Com o circuito malaio de Sepang afetado por chuva mais intensa durante a madrugada, os pilotos de MotoGP viram o seu programa de teste alterado devido às condições do circuito. O asfalto de Sepang não se apresentou nem seco, nem molhado, pelo que durante grande parte do segundo dia de testes oficiais da categoria rainha não houve pilotos a rodar com os seus protótipos.
Felizmente, com o aproximar da hora de almoço, as condições climatéricas melhoraram e foi então que alguns pilotos viram a oportunidade de sair para a pista, antes da chuva regressar em força.
Sem grande surpresa, o que mais rapidamente decidiu testar a aderência dos pneus Slick da Michelin neste tipo de condições sempre traiçoeiras foi Jack Miller (Red Bull KTM Factory Racing), com o australiano a “abrir as hostilidades”.
“Thriller” Miller foi melhorando rapidamente os seus registos aos comandos da KTM RC16, e a partir desse momento todo o restante plantel de MotoGP decidiu que estavam reunidas as condições para prosseguir com o teste de Sepang.
Refira-se que hoje foram cumpridas muito menos voltas ao circuito malaio, o que atesta bem as condições adversas que se fizeram sentir. Enquanto no primeiro dia o máximo de voltas realizadas foi de 67 voltas por Jorge Martin (Prima Pramac Ducati), e outros pilotos suplantaram também as 60 voltas, neste segundo dia de teste o máximo de voltas realizadas foram 52 do português Miguel Oliveira.
Precisamente Miguel Oliveira (CryptoData RNF Aprilia) acabou por ser um dos destaques ao nível da tabela de tempos. Depois do 14º tempo registado no dia de ontem com uma volta em 1m59.730s, hoje o piloto português rodou quase um segundo mais rápido, 1m58.839s, o que lhe garantiu o segundo melhor tempo do dia.
O piloto da CryptoData RNF Aprilia obteve o seu melhor tempo do dia, e até agora o seu melhor tempo destes dias de testes de MotoGP na Malásia, à 21ª passagem pela linha de meta.
Um dia bastante positivo para Miguel Oliveira tendo em conta as condições de aderência do circuito, que apesar de seco no momento do “time attack” acabou por não estar totalmente “limpo”, mas que revela que a adaptação da Aprilia RS-GP 22 ao estilo de condução do piloto de Almada continua a fazer-se a bom ritmo, como comprova a melhoria de tempo de um dia para o outro e o segundo melhor tempo do segundo dia de teste em Sepang.
Refira-se ainda que este tempo de Miguel Oliveira com a Aprilia é já apenas uma décima mais lento do seu melhor tempo alcançado no teste de Sepang de 2022!
Esperamos agora pela reação do piloto português ao que aconteceu hoje em Sepang.
O mais rápido em pista acabou por ser Jorge Martin. O espanhol conseguiu ser uma décima de segundo mais veloz do que Miguel Oliveira, rodando então em 1m58.736s, o que o deixou no topo da tabela de tempos, mas ainda atrás dos registos mais rápidos do primeiro dia, pois Marco Bezzecchi (Mooney VR46), que hoje caiu, continua a liderar nos tempos combinados com a sua volta em 1m58.470s.
No “top 3” deste segundo dia de teste de Sepang de MotoGP vemos ainda Pol Espargaró. O espanhol da GasGas Factory Racing Tech3, apesar de um encontro “imediato” com o campeão Francesco Bagnaia (Ducati Lenovo Team), com os dois a cruzarem trajetórias numa sequência de curvas o que levou a alguns protestos de parte a parte, rodou ligeiramente mais lento do que Miguel Oliveira
Aqui ficam os destaques do dia da parte de cada fabricante:
Aprilia
Com Miguel Oliveira a trabalhar na Aprilia RS-GP 22, a moto que era dos pilotos de fábrica no ano passado e que, esperamos, venha a receber novidades ao longo da temporada 2023 que lhe permitam, e ao piloto luso, lutar pelos melhores resultados em cada Grande Prémio, o trabalho na moto com especificação 2023 continua a ser feito exclusivamente pelos pilotos Aleix Espargaró e Maverick Viñales.
Viñales testou uma pequena modificação nas asas da sua Aprilia, algo que Lorenzo Savadori já tinha testado durante o Shakedown, enquanto Aleix Espargaró não evitou uma queda e sofreu depois um problema técnico numa das suas motos o que o impediu de finalizar o dia como esperava a Aprilia Racing.
Ducati
No campo da Ducati, Jorge Martin foi o mais rápido, como já referimos, pese embora o espanhol tenha sofrido uma queda na curva 7. Tanto Martin como o seu companheiro de equipa Johann Zarco puderam rodar com diferentes configurações de aerodinâmica e um novo braço oscilante.
Na equipa de fábrica Ducati Lenovo Team, o campeão Bagnaia foi desta feita o mais rápido, utilizando nas suas motos as novas carenagens aerodinâmicas que a marca italiana parece estar apostada a homologar para esta primeira fase da temporada de MotoGP.
Enea Bastianini, por sua vez, não se preocupou tanto com questões de aerodinâmica, focando a sua atenção no motor V4 da Desmosedici GP23, nomeadamente à gestão eletrónica que permitirá ao italiano explorar a ferocidade do motor italiano nos diversos circuitos.
Honda
O HRC continua “desesperado” por encontrar um caminho para seguir com a RC213V em 2023. Marc Márquez tem à sua disposição nada menos do que quatro protótipos, sendo que um deles é totalmente experimental com componentes retirados de diversas versões da RC213V. Porém, o antigo campeão de MotoGP parece focar o seu esforço na definição de um quadro que permita pilotar a moto japonesa no limite, como gosta, tendo Marc Márquez rodado com as duas RC213V de desenvolvimento para 2023, cada uma com um quadro diferente.
Do outro lado da Repsol Honda, Joan Mir tem duas RC213V de 2023, e também ele tem estado concentrado em perceber qual a configuração de chassis que será melhor. O campeão de 2020 refere que está agora mais confortável com a moto da Honda, porém, Mir tem ainda bastante trabalho pela frente se quiser voltar ao degrau mais alto do pódio.
Alex Rins (LCR Honda) também tem duas RC213V de 2023 para trabalhar. Porém, ao contrário dos pilotos da Repsol Honda, o antigo piloto da Suzuki não tem diferentes configurações de chassis para trabalhar, pelo que tem um programa de testes diferenciado em comparação com Marc Márquez e Joan Mir.
KTM
Com Brad Binder a focar-se na aerodinâmica da RC16, utilizando o novo “pack” estreado por Dani Pedrosa no terceiro dia de Shakedown em Sepang no início da semana, e que inclui duas condutas “descendentes” nas laterais inferiores da moto austríaca, talvez o mais interessante deste segundo dia de teste oficial de MotoGP no circuito malaio seja a moto de Jack Miller.
De acordo com alguns ouvidos mais “sensíveis”, nomeadamente o repórter e especialista de MotoGP, Simon Crafar, a RC16 de Miller estará a emanar um ruído ligeiramente diferente do habitual e mesmo em relação às restantes RC16 em pista. Na verdade, este novo som proveniente das KTM já tinha sido notado numa das motos de Binder durante o dia de ontem.
Será agora interessante perceber no que falta realizar de testes até à homologação final do motor para a temporada 2023 de MotoGP, o que será que a KTM tem estado a desenvolver e que tem sido ouvido por todos aqueles que estão em pista.
GasGas
Na marca irmã da KTM, o trabalho principal continua a recair nos ombros do mais experiente Pol Espargaró. O espanhol regressa à Tech3 e tem rodado com a GasGas RC16 #44 equipada com diferentes opções de aerodinâmica, mas também com diferentes configurações de quadro.
Já o “rookie” Augusto Fernandez tem uma lista de testes mais simplificada de forma a facilitar a sua habituação às MotoGP. O espanhol campeão de Moto2 tem saído para a pista com novidades ao nível da secção traseira da sua moto.
Yamaha
Depois do piloto de testes Katsuyuki Nakasuga ter experimentado as condutas laterais “descendentes” na Yamaha YZR-M1 durante o primeiro dia de teste de Sepang, ao segundo dia foi a vez de Fabio Quartararo sair para a pista com essas, e outras, novidades aerodinâmicas. O mesmo se passou com Franco Morbidelli, que, no entanto, parece ter aproveitado o segundo dia e o pouco tempo “seco” em pista para comparar sensações entre diferentes pacotes aerodinâmicos.
Porém, o principal foco de interesse no campo da Yamaha não será tanto a aerodinâmica. Na verdade, a equipa japonesa precisa de definir rapidamente qual a especificação de motor quatro em linha que vai homologar para esta temporada. Tanto Quartararo como Morbidelli têm dois motores de 2023, com especificações diferentes, para testar.
Seja como for, a verdade é que com uma velocidade de 335,4 km/h registada por Fabio Quartararo, a terceira velocidade mais elevada registada até agora no teste de Sepang, a Yamaha M1 definitivamente parece estar em igualdade de potência com as mais potentes Ducati.
Resultados do 2º dia de teste oficial de MotoGP em Sepang
1 – Jorge Martin – Prima Pramac Ducati – 1m58.736s
2 – Miguel Oliveira – CryptoData RNF Aprilia – +0.103s
3 – Pol Espargaró – GasGas Factory Racing Tech3 – +0.145s
4 – Fabio Quartararo – Monster Energy Yamaha – +0.161s
5 – Francesco Bagnaia – Ducati Lenovo Team – +0.331s
6 – Raul Fernandez – CryptoData RNF Aprilia – +0.376s
7 – Luca Marini – Mooney VR46 Ducati – +0.382s
8 – Alex Rins – LCR Honda – +0.427s
9 – Enea Bastianini – Ducati Lenovo Team – +0.458s
10 – Brad Binder – Red Bull KTM Factory – +0.494s
Teste de Sepang de MotoGP – veja aqui a crónica e resultados do 1º dia
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