História dos 60 Anos SIDI

Para o fundador da marca, Dino Signori, parece que foi ontem que decidiu transformar um pequeno armazém, numa fábrica de calçado artesanal. Nessa altura, estava longe de pensar que o negócio ganharia estas proporções e que 60 anos depois, a SIDI estaria entre as melhores empresas do mundo de calçado técnico e seria tantas vezes campeã do mundo.

Texto Domingos Janeiro/Sidi • Fotos Sidi E Motoni

Decorria o ano de 1960, quando um velho celeiro ganhou nova vida, transformou-se na casa da SIDI, uma pequena fábrica artesanal dedicada ao fabrico de botas para caminhada e sapatos desportivos. O incansável e dinâmico fundador da empresa, Dino Signori, colocou em prática todo o conhecimento que foi conquistando ao longo dos anos a trabalhar em pequenas lojas do ramo, ao mesmo tempo que se mantinha bastante aplicado nos estudos. Foi nesta altura, que o fundador da SIDI considera que “começou a trabalhar a sério”! Determinação é uma das grandes características de Dino Signori. Para ele, uma boa decisão é sinónimo de um bom negócio. Outra vantagem, que aprendeu e desenvolveu ao longo da sua vida, foi a disciplina, para conseguir conciliar as coisas que mais gostava – treinar de bicicleta, a sua grande paixão; estudar e trabalhar – tudo isto durante uma época histórica no passado da Itália, quando o país prosperava e houve um esforço notável em inovar.

Como tudo começou?

Alguém acreditaria se dissesse-mos que tudo começou aos comandos de uma Vespa? Pois é, foi isso mesmo, foi assim que Dino fez o seu primeiro “estudo de mercado”, enquanto percorria quilómetros sem fim, exposto às mais rigorosas condições climatéricas. As primeiras encomendas começaram a chegar ainda em 1959. A partir daí, a empresa começou a ganhar notoriedade e para acompanhar o crescimento, a empresa foi obrigada a expandir as instalações em Maser (Traviso), onde ainda hoje permanece. Foi dos sacrifícios, que teve que fazer em toda a sua vida, até enquanto atleta, que o ensinaram a ser ponderado e a preservar as conquistas sem grandes devaneios e por isso mesmo, depois da ascensão meteórica da SIDI, na era do pós-guerra, a empresa altera um pouco o seu curso nos anos 70’, onde se torna especialista no desenvolvimento e fabrico de botas para motociclismo e sapatos de ciclismo, segmentos onde rapidamente ganhou espaço e notoriedade, passando a ser o principal foco do negócio. Com esse crescimento tão rápido, a SIDI foi uma marca que rapidamente se tornou conhecida a nível global, no mercado do calçado desportivo.

História de inovação

São muitas as histórias de inovação, que podem ser lidas nas páginas da história da empresa de Dino Signori. Creatividade, paixão, competência e intuição, guiaram Dino a desenvolver e defender as próprias ideias, grande parte delas originais, registando várias patentes e marcas, que viriam a marcar de forma indelével a indústria. Desde as botas de ski com abertura traseira que fizeram história em 66’, passando pelas botas de motocross com sistema de fecho por seis correias de 1969, até aos sapatos de ciclismo com sistema de encaixe nos pedais de 73’, marcaram de forma inegável o avanço na indústria.

A partir dos anos 70’ em diante, sucederam- se as inovações e os sucessos, como as solas de nylon, a utilização do Velcro, ajustes micrométricos, sistemas de fecho actualizados, os primeiros sapatos para MTB (Mountain Bike) e Cyclocross e muitos outros produtos que permitiram a expansão da SIDI. Com a chega dos anos 90’, chegou também um grande foco no design e no estilo, que tornaram o calçado SIDI em autênticos ícones de moda. A sola de carbono foi introduzida no início do ano de 2000. A história do calçado evoluí a um ritmo alucinante, acompanhando a evolução dos próprios desportos. Assim como o mercado do motociclismo.

Ligação ao motociclismo

Em 1968 a empresa começou a demonstrar o seu interesse e paixão pelo mundo das motos, e rapidamente se percebeu que os pilotos necessitavam de ter equipamento mais apropriado. Muitas ideias e partilha das mesmas, desenhos, esboços e projectos, começaram a materializar-se sob a forma de botas de TT com sistema de fecho por seis correias e passaram a dominar as pistas dos GP’s de motocross. Depois, chegou o fecho rápido para o calcanhar, o “fix-lock”, que encabeçou a revolução do que era considerado os padrões da protecção até então, o mecanismo de “abertura rápida” fez a estreia em 1986. Esta evolução culminou no modelo “Vertigo”, destinada à estrada e às pistas de velocidade, dez anos depois. A última geração de botas para estrada e off road estão repletas de tecnologia de ponta, que asseguram grandes padrões de qualidade no que a conforto e segurança dizem respeito, capazes de assegurar níveis de performance superiores.

Digno Signori, ainda hoje continua a ser a cara da empresa e a dar o exemplo diariamente. É o primeiro a chegar à fábrica e o último a sair à noite. Mas é também um homem aberto à evolução. “Apenas com o feedback dos atletas da alta competição, que usam o nosso calçado, é possível evoluirmos dia-após-dia,” refere Dino. É por isso que a SIDI sempre demonstrou interesse em apoiar atletas como Francesco Moser, Giacomo Agostini, Joel Robert, Stefen Everts, Paolo Bettini, Tony Cairoli, Billy Bolt, Egan Bernal e Richard Carapaz, apenas para mencionar alguns. Todos estes atletas contribuíram para o desenvolvimento dos produtos que a SIDI foi criando e um dos motivos que fez a empresa italiana chegar onde chegou, ao topo da produção de calçado para ciclismo e motociclismo. Os primeiros 60 anos ficaram para trás, mas Dino Signori gosta de dizer “o futuro ainda está por escrever.” Que venham os próximos 60 anos!

Motoni, o importador nacional

A nossa relação com a SIDI surgiu de forma natural, quando a própria marca nos contactou, em finais de 2015, a propor-nos o negócio da distribuição da marca. Nessa altura, a Altis era quem representava a marca e, naturalmente, dissemos que nesses moldes, não estaríamos interessados, por todo o historial que tínhamos para com a Altis e, naturalmente, pelo respeito que a mesma merecia da nossa parte. Após varias insistências, e percebendo o desfecho deste negócio, onde a empresa do Norte se desvincularia da SIDI, decidimos avançar com a distribuição oficial e exclusiva para Portugal da marca italiana e, em finais de 2016 recebemos a primeira encomenda.

Quando olhamos para a SIDI, com toda a história que tem no Motocross com Joel Robert, Stefan Everts, Antonio Cairoli e agora Jorge Prado, a serem o porta estandarte da marca, só podemos ficar impressionados com o que a marca conseguiu atingir ao longo dos 60 anos de vida. Aliás, todos os anos que vamos à sede, em Maser, ficamos impressionados com o leque de botas usadas de grandes pilotos tanto do Motocross, Velocidade e Trial que estão em exposição no átrio. Uma empresa que está sempre a evoluir, a acompanhar e, muitas vezes a liderar o mercado do calçado das motos, com pormenores técnicos pensados e desenvolvidos para o motociclista, seja na terra ou no asfalto.