Depois do teste bem-sucedido após o Grande Prémio da Comunidade Valenciana, Miguel Oliveira estará desejoso de regressar às pistas e aos comandos da sua Aprilia RS-GP. O piloto português, que a partir desta temporada 2023 estará inserido na equipa satélite CryptoData RNF Aprilia, parte para mais um ano em MotoGP com ambições renovadas. Mas a sua passagem, ou melhor, a sua saída da KTM, ainda não está esquecida pelos fãs do Falcão português.
Aproveitando os últimos dias de relativo descanso antes dos testes de pré-temporada começarem em Sepang, Malásia, nos primeiros dias de fevereiro, Miguel Oliveira concedeu duas entrevistas. A primeira à Antena 1, onde foi entrevistado pela jornalista Susana Bento Ramos, cronista da nossa revista REV, e uma segunda entrevista concedida ao jornalista espanhol Manuel Pecino.
Em ambas, tanto o seu passado como o seu futuro em MotoGP foram abordados e temas em destaque.
Depois de muitos anos de ligação à KTM nas diversas categorias do Mundial de Velocidade, mas, principalmente, aos quatro anos na categoria rainha a pilotar a KTM RC16, onde se tornou no piloto com mais vitórias com a marca austríaca (5), Miguel Oliveira, estranhamente, foi preterido pela KTM Factory Racing, que depois lhe ofereceu um lugar na equipa Tech3, que agora será equipa GasGas Factory Racing.
Quando questionado sobre o que levou à separação da KTM, Miguel Oliveira respondeu na entrevista à Antena 1 que “Não diria que a KTM se portou mal em relação a mim. Simplesmente tínhamos formas diferentes de pensar. A reestruturação da equipa aconteceu com a vontade de terem outro piloto. Estas diferenças naturalmente fizeram com que nos afastássemos e não tínhamos um futuro juntos. Não que a porta não estivesse aberta porque eles queriam mesmo que eu competisse pela GasGas, que é basicamente uma KTM pintada de vermelho. A ideia era recuperar a marca e ter dois pilotos ibéricos, pois a marca é ibérica. Eles queriam um espanhol e um português, mas eu não gostei muito da ideia”.
O piloto português referiu também que o seu futuro estaria garantido nos próximos quatro anos, caso tivesse optado por ficar com a KTM na equipa GasGas Tech3, mas Miguel Oliveira preferiu arriscar sair da sua zona de conforto e experimentar novos desafios, até porque “Quero realmente ser campeão do mundo, o que eu acredito que vai acontecer em breve!”.
Já em conversa com Manuel Pecino e o seu canal PecinoGP no YouTube, Miguel Oliveira entrou em maior detalhe sobre parte do que o levou a optar por seguir um rumo diferente na sua carreira de MotoGP. Para o português, a decisão de abandonar a KTM também se deveu a questões técnicas relacionadas com o projeto da marca austríaca:
“Seguramente que não me levantei e disse que acabou. Foi um processo. Com a ausência do Mike Leitner começaram a notar-se mudanças fundamentais na estrutura. Eu como piloto apreciava muito o Mike na box e tudo o que nos dava. Era uma pessoa com muita experiência, colocou a KTM onde colocou. Era uma presença boa no projeto”, explicando que a chegada de Francesco Guidotti não trouxe para a KTM as melhorias que esperava e que isso o levou a perceber que “Cheguei a um ponto em que me senti claramente superior ao que tinha entre as pernas. E quando te dás conta, e não encontras tecnicamente maneira de superá-lo, chega esta vontade de abraçar outras coisas. Sempre falei bem deles, deram-me uma oportunidade estupenda, mas creio que os resultados e o que posso fazer é muito mais do que fiz com eles”.
E isso levou o piloto português a escolher a oferta da Aprilia Racing, que o optou por integrar na equipa CryptoData RNF de Razlan Razali.
Embora não se possa ainda perceber totalmente o que será a performance de Miguel Oliveira aos comandos da Aprilia RS-GP, tendo em conta o quarto melhor tempo nos testes de final de temporada em Valência, e a rápida adaptação à moto italiana, é possível perspetivar uma temporada 2023 de bons resultados.
Miguel Oliveira, agora que finalmente pode falar abertamente do primeiro contacto com a Aprilia, refere que “Encontrei uma moto com um ponto de travagem mais suave. O que fiz num dia, com 80 voltas, para mim surpreendeu-me. As coisas iam saindo e a moto aceitava o que fazia. Estou um pouco desconfiado, porque não quero estar muito contente com o que se passou, nem acredito que os testes de Sepang ou Portimão indiquem como será a temporada. Se as coisas não saírem como em Valência, não vou ficar louco e vou continuar a trabalhar”.
Outro tema em destaque nas entrevistas que Miguel Oliveira concedeu neste início de 2023, foi a introdução das corridas Sprint em MotoGP.
Esta será uma mudança radical no programa de cada Grande Prémio da categoria rainha, que duplicará o número de corridas por temporada, neste caso para 42 corridas em 2023, e que tantos problemas tem criado, com pilotos (e seus empresários) a reclamarem pelo pagamento de bónus mesmo nas corridas Sprint.
Em relação a estas corridas mais curtas que serão disputadas ao sábado de tarde, Miguel Oliveira realça que “Será mais duro para nós, para os mecânicos, mas creio que correrá bem. Não ficarei louco se as coisas não me correrem bem no sábado. Vai ser importante para os pontos do campeonato. As nossas corridas já são quase sprint, se reduzes as voltas… vai ser de faca nos dentes até final!”, acreditando que serão mais um foco de emoções para os fãs.
Para os mais distraídos, a equipa CryptoData RNF Aprilia vai apresentar-se oficialmente para a temporada 2023 de MotoGP a 16 de março. Será nesse dia que veremos Miguel Oliveira finalmente vestido com as suas cores oficiais para a nova temporada da categoria rainha.
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