MotoGP 2022 – A Honda está em maus lençóis!

Alberto Puig está consciente dos problemas da Honda RC213V. O diretor da Repsol Honda não espera melhorias no GP da Holanda.

Honda

O Grande Prémio da Alemanha foi para esquecer para o maior fabricante mundial. A Honda sofreu muito ao longo do fim de semana em Sachsenring, e a décima corrida da temporada 2022 ficará para a história como a pior dos últimos 40 anos para o fabricante japonês. Nenhum piloto Honda logrou somar qualquer ponto no GP da Alemanha!

Para se verificar um resultado de zero pontos para pilotos Honda num GP, precisamos recuar até 1982, mais precisamente ao Grande Prémio de França. Desde então, a marca da “asa dourada” somou umas impressionantes 633 corridas sempre a pontuar. Foram quatro décadas em que em todas as corridas da categoria rainha tivemos um piloto aos comandos de uma moto Honda somou, pelo menos, um ponto em corrida.

O Grande Prémio da Alemanha de MotoGP foi por isso verdadeiramente desastroso. Um recorde que tão cedo a Honda não parece que se vá esquecer.

HondaTodos os quatro pilotos Honda em Sachsenring sofreram problemas.

Alex Márquez sofreu uma falha no sistema de ajuste da altura da suspensão traseira, tornando a moto impossível de pilotar. O mais novo dos irmãos Márquez referiu mesmo que a moto parecia “Uma chopper”. O abandono foi inevitável.

Takaaki Nakagami, também da equipa satélite LCR, sofreu uma queda que deu por finalizada a sua corrida alemã. Porém, em reação ao Grande Prémio da Alemanha, Nakagami referiu que já desde o início da corrida de 30 voltas sofreu muitas dificuldades e que a queda não tem explicação, mesmo quando o piloto japonês tenta estudar os dados da telemetria para perceber se cometeu algum erro. Tudo indica que mais uma vez a Honda RC213V foi a culpada pela queda devido aos seus problemas de conceção.

HondaDepois foi a vez de Pol Espargaró (Repsol Honda) abandonar. É verdade que o espanhol não estava nas melhores condições físicas devido ao “high side” sofrido nos treinos livres de sexta-feira, que o deixaram com muitas dores nas costelas. Abandonou, mas também se queixou da moto da Honda.

Restava por isso o piloto da casa. Stefan Bradl seria aquele que iria levar a Honda a somar pontos em Sachsenring. Porém, desde cedo que o piloto alemão, a competir no lugar do lesionado Marc Márquez, se queixou de problemas de sobreaquecimento excessivo na sua RC213V. Uma situação que aguentou ao longo das 30 voltas da corrida, mas que deixou o seu corpo marcado.

Nas redes sociais Bradl publicou uma foto bastante explícita do calor que emana do motor da Honda, em que podemos ver o seu pé direito queimado! Mas não se queixou apenas do pé, referindo também que não podia travar na corrida de MotoGP do passado domingo devido à manete de travão dianteiro estar a ferver, o que lhe queimava os dedos da mão direita. Uma situação considerada como “inaceitável”, e que estragou a corrida de Bradl em frente aos seus fãs.

HondaCom zero pontos somados, o alerta está dado no seio da Honda e do seu departamento de competição HRC. E quem se mostra consciente de que a Honda está em maus lençóis é o próprio diretor desportivo da equipa de fábrica Repsol Honda, o espanhol Alberto Puig.

Puig não se mostra particularmente preocupado com estatísticas como os 40 anos a pontuar de forma consecutiva, ou todas as vitórias asseguradas por Marc Márquez em Sachsenring desde 2013. Mas ainda assim refere que “Apenas sei que estamos numa situação que não é a correta neste momento e temos de alterar por completo. Ficou claro que não foi um bom fim de semana e temos de o analisar o mais rápido possível para saber como sair desta situação”, refere Puig em declarações divulgadas pela equipa.

A Honda espera por boas notícias sobre a evolução física de Pol Espargaró e Takaaki Nakagami, enquanto Alex Márquez e Stefan Bradl não apresentam problemas de maior. Mas Assen é um circuito complicado para a Honda RC213V. O desenho do traçado onde se realiza o Grande Prémio dos Países baixos “Obriga a uma moto com um bom equilíbrio, para um bom controlo sobre a moto”, e aqui, assume Puig, é onde o protótipo japonês apresenta sérias dificuldades.

Com uma situação particularmente complicada, e quando temos, a meio da temporada, a Honda ainda a testar diversos componentes fulcrais na sua moto, como por exemplo quatro quadros diferentes para a RC213V, Alberto Puig não antevê por isso um Grande Prémio dos Países Baixos particularmente positivo.

Talvez a chegada de Marc Márquez depois de lesão possa ajudar a marca a dar a volta por cima. Puig não refere a data do regresso à competição do oito vezes campeão do mundo, mas confirma que Márquez vai em breve juntar-se à equipa Repsol Honda nos próximos Grandes Prémios.

O objetivo desta aparição de Márquez “off track”, que apesar das diversas corridas em que não participou este ano continua a ser o melhor classificado aos comandos de uma Honda no campeonato, possa ajudar os técnicos japoneses a descobrir soluções para evoluir a RC213V, uma moto que no início desta temporada foi elogiada pelos quatro pilotos da marca, e que inclusivamente obteve um pódio no Qatar por Pol Espargaró, mas que atualmente não permite sonhar com bons resultados.