O regresso do Mundial de Velocidade a Portugal ficou marcado pela vitória histórica de Miguel Oliveira. E não foi uma vitória qualquer, foi uma vitória contundente, sem qualquer oposição.
Depois de ter sido um dos mais rápidos nos treinos livres e de ter conquistado a sua primeira pole, era claramente um dos favoritos à vitória. O que ninguém esperava era o domínio avassalador do piloto português na sua última corrida com as cores da Reb Bull KTM Tech 3.
O ritmo que Oliveira imprimiu na corrida foi fora de série. Foi uma autêntica laranja mecânica: a diferença entre a sua volta mais rápida e a mais lenta (já na fase final da corrida, nas últimas quatro voltas, em velocidade de cruzeiro a caminho da meta) foi de 0,846 s. Se excluirmos essas últimas voltas, a diferença é de menos de meio segundo. Apenas ele e Jack Miller conseguiram rodar em 1’39; a diferença é que o australiano o fez uma única vez, enquanto que o Miguel o fez em cinco voltas, sendo consistentemente o piloto mais rápido em pista. E foi isto. Depois da partida, os rivais só o voltaram a ver no parque fechado. Oliveira terminou o campeonato em nono, a 14 pontos do terceiro classificado, Alex Rins!
«Sem correr muitos riscos»
«Sabia que tinha um bom ritmo de corrida, mas tal como afirmei perante todos no Sábado a corrida seria algo imprevisível na sua segunda metade quando ao desgaste dos pneus», disse Oliveira. «De forma surpreendente continuei a rodar no segundo 1’40.1 e 1’40.2 de forma fácil e sem correr muitos riscos, os pneus aguentaram-se muito bem. Nas derradeiras cinco voltas comecei a pensar em muitas coisas, por isso decidi perder um par de décimas de segundos e tentai apenas aproveitar o mais possível, nessa altura, para ser sincero, queria apenas terminar a corrida rapidamente. Acabei por liderar todas as voltas de corrida, foi uma boa experiência para mim, diverti-me imenso na moto e mesmo com alguma pressão sobre mim consegui lidar da melhor forma com a mesma e isso é o mais importante».
Depois de ter rodado toda a corrida em segundo, Franco Morbidelli foi surpreendido por Jack Miller no final da corrida e perdeu essa posição. Mas isso não impediu o italiano de conquistar o vice-campeonato.
Lembram-se do piloto que mais vitórias conseguiu na fase inicial do campeonato, que liderou? Fabio Quartararo teve uma segunda metade da época para esquecer, e o GP de Portugal não foi excepção. Primeiro teve um problema na grelha de partida com o dispositivo de ‘holeshot’, e depois começou a sofrer com ‘arm pump’, o que acontece pela primeira vez desde que foi operado por este motivo. O francês terminou a época em oitavo na tabela dos pontos.
Quartararo na na mó de baixo
Fim-de-semana para esquecer teve também o já campeão do Mundo. Joan Mir obteve a sua pior qualificação do ano, 20.º, e depois na corrida deu um toque em Pecco Bagnaia. Desse toque acabou por resultar o abandono de ambos. Pecco Bagnaia recebeu esse impacto no braço e ombro direito e sucumbiu à dor insuportável. Por outro lado, depois do contacto, a Suzuki de Mir começou a manifestar problemas electrónicos e o piloto espanhol teve que parar.
O GP de Portugal foi também hora de despedida para vários pilotos. Após 10 anos na categoria rainha Cal Crutchlow arruma as botas. Deixa o campeonato, mas não desaparecerá totalmente. Passa a ser o piloto de testes da Yamaha.
Andrea Dovizioso decidiu-se por um ano sabático – que poderá transformar-se numa retirada? Tito Rabat é outro dos pilotos que não voltaremos a ver no próximo ano no paddock de MotoGP.
Últimos campeões
Foi Enea Bastianini quem alcançou o título de Moto2. A festa do italiano ofuscou a primeira vitória de Remy Gardner, que bateu Luca Marini e um surpreendente Sam Lowes. A correr com dois ossos fracturados na sua mão, o britânico assegurou ainda assim um pódio na última corrida do ano.
A Bastianini bastou o quinto lugar na corrida para se sagrar campeão, antes de rumar à categoria rainha em 2021.
Em Moto3, Albert Arenas segurou a vantagem, mas por pouco. Foi 12.º na corrida, o que bastou para se sagrar campeão, mas com apenas quatro pontos de vantagem, numa corrida carregada de emoção. Foi Raul Fernandez que aviou um ‘bilhete’ a toda a gente para vencer com seis segundos de vantagem, na frente Dennis Foggia – que cumpriu uma penalização de dupla volta longa! – e Jeremy Alcoba a completarem o pódio.
A temporada está terminada, e o Autódromo Internacional do Algarve foi o palco perfeito. De tal modo que estará de volta para o ano, provavelmente em Abril…