A Dorna anunciou hoje que o Brasil regressará ao calendário do Mundial de Velocidade em 2022. Assinou um contrato com a Rio Motorsports, promotora do GP do Brasil, por cinco anos. O GP será realizado no Rio Motorpark, um circuito localizado em Deodoro, no Rio de Janeiro.
O Brasil recebeu o seu último grande prémio em 2004, no circuito Nelson Piquet, em Jacarepaguá.
Porém o circuito carioca das margens da lagoa Jacarepaguá já não existe. Parte desapareceu a partir de 2005, para dar lugar aos recintos desportivos para os Jogos Pan Americanos de 2007; com a construção do Parque Olímpico do Rio de Janeiro, que albergou a XXXI Olimpíada, em 2016, desapareceu o resto.
Ainda não existe circuito para o GP do Brasil
O que também não existe é o Rio Motorpark, o circuito para receber o GP do Brasil entre 2022 e 2026. A construção do novo circuito, também conhecido como Autódromo de Deodoro, está envolta em grande polémica, por várias razões.
A sua construção está prevista para uma zona de floresta, a Floresta de Comboatá. A obra obrigaria ao abate de vários milhares de árvores; isto originou um movimento de várias organizações ambientalistas contra a construção da infra-estrutura.
Para além disso, todo o processo de adjudicação da construção do circuito parece um pouco obscura, segundo a imprensa brasileira.
O responsável pela Rio Motorsports é o empresário brasileiro José Antônio Soares Pereira (conhecido como JR Pereira); ele é também sócio da empresa que elaborou o concurso para a construção do circuito. E depois constituiu a Rio Motorpark Holding S.A. 11 dias antes da abertura do concurso, ganhando – sendo a única concorrente – a concessão por 35 anos, por de cerca de 155 milhões de euros.
Muitos duvidam da construção do circuito
Segundo a Agência SportLight – Agência de Jornalismo Investigativo, JR Pereira, assim que o concurso abriu foi recebido por membros do governo brasileiro, como presidente e CEO da Bravo Industries, uma empresa americana – com sede no Delaware, um paraíso fiscal – que adquiriu a empresa brasileira Consub Soluções em Tecnologia.
Esta vende material militar ao Ministéio da Defesa brasileiro, que é também responsável pelo terreno onde deverá ser construído o circuito, indiciando ligações privilegiadas e pouco transparentes. A SportLight faz ainda a ligação de JR Pereira com a máfia russa na lavagem de dinheiro no Chipre através de uma das suas empresas com sede naquele país.
Em suma, apesar do contrato assinado com a Dorna, muitos duvidam da construção do circuito e do regresso do Mundial ao Brasil. Recentemente já houve outro circuito que ficou pelo caminho, mas por razões diferentes, o Circuito de Gales; tinha estreia marcada para o Mundial, mas em meados de 2017 foi o projecto foi congelado por falta de financiamento.