Sem muitas soluções para o lugar de Johann Zarco a KTM anunciou já em Phillip Island a composição final do seu quarteto de pilotos para o próximo mundial MotoGP. Brad Binder junta-se a Pol Espargaró na equipa oficial e Miguel Oliveira terá a seu lado Iker Lecuona na equipa de Hervé Poncharal, esta sim uma contratação inesperada e que acaba por provocar uma autêntica revolução no seio das equipas do construtor austríaco.
Anteriormente anunciado como colega de equipa de Miguel Oliveira na Tech3 Brad Binder vê-se assim promovido a piloto oficial, algo inesperado sendo que na ausência de Mika Kallio o lugar deveria ser naturalmente para o segundo piloto mais experiente do quarteto, neste caso o próprio Miguel Oliveira, sendo que todos os quatro pilotos da marca estão sob contrato directo com a KTM e nenhum com a Tech3, como acontecia anteriormente. Mas a estrutura gerida por Pit Beirer resolveu colocar ao lado de Oliveira um ‘rookie’ com curto palmarés mesmo em Moto2, ou seja, ficará mais uma vez nas mãos do português a defesa das cores da equipa francesa, porque todos sabemos que a RC16 não é uma moto fácil como a M1.
Estas alterações e reajuste no zadrêz podem ter diversas explicações e a primeira pode ser mesmo o veto de Pol Espargaró em ter a seu lado Miguel Oliveira, um piloto que com condições semelhantes será uma ameaça ao ‘estado de graça’ do espanhol lá para os lados da Áustria, algo que nunca aconteceu em 2019 e mesmo assim levou Espargaró a manobras pouco leais em Buriram – só não viu quem não quis – na entrada para a recta da meta. Ao mesmo tempo ter um piloto como Lecuona – que assinou para correr em Moto2 e com a decisão de abandono da marca da categoria forçou Beirer e companhia a encontrar uma solução – na Factory Team era quase impensável pela falta de experiência na categoria que iria limitar o trabalho de desenvolvimento – que Espargaró também não quer em exclusivo – e por isso a solução ser a Tech3 ao lado de Oliveira que assim fica com um colega de equipa inesperado ao mesmo tempo que vê Pit Beirer ‘traír’ a relação entre ambos.
Uma movimentação que pode vir a causar alguns amargos de boca à KTM no que diz respeito a pilotos e à continuidade destes na estrutura austríaca e que acima de tudo é um duro golpe na relação de confiança com Miguel Oliveira, um dos pilotos da nova geração que mais atenção tem da parte de outras equipas do pelotão.