O Grande Prémio do Japão 2022 terá sido umas das rondas desta temporada com mais emoções em jogo para a categoria de MotoGP, onde um improvável Jack Miller (Ducati Lenovo Team) terminou a ser o principal protagonista de uma batalha com uma grande dose de imprevisibilidade e incerteza. Venceu em Motegi de forma magistral, sem dar hipótese à concorrência, numa corrida disputada totalmente em piso seco.
O australiano, que saiu da 7ª posição, impôs desde cedo um ritmo impressionante, tendo ultrapassado toda a gente nas voltas iniciais para rapidamente se colocar no parcial ’45, num ritmo endiabrado e sem qualquer possibilidade de oposição. Com essa bitola descolou de Jorge Martin, que saiu de 5º, e na maior parte da corrida tentou seguir a sua peugada na segunda posição. Lugar que, contudo, no cair do pano, o espanhol da Pramac Racing viria a ceder ao piloto da Red Bull KTM Factory Racing, Brand Binder. O sul-africano, que saiu da 3ª posição da grelha, chegou a liderar nos momentos iniciais a prova, entretanto desceu à quarta posição por troca com Miguel Oliveira, mas depressa recuperou para terminar no pódio, num merecido segundo lugar.
Por seu turno, o seu colega de equipa, Miguel Oliveira, que saiu da 8ª posição, também fez uma corrida de grande competência com a sua KTM RC16, rondando na 4ª posição na maior parte das 24 voltas ao traçado de Motegi. Não obstante, teve sempre o espanhol Marc Márquez colado à sua roda traseira. O oito vezes campeão mundial, ainda que a correr com algumas limitações físicas, haveria de ultrapassar o português a três volta do final da corrida, numa surpreendente demonstração de competitividade quando ainda está a recuperar da sua complexa operação ao braço direito.
Tudo diferente, tudo igual
Este fim de semana de Motegi foi profícuo em surpresas e muito drama para os principais candidatos ao título, numa ronda condicionada desde logo pelas condições de chuva que ditaram apenas uma sessão de treinos livres na sexta-feira, outra no sábado, seguindo-se desde logo as qualificações. E estas rodadas em condições muito adversas de piso molhado, que terminaram por baralhar a grelha de partida de vários pilotos, sobretudo entre os habituais que seguramente esperavam melhores posições e, em sentido diverso, outros que se viram de forma inesperada em lugares mais à frente.
Com este alinhamento de certa forma a destoar do habitual, instalou-se uma pressão acrescida na luta pelos pontos, sobretudo para os quatro pilotos que chegavam ao Japão mais bem classificados. E todos sem acesso às duas primeiras linhas de partida para a corrida deste domingo, conforme aqui a Motojornal lhe referiu ontem.
Esta corrida de Motegi poderia ter sido a oportunidade para haver mexidas significativas nas contas pessoais dos principais candidatos ao título. Não foi o caso. Foi tudo diferente, com um pódio final preenchido sem nenhum dos nomes mais recorrentes, mas ficou tudo praticamente na mesma, sem grandes diferenças pontuais no campeonato, apesar dos ‘infortúnios’ dos principais concorrentes ao título.
A começar por Aleix Espargaro, que terminou fora dos pontos, em 16º lugar, devido a um lapso na configuração electrónica da sua Aprilia detectado pelo próprio na volta de aquecimento, circunstância que o obrigou a ir à box trocar de moto e a partir para a corrida desde o pit-lane, em último.
Depois, assistimos a um Franceso Bagnaia (Ducati Lenovo Team) a sair da 12º posição, mas sem aquela confiança e consistência que tem vindo a demonstrar nas mais recentes rondas da temporada. Pecco teve um fim de semana para esquecer. Nunca teve ritmo para se chegar à frente e quando tentou atacar a 8ª posição de Fabio Quartararo, já na última volta, acabou por cometer um excesso e caiu. Mais uma vez não somou pontos.
Já Fabio Quartararo (Monster Energy Yamaha), que largou de 9º e a correr em ‘casa’ da equipa, apesar de fazer uma corrida consistente, não foi capaz de imprimir um ritmo que lhe permitisse chegar a lugares mais cimeiros ao 8º lugar com que terminou. O francês ainda assim soube segurar os ‘estragos’ de um fim de semana menos competitivo e acaba por sair algo beneficiado nas contas do campeonato face aos seus principais opositores, Francesco Bagnaia e Aleix Espargaro (Aprilia Racing).
Nota ainda para a prestação de Enea Bastianini, da Gresini Racing, que ao sair de 16º acabou a corrida no top 10, em 9º lugar. Este resultado permitiu ao italiano somar 7 pontos à sua conta pessoal do campeonato, o que significa maior aproximação em termos pontuais (170 pts) aos principais desafortunados desta contenda em Motegi, Francesco Bagnaia e Aleix Espargaro, que mantêm os mesmos 201 e 194 pontos, respetivamente.
Fabio Quartararo segue na liderança do Campeonato de MotoGP 2022, agora com 219 pontos, depois de fechadas as contas do Grande Prémio do Japão.
Classificação MotoGP 2022 Japão
1º- Jack Miller 42’29.1740
2º- Brad Binder +3.409
3º- Jorge Martin +4.136
4º- Marc Marquez +7.784
5º- Miguel Oliveira +8.185
6º- Luca Marini +8.348
7º- Maverick Viñales +9.879
8º- Fabio Quartararo +10.193
9º- Enea Bastianini +10.318
10º- Marco Bezzecchi +16.419
Campeonato MotoGP 2022
1º- Fabio Quartararo 219 pts
2º- Francesco Bagnaia 201 pts
3º- Aleix Espargaro 194 pts
4º- Enea Bastianini 170 pts
5º- Jack Miller 159 pts
11º Miguel Oliveira 106 pts