Aproveitámos o facto de Miguel Oliveira ter estado presente no evento do BP Segurança ao Segundo e, conjuntamente com outros jornalistas, captámos algumas palavras do piloto português.
– Como foi o início desta temporada para ti?
Honestamente pensava que ia lutar pelo pódio na ronda inaugural, mas houve um pequeno percalço com os pneus. Ainda assim foi um bom início de campeonato, um 5º e um 3º está dentro do que esperamos para o resto da época.
– Se se manter esta tendência, 5º, 3º e agora 1º nos EUA?
Avançar duas posições é uma boa média. Os EUA é um circuito já muito complicado para nós. O ano passado lutámos muito com a afinação da moto. Em termos técnicos trata-se de um circuito muito particular, com travagens muito fortes. Curvas de 1ª, o que não acontece no resto do campeonato. É também dos mais longos e mais exigentes fisicamente e o objectivo é tentar sobreviver o melhor possível.
– Neste GP, caso não houvesse Curva 3, ganharias o GP?
Aquela curva tinha que ser feita de modo particular. Tínhamos que nos atravessar primeiro na travagem e na parte molhada. Depois havia ali um corredor – com três a quatro metros de pista seca – e depois a entrar para a curva havia ali outra poça de água. Era complicado, pois era uma linha e quem soltasse os travões para curvar dava para fazer a curva, caso contrário era complicado.
Acho que era justo porque fiz uma corrida para ficar pelo menos em 2º. Tinha as coisas mais ou menos controladas, mas uma uma ultrapassagem do 1º classificado fez-me ir um bocadinho mais fora e a três voltas do final começou-se a fazer voltas rápidas consecutivamente e já era um bocadinho tarde para conseguir fazer alguma coisa.
– Pensaste que mais valia “um pássaro na mão, do que dois a voar”?
Sem dúvida. Nestas alturas, se estivéssemos a meio ou no fim do campeonato e houvesse algo para arriscar, fazia sentido no início. Agora assim era um pouco descabido.
– Passadas duas corridas, tens algum adversário que esteja assim acima do que esperavas?
Existem surpresas na nossa categoria, pois há sempre um piloto ou outro que conseguem um pódio. Os candidatos ao título que considero mais fortes acabaram mais ou menos perto. Os dois, o Marquez e o Bagnaia andaram atrás de mim, o que é bastante positivo. Agora o Pasini está a mostrar muito mais consistência e muito menos erros do que cometia o ano passado, por isso vai ser um ano complicado.
– O início de época deu -te mais motivação?
O ano passado não sabia se podia estar ou não e essa incerteza cria um pouco de dúvida. A certeza de que este ano temos uma boa moto e as afinações no ponto para podermos começar o ano bem, logo a partir de 6ªf, o que nos deixa muito mais tranquilos.
– O que tens a dizer sobre a polémica entre o Rossi e o Marquez?
Acho que houve um grande exagero por parte do Valentino Rossi e da forma como se lidou com a situação. Eu como piloto, acho que lhe ficava bem aceitar o pedido de desculpas e o Marquez, sem dúvida, foi o Homem do dia. Os erros não começaram por ele e sim pela DORNA, logo na grelha de partida, quando retiraram todas as motos. Continuaram os erros quando deram os 30 segundos de penalização ao Marquez, porque deram-lhe a indicação dele estar na grelha e afinal já não era para estar. Os erros começaram pela organização e tudo isso fez com que o Marquez tivesse que andar com a faca nos dentes, como ele anda sempre e todos os pilotos sabem disso. Mostrou uma superioridade face a todos os seus adversários que acho que é isso que custa mais a negar.
– Sentes-te preparado para dar o salto para o MotoGP, ainda para mais agora que esta situação “acendeu ainda mais” os acontecimentos?
Aconteça o que acontecer, sinto-me um piloto muito preparado para dar esse passo. Já tenho boas experiências de vitórias e o meu palmarés já me dá motivos suficientes para poder subir para o ano que vem.
– A KTM Ajo tem-te apoiado desde o início do ano. Têm te preparado de alguma forma para dares esse passo tão importante?
Há peças do puzzle que se têm que encaixar e eu espero ser uma delas. Logicamente que começam pelos grandes e neste momento sabe-se o futuro de muito poucos pilotos de topo. Falta ainda saber o que irá acontecer com a Ducati, a Honda e depois tudo o resto encaixará.