Num dia de condições climatéricas em constante mudança, e para melhor, tendo em conta que o sol apareceu em força e ajudou a animar o público que fez questão de mostrar o seu apoio nas bancadas do Autódromo Internacional do Algarve, realizaram-se as duas sessões de qualificação de MotoGP que definiram as posições da grelha de partida para o Grande Prémio de Portugal na categoria rainha.
No início da manhã, e ainda com o piso molhado, Miguel Oliveira (Red Bull KTM Factory) liderou a tabela de tempos após a TL3, e com isso garantiu a passagem direta à Qualificação 2 de MotoGP. De referir também que na TL4 o português voltou a mostrar a sua rapidez em piso molhado e voltou a ser o mais rápido em pista.
Mas as previsões meteorológicas anteviam melhoria nas condições climatéricas, previsões que se confirmaram, e com isso os pilotos e equipas da categoria rainha viram-se na contingência de alterar por completo a afinação dos protótipos.
Na Qualificação 1, apenas Takaaki Nakagami (Idemitsu LCR Honda) e Remy Gardner (Tech3 KTM Factory) arriscaram sair para a pista com pneus slick Michelin, tentando aproveitar o facto do asfalto estar a apresentar algumas zonas mais secas. Mas rapidamente perceberam que não seria o momento ideal para os usar, principalmente Gardner que sofreu uma queda aparatosa. Nakagami teve mais calma e regressou intacto à box com a sua Honda RC213V, voltando a sair com pneu de chuva.
Enquanto isso, em pista os pilotos de MotoGP foram tendo de se adaptar às condições traiçoeiras e em constante evolução.
Alex Márquez (Castrol LCR Honda) foi aquele que melhor compreendeu o estado de aderência do asfalto, e já no final da Q1 melhorou o seu registo e garantiu a passagem à Q2 com uma volta em 1m46.316s, levando também consigo Luca Marini (Mooney VR46) na segunda posição, com o italiano, depois de receber os conselhos do seu irmão Valentino Rossi, que regressou este sábado ao paddock de MotoGP depois do abandono da carreira como piloto, a conseguir defender-se do ataque final de Jorge Martin (Pramac Ducati).
Nesta Qualificação 1, destaque para a queda de dois pilotos Ducati.
A queda com consequências mais graves será a de Francesco Bagnaia (Ducati Lenovo Team). O vice-campeão sofreu um “highside” na curva 1 do traçado algarvio, quando passou com a sua moto por cima de um pequeno pedaço de asfalto molhado, a roda traseira derrapou repentinamente e voltou a agarrar no asfalto seco. A traseira da moto italiana rapidamente fugiu do controlo do piloto, e Bagnaia acabou a voar e a bater violentamente no asfalto.
Logo de imediato “Pecco” ficou a queixar-se do ombro direito, visivelmente combalido e com dores, sendo que foi transportado de ambulância para o Centro Médico do AIA para exames. Estamos ainda a aguardar a confirmação oficial se Bagnaia estará mesmo lesionado, mas tudo indica que será um problema com a clavícula, possivelmente uma fratura.
Em breve saberemos se Francesco Bagnaia estará “OK” para participar na corrida de MotoGP amanhã.
Também Enea Bastianini (Gresini Racing) foi surpreendido pelas condições do piso, caiu, mas não aparenta ter qualquer lesão que o impeça de tentar defender a sua liderança na corrida de MotoGP.
Já na Qualificação 2, com piso ainda mais seco e o sol a brilhar cada vez com mais força, o que permitiu aumentar consideravelmente a temperatura do asfalto, os pilotos da categoria rainha saíram com pneus slick de composto macio.
Já com Miguel Oliveira em pista, foi mesmo Alex Márquez que, aproveitando o embalo e ritmo conseguido na Q1, começou por liderar a tabela de tempos de forma natural na Q2. O espanhol deteve a “pole position” de forma provisória até menos de cinco minutos do fim da sessão de qualificação, posição que não aguentou, tendo inclusivamente terminado em 7º e não evitando uma queda na curva 7 já depois da bandeira de xadrez desta sessão.
A “pole position” ficou decidida mesmo nos momentos finais da Q2, conforme se esperava.
Johann Zarco (Pramac Ducati) começou por lançar um primeiro ataque à “pole”, e saltou para o topo da tabela de tempos com uma primeira tentativa em 1m43.151s. Na entrada dos últimos dois minutos da Q2 era então a vez de Joan Mir colocar a Suzuki Ecstar no topo com uma volta em 1m43.055s. Seguiu-se Jack Miller (Ducati Lenovo Team) a ficar com a “pole position” nas mãos com 1m42.503s.
Com a bandeira de xadrez quase a ser mostrada aos pilotos, Marc Márquez (Repsol Honda) mostrava que a queda na terceira sessão de treinos não lhe causou a temida visão dupla, e numa volta rápida final saltou para a liderança da Q2. Porém, tal como aconteceu com Fabio Quartararo (Monster Energy Yamaha), Márquez foi vítima de bandeiras amarelas na sua volta rápida por queda na última curva de Pol Espargaró, e a sua volta foi cancelada.
Não deixa de ser curioso que foi o compatriota e companheiro de equipa de Márquez que lhe retirou a hipótese de somar mais uma “pole” em MotoGP.
Miller acreditava então que a sua volta era suficiente para partir da primeira posição para a quinta corrida de MotoGP 2022.
Mas este não foi o dia de sorte para o irreverente australiano da Ducati, pois já quando todos estavam a festejar e a bandeira de xadrez dava por terminada a qualificação, Zarco e a sua Ducati Desmosedici GP22 imprimiram um ritmo diabólico conseguindo rodar em 1m42.003s e assim o piloto francês garantiu a “pole position” para o Grande Prémio de Portugal.
Também num último esforço, Joan Mir levou a sua Suzuki GSX-RR ao limite no AIA, rodou em 1m42.198s e garantiu a segunda posição, com a primeira linha da grelha de partida a ser fechada pelo surpreendente Aleix Espargaró (Aprilia Racing), que durante as sessões com piso molhado nunca pareceu estar à vontade com a sua RS-GP, mas que assim que o piso secou lançou um ataque final demolidor e assim termina a qualificação no “top 3”.
Quanto ao português Miguel Oliveira, e depois de se destacar na sexta-feira com registos consistentes, e depois dominar por completo as sessões de treinos livres de sábado ao ser sempre o mais rápido em pista, as alterações nas condições de pista não se mostraram tão favoráveis ao português.
Francesco Guidotti, diretor de equipa da Red Bull KTM Factory, já se tinha mostrado algo apreensivo, mas mesmo assim confiante, com a possibilidade da qualificação se realizar com piso seco e isso obrigar a redefinir as afinações da KTM RC16 para essas condições.
Miguel Oliveira, tal como todos os pilotos que participaram na Q2, entrou em pista com pneus macios slick. Mas ao contrário das sessões anteriores, acabou por não confirmar na decisiva Q2 aquilo que tinha prometido anteriormente e qualificou-se em 11º.
Refira-se que o Miguel Oliveira por diversas vezes viu a sua volta importunada pela presença de pilotos, quer à sua frente, quer também por pilotos que tentavam aproveitar a sua boleia para garantir um melhor tempo por volta. O piloto da KTM tentou por todos os meios “livrar-se” dos seus rivais, mas isso terá levado a perder algum tempo precioso para realizar mais voltas rápidas.
Seja como for, o fim de semana está a ser positivo para Miguel Oliveira, e aguardamos as declarações do piloto da Red Bull KTM Factory no sentido de percebermos qual o sentimento do português tendo em conta a alteração nas condições em pista e como vai encarar a corrida de amanhã onde é considerado como um dos grandes favoritos aos lugares de pódio e, claro, à vitória.
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MotoGP – Resultados da qualificação do Grande Prémio de Portugal
1 – Johann Zarco (Pramac Ducati) – 1m42.003s
2 – Joan Mir (Suzuki Ecstar) – 1m42.198s
3 – Aleix Espargaró (Aprilia Racing) – 1m42.235s
4 – Jack Miller (Ducati Lenovo Team) – 1m42.503s
5 – Fabio Quartararo (Monster Energy Yamaha) – 1m42.716s
6 – Marco Bezzecchi (Mooney VR46) – 1m42.716s
7 – Alex Márquez (Castrol LCR Honda) – 1m42.903s
8 – Luca Marini (Mooney VR46) – 1m43.179s
9 – Marc Márquez (Repsol Honda) – 1m43.575s
10 – Pol Espargaró (Repsol Honda) – 1m43.832s
11 – Miguel Oliveira (Red Bull KTM Factory) – 1m44.066s