O piloto da KTM Factory Racing esteve à conversa com os jornalistas esta quinta-feira, na sede do Grupo da Caixa Agrícola, em Lisboa, para fazer o balanço da sua participação na edição deste ano no Rali Dakar, pela primeira vez realizado na Arábia Saudita.
Agora, com maior distanciamento temporal e maior discernimento, Mário Patrão não tem dúvidas que esta sua sexta presença no Dakar foi aquela que mais o marcou, porque conseguiu terminar, mas perdeu um amigo, Paulo Gonçalves, e pelo facto de ter sido ele o primeiro a encontrar Edwin Straver caído, o piloto holandês que viria a ser a segunda vitima mortal da prova. O português da KTM que terminou a prova no 32º lugar da classificação geral também sinalizou outro lado menos bom desta edição ao apontar o dedo às falhas da organização no capítulo da segurança, sobretudo para os pilotos das motos.
Patrão referiu-se concretamente à ausência de detalhes e alertas de perigos específicos nos roadbook distribuídos aos pilotos. Explicou que o promotor não foi suficientemente preciso nas marcações que efetuou dos trajectos, tendo optado por uma sinalização demasiado genérica dos perigos, facilitando com a repetição sistemática do alerta “perigo 2” para tudo e nada. E deu vários exemplos: “saímos das dunas e apanhamos uma pista principal muito grande e rápida. A organização para se defender colocou no roadbook ‘pista principal – próximos 30 km, com perigo 2 – línguas de areia’ “. Na sua perspectiva deveriam ter colocado ” ‘Pista principal, ao quilómetro 100.4 – perigo 2 – língua de areia’ “. Deu também outro exemplo da menção demasiado genérica para situações de dunas cortadas. Surgiu no roadbook ” ‘Planalto de areia – Dunas cortadas próximos 60 quilómetros’. Agora não dizem se vamos ter 5 dunas cortadas, se é uma ou se são 50″. E acrescentou que “na minha opinião não é a maneira correcta de marcar. Porque aquilo não se vê. Vamos num planalto e de repente caímos 15 metros… Depois é uma questão de sorte…”
Mário Patrão considerou ainda referindo-se ao seu entendimento de “que não tiveram tempo para fazerem o trabalho como deve de ser e então defenderam-se dessa forma”. E acrescentou que “O organizador veio no final dizer que o Rali foi fácil, porque queria que fosse fácil, mas na minha opinião não foi isso que aconteceu. Foi fácil, porque não houve tempo para mais”.