a 19.ª da carreira.
Nos treinos livres tinha sido Valentino Rossi a conseguir o melhor tempo. O piloto da Yamaha melhorou nos momentos finais, subindo de 11.º para primeiro e evitando passar pela Q1. Da primeira qualificação avançaram Maverick Viñales (11.º nos treinos livres) e Alex Rins. Álvaro Bautista esteve quase a bater o piloto da Suzuki, mas caiu perto do final da sua volta rápida.
Na Q2 Jorge Lorenzo e Marc Marquez passaram pela liderança, mas seria Andrea Dovizioso a batê-los para conseguir a pole, dizendo que a sua Ducati respondeu a tudo o que ele lhe foi pedido. «Quando vi o tempo intermédio pensei que estava errado», disse Dovi mais satisfeito com o tempo que alcançou do que com o facto de ter conquistado a pole.
Num fim-de-semana difícil, mais uma vez à procura da aderência que desaparece depois das primeiras voltas, Valentino Rossi conseguiu um lugar na primeira linha da grelha de partida.
Clima azedo na box de Viñales
Sorte diferente teve o seu companheiro de equipa. Maverick Viñales disse ter tomado a decisão errada ao guardar o pneu mais duro para a Q2 e ter usado o médio na Q1. «Afinal foi ao contrário, senti-me melhor com o médio, com o duro era muito difícil puxar», queixou-se o espanhol. O clima dentro da box de Viñales está longe de ser o ideal. Está confirmado que no final do ano Roman Forcada deixará de ser o chefe técnico de Viñales. O veterano técnico – no paddock desde 1989, e com vários títulos no bolso… – ficou desagradado com o facto de não ter sido o piloto a dizer-lhe, mas sim a equipa. Em especula-se que, por isso, a relação pode não durar até ao final do ano, e Forcada poderá deixar já o seu cargo depois deste GP. Viñales não dúvida das capacidades de Forcada, o problema é que a relação não funciona, não houve entrosamento. Maverick Viñales preferiu chamar Esteban Garcia, actualmente a trabalhar com Bradley Smith na KTM. Foi com Garcia que Viñales conquistou o título de Moto3 em 2013.
Marc Marquez qualificou em terceiro, e na sessão anterior, na FP4, demonstrou ter o melhor ritmo de corrida de todo o pelotão. É, de novo, um sério candidato à vitória, mas o calor e, consequentemente, os pneus, serão preponderantes na corrida deste domingo.
Todos os resultados aqui.
1. Andrea Dovizioso – Ducati Team (1’54.689)
«Até agora tem sido um fim-de-semana quase perfeito. Começámos bem e isso permitiu-nos trabalhar calmamente para a corrida e chegar competitivos à qualificação. Mais do que a pole position, que é importante, estou muito satisfeito com o tempo que fiz. Não esperava alcançar este tempo por volta, mas quando os outros começaram a puxar forte percebi que a minha moto estava muito rápida e puxei também. A Desmosedici respondeu bem e consegui estabelecer um tempo extraordinário. Para a corrida não será fácil perceber quem estará numa boa posição, mas tenho boas sensações.»
2. Valentino Rossi – Movistar Yamaha MotoGP (1’54.956)
«É verdade que foi muito difícil com estas altas temperaturas. Sabia que podia ser competitivo com um pneu novo, porque já esta manhã tinha feito uma boa volta. Esta tarde consegui melhorar. Consegui puxar um pouco mais e pilotei no limite na travagem e na entrada. Uma volta em 1’54.9 é muito boa. Estou muito feliz, especialmente com esta temperatura! Para a corrida de amanhã será importante começar da primeira linha. O meu ritmo de corrida não é fantástico, depois de algumas voltas começo a sofrer, mas tentaremos».
3. Marc Marquez – Repsol Honda Team (1’54.961)
«Esta manhã já nos tínhamos apercebido que com a configuração que tínhamos escolhido perdíamos um pouco quando montávamos pneus novos, enquanto que com pneus usados me sentia muito mais cómodo. De qualquer forma, uma primeira linha é um resultado muito positivo nesta pista. Estamos a ser consistentes este fim-de-semana, pelo que decidi não atacar no final da sessão, o que teria sido um pouco arriscado. Estou especialmente com o ritmo de corrida, a pouco e pouco fomos melhorando ao longo do fim-de-semana.»
4. Jorge Lorenzo – Ducati Team (1’55.038)
«Hoje estou satisfeito porque conseguimos dar a volta à nossa situação de ontem. As alterações que fizemos na moto resultaram esta manhã, encontrei a moto mais fácil de pilotar e pude rodar com maior confiança, utilizando a nova carenagem que ajudou nesse sentido. O que é mais importante é o passo em frente que demos: ficámos muito próximos da primeira linha e arrancamos de quarto, que é uma boa posição. Para amanhã será muito importante escolher o pneu certo e ter uma ideia de onde podemos terminar a corrida.»
5. Cal Crutchlow – LCR Castrol Honda (1’55.055)
«De um modo geral estamos numa situação complicada, porque o potencial não é mau. Trabalhámos no programa que tínhamos agendado para o dia, o resultado final foi bom e fiquei satisfeito com o que fizemos. Se conseguirmos continuar a trabalhar assim e progredir amanhã ficarei feliz. Tenho um bom ritmo e estou satisfeito. O calor não é nada bom porque, como sabemos, a Honda é uma moto que exige muito fisicamente . Hoje senti-me bem na moto, estou em forma e sinto-me competitivo, mas quando estamos numa batalha com oito pilotos, poque ficar muito quente.»
6. Danilo Petrucci – Alma Pramac Racing (1’55.203)
«Trabalhámos muito na afinação, hoje. O problema na FP4 criou outros problemas, mas estou satisfeito com a segunda linha da grelha. O meu objectivo é estar entre os cinco primeiros, embora seja difícil com este calor. Tentaremos.»