Em Mugello parece ter aparecido o ‘velho’ Jorge Lorenzo, que foi finalmente capaz de alcançar a vitória com a Ducati. E foi uma vitória ‘à Lorenzo’: arrancou melhor do que toda a gente, assumiu o comando da corrida. Ninguém lhe pôs a vista em cima até ao final.
A última vitória de Jorge Lorenzo foi com a Yamaha, no GP de Valência de 2016. Foram precisos 24 grandes prémios para conseguir a primeira vitória com a Ducati. Como surgiu o domínio de Lorenzo nesta corrida? O espanhol atribui o feito por um lado ao novos componentes que a Ducati levou para Jerez, mas especialmente a um novo depósito. Este novo componente dá mais apoio a Lorenzo em travagem, poupando assim energia e evitando o cansaço que sentia antes. Esse cansaço fazia-o perder o ritmo ao fim de poucas voltas, o que deixou de acontecer. Apesar de ter optado por pneus mais macios que Dovizioso, Lorenzo diz ter adaptado o seu estilo para a corrida, e isso contribuiu para poupar os pneus.
Marquez de fora
Marc Marquez fez também um bom arranque e depois de um encosto na primeira volta a Danilo, instalou-se na segunda posição. Mas não durou muito tempo, pois caiu à quinta volta. O espanhol perdeu a frente, quase que conseguia uma das suas miraculosas recuperações, mas acabou no chão. «Foi difícil sentirmo-nos cómodos com os pneus ao longo do fim-de-semana, mas hoje nem estava a sofrer tanto. Por outro lado, de forma inesperada, porque não estava a forçar, perdi aderência à frente e caí», explicou o espanhol. Marquez regressou à corrida, mas terminou fora dos pontos. «Mas ainda temos 23 pontos de vantagem», explicou Marc. «No ano passado por esta altura estávamos 37 pontos atrás do líder», não parecendo muito preocupado com a situação do campeonato.
Andrea Dovizioso demorou algumas voltas a chegar à segunda posição, mas depois de lá chegar, cedo ficou sozinho. Também ele se queixou dos pneus, tal como Valentino Rossi. Se Dovi esteve grande parte da corrida isolado, Valentino Rossi teve batalhas com pilotos diferentes; teve que lidar com Petrucci e Alex Rins, mas o mais difícil parece ter sido Iannone. No final, depois de garantir o 3.º lugar, Rossi estava tão emocionado quanto no dia anterior ao conquistar a pole: «Os 10 minutos que passamos no pódio em Mugello, quando o conseguimos alcançar, diante deste público compensam todo o esforço o que temos que fazer durante o ano, todo o trabalho, todas as viagens», disse no final.
Fora do pódio
Iannone teve que conformar-se com o 4.º lugar, na frente de Rins. Petrucci seria ainda batido por Cal Crutchlow, e o italiano não estava nada satisfeito.
«Comecei muito bem da segunda fila, mas o Marquez empurrou-me para fora da pista. Tenho que ser honesto, estou muito zangado porque trabalhámos muito ao longo do fim-de-semana», desabafou Petrux. Depois do toque de Marquez, o italiano conseguiu recuperar, chegou a rodar em 3.º, mas no final cruzou a meta em 7.º.
Dani Pedrosa caiu logo no início, depois de um toque na roda traseira de Alvaro Bautista e acabou por levar Takaaki Nakagami consigo.
Marquez mantém a liderança do campeonato, com 23 pontos de vantagem sobre Valentino Rossi, que subiu para 2.º. Maverick Viñales desceu para 3.º, depois de ter sido 8.º na corrida, também ele a queixar-se dos pneus: «Quase caía em todas as curvas nas primeiras voltas. Mas depois fui um dos mais rápidos a partir da 10.ª volta. Destruí o pneu dianteiro e não consegui chegar ao pódio», explicou o espanhol da Yamaha.
Todas as classificações do GP de Itália aqui.
1. Jorge Lorenzo – Ducati Team (23 voltas em 41’43.230)
«No último ano e meio fui muito criticado, sofri muito, muitas, muitas hora de trabalho árduo com o meu treinador e todo o meu pessoal… e finalmente chegou. Foi um sonho que alcancei com determinação. Finalmente consegui os componentes que me deram esta confiança e demonstrei que o que disse era verdade e consegui a primeira vitória com a Ducati.
«Sinto-me melhor do que nunca com esta moto. Fisicamente tenho mais energia para manter um ritmo mais constante durante mais voltas com esta alteração no depósito. Estava preocupado com o pneu dianteiro, e mudei a minha pilotagem para poupar o pneu. Fiz a maior alteração de estilo de pilotagem dos treinos para a corrida da minha e funcionou; no final olhei para o pneu dianteiro e estava melhor do que eu esperava. Finalmente usei a mente, concentrado em não cometer erros e tive a energia para continuar a puxar até à última volta.»
2. Andrea Dovizioso – Ducati Team (a 6.370 s)
«Durante a corrida perdi a frente muitas vezes. Depois da queda do Marc, mas especialmente depois de ter perdido tantas vezes a frente e depois do que aconteceu em Le Mans, pensei em muitas coisas. Tentei apanhar o Jorge, mas eu estava mais lento na primeira parte da travagem e a meio das curvas. Tentei mudar a trajectória, mas ninguém tinha grande aderência na traseira, e não podia fazer nada importante que mudasse as coisas. Acho que ele fez uma muito boa corrida, geriu muito bem o pneu dianteiro médio e o traseiro macio.
«Tomámos a decisão errada em relação ao pneu dianteiro [duro assimétrico] porque normalmente sou um dos melhores a poupar o pneu dianteiro, por causa do meu estilo de pilotagem e pelas características da Ducati; mas não queríamos correr riscos. Na FP4 fui rápido com o pneu duro, mas talvez a temperatura tenha piorado as coisas. Vi o Valentino a perder várias vezes a frente e ele tinha o mesmo pneu que eu. Esse foi o ponto negativo para mim. Temos que olhar para o positivo. Primeiro e segundo para a Ducati, é incrível em Mugello, no campeonato fiquei um pouco melhor e fazer um pódio era um objectivo.Nas últimas três corridas, em pistas diferentes, estivemos sempre na luta pela vitória, e isso é o mais importante.»
3. Valentino Rossi – Movistar Yamaha MotoGP (a 6.629 s)
«Foi uma corrida muito dura, porque tivemos que sair com o pneu mais duro, e que sabíamos que não no ia dar muita aderência, por isso a corrida foi difícil. Tentei não cometer erros, o que foi difícil, e tentei também não perder o contacto com os pilotos que lutavam pelo pódio. No meu grupo os pilotos tinham o pneu mais macio, por isso eu esperava ter um pouco mais de aderência do que eles no final. De facto, foi exactamente assim, por isso estou muito contente, porque o pódio era o meu objectivo. Foi difícil consegui-lo até mesmo à última volta, porque o Iannone não desistiu, e foi uma grande emoção aqui em Mugello.»