História 100.º Aniversário Suzuki

Depois de ter fabricado o seu primeiro tear em 1909, o carpinteiro Michio Suzuki fundou a Suzuki Loom Manufacturing Co., uma empresa especalizada no fabrico de teares. Depois de ter revolucionado a industria têxtil com uma solução inovadora, a empresa de Suzuki tornou-se mais conhecida pelas motos, e também pelos carros.

Texto Vitor Martins • Fotos Suzuki e Arquivo Motojornal

 Um século de história

Michio Suzuki (1887-1982)

Michio Suzuki nasceu a 18 de Fevereiro de 1887 numa pequena localidade perto de Hammamatsu, na perfeitura de Shizuoka. Era uma região de agricultores, que cultivavam algodão e alimentavam a indústria têxtil local. Depois de ter trabalhado no campo com a família, desde os sete anos de idade, aos 14 passou a ser aprendiz de carpinteiro.

Quando Rússia e Japão entraram em guerra, em 1904, para disputar territórios da Machuria e Coreia, Suzuki e o seu mestre passaram a fazer manutenção dos teares da região. Quando em 1908 terminou a sua aprendizagem, passou a tomar conta da quinta de bichos da seda da família, mas que rapidamente transformou numa pequena oficina de construção e reparação de teares.

Em 1909 fundou a Suzuki Loom Works. Tecer padrões quadrados ou axadrezados era complexo, e exigia muito tempo, mas em 1911 Michio inventou um sistema que, levantando e baixando as lançadeiras do tear, tornava mais fácil obter esse tipo de padrões no tecido. Foi uma invenção revolucionária para a industria têxtil e que consolidou o negócio do jovem empreendedor. Sem que a sua empresa fosse muito afecta pela I Guerra Mundial, o negócio de Michio Suzuki floresceu, e a 15 de Março de 1920 transformou a companhia numa sociedade por acções, e passou a chamar-se Suzuki Loom Manufacturing Co. e continuou a inovar na indústria têxtil. Era o nascimento da Suzuki que evoluiu para a empresa que conhecemos hoje. O plano de Michio Suzuki era expandir e diversificar o negócio para outras áreas, e os automóveis eram um dos seus sonhos.

Os primeiros protótipos de um automóvel Suzuki surgiram pouco antes de eclodir a II Guerra Mundial. Com o país devastado pela guerra, e as suas fábricas destruídas pelos bombardeamentos, a empresa de Suzuki beneficiou da ajuda americana no pós-guerra à indústria têxtil japonesa. Porém, à medida que o Japão ia recuperando, ia diminuido a pocura por novos teares, e a Suzuki passou por dificuldades até ao início dos anos ‘50.

Suzuki Power Free

Apesar do sonho ser o automóvel, o primeiro veículo da Suzuki acabou por ser uma moto. Na verdade, uma bicicleta motorizada, a Power Free, com um motor auxiliar de 36 cc. Tornou-se rapidamente num grade sucesso e um ano seguinte, em 1953, surgiu o segundo modelo, a Diamond Free, com motor de 60 cc; com 2 cv, era mais potente que os modelos da concorrência, e atingiu 150% da produção inicialmente prevista.

Suzuki Diamond Free (1953)

Com as Power Free e Diamond Free a venderem como pãezinhos quentes, a empresa voltou a mudar de nome. Em 1954 passou a chamar-se Suzuki Motor Co., e pouco depois nascia o primeiro carro da marca, o Suzulight, em 1955.

Primeiro automóvel Suzuki (1954)

A partir daí a marca estava lançada. Em 1958 o S estilizado passou a ser o logótipo oficial da marca.

No início da década de ‘60 aconteceu a primeira participação na competição internacional, no TT da Ilha de Man em 1960. Depois disso a Suzuki comprou tecnologia nazi desenvolvida pelo engenheiro Walter Kaaden para a MZ, ao alemão Ernst Degner, quando este desertou da Alemanha de Leste. A nova tecnologia de motores a dois tempos deu um grande impulso à Suzuki, e seria o próprio Degner a dar a primeira vitória à marca japonesa, no TT da Ilha de Man de 1966. Mas nesta altura Michio Suzuki já se tinha afastado da presidência da empresa e desde 1957, com 70 anos, que era ‘apenas’ membro do conselho consultivo da empresa. Foi com os motores a dois tempos que a Suzuki construiu o seu sucesso comercial até meados dos anos ‘70.

Suzuki GT750 Le Mans (1974)

Em 1971 a tricilíndrica GT750 Le Mans foi a primeira moto japonesa com motor de refrigeração por líquido, ficando conhecida, por isso, como Water Buffalo, ou Búfalo de Água. Em 1976 foi lançada a GS750, a sua primeira moto com motor a quatro tempos dos últimos 20 anos. Começava uma nova era, mas a gama da marca japonesa continuava a ter motos a dois tempos, não apenas de baixa cilindrada, mas motos performantes como as RG 250 e RG500.

Em 1965 ampliou o negócio para os motores fora de borda, e em 1970 apresentou o seu primeiro carro eléctrico, que operou como viatura de serviço na Exposição Mundial de 1970 em Osaka.

Em 1971 passou a construir também motos de neve, e 1975 fabricou a primeira moto com motor rotativo Wankel, a pouco conhecida RE-5. Esta, à semelhança do carro eléctrico, foi desenhada por Giorgetto Giugiaro. Apesar da sua boa maneabilidade, era cara e menos potente que a concorrência, e por isso a sua produção durou apenas dois anos.

Foi depois da morte de Michio Suzuki, em 1982, aos 95 anos de idade, que começou a era das GSX-R, as modernas desportivas da marca japonesa.

 

Suzuki GSX-R750 (1985)

A GSX-R750 foi a primeira a ser lançada, em 1985, com um motor de quatro cilindros em linha, a quatro tempos refrigerado por ar e óleo quer seria durante muitos anos a imagem de marca da casa de Hammamatsu. Outra característica era o minimalista quadro em alumínio e as jantes de 18 polegadas. A esta seguiu-se a GSX-R 1100 em 1986 e a GSX-R 600 em 1992. Com a 750 no mesmo ano foram as primeiras GSX- -R com motor de refrigeração por líquido.

Suzuki GSX-R 1000 (MY 2001)

A GSX-R 1000 surgiria mais tarde, em 2000. Mas antes outros modelos fizeram história, como a poderosa – e para muitos eterna – GSX-R 1300 Hayabusa, ou a bicilíndrica em V TL 1000 nas suas várias versões; no mercado português houve modelos muito populares, como a GS 500E de dois cilindros paralelos lançada em 1985, ou a GSF 600 Bandit, de quatro cilindros em linha, lançada em 1995.

Em 1990, produzindo carros, motos e motores fora de borda, a empresa japonesa voltou a alterar a sua denominação e passou  a chamar-se Suzuki Motor Corporation.

Em 2015 a Suzuki regressa à competição ao mais alto nível no MotoGP

Na competição foi muito bem sucedida no Mundial de Resistência com a Suzuki Endurance Racing Team, que somou numerosas vitórias e títulos mundiais. No Mundial de Velocidade chegou ao título de 500 cc com Kevin Schwantz, em 1993 e repetiu em 2000, com Kenny Roberts Jr.. Já neste século, a Suzuki alegou questões financeiras para abandonar MotoGP, em 2012, mas regressou em 2015, e nos últimos anos a GSX-RR evoluiu o suficiente para chegar ao pódio e às vitórias. Na última década têm faltado novidades no catálogo do construtor japonês, que tem confiado nos seus tradicionais modelos.

Suzuki Katana 2018
Suzuki Katana (2019)

No ano passado a Suzuki recuperou um dos seus nomes históricos e lançou uma nova versão da Katana, inspirada na original do início da década de ‘80.