Como se ouviu dizer num clássico do cinema português – filme Canção de Lisboa de 1933 – protagonizado por Vasco Santana, ‘Chapéus há muitos’. Neste caso podemos inspirar-nos nessa icónica frase e adaptar um pouco ao tema aqui retratado, e dizer que ‘Bandeiras há muitas’. E com diferentes cores e significados. Mas nenhuma será tão desejada pelos pilotos como é a bandeira de xadrez!
A bandeira de xadrez assinala o fim de uma corrida. Seja uma corrida de motos (aquelas que mais seguimos aqui na Revista Motojornal), ou seja uma corrida de outro formato qualquer, uma bandeira com quadrados pretos e brancos, formando um padrão de xadrez, indica aos pilotos que chegaram ao fim da prova.
O primeiro a receber a bandeira de xadrez é o vencedor da corrida, e por isso dizemos que é a mais desejada por todos.
Mesmo os fãs de corridas menos habituados a saber o significado das bandeiras utilizadas num circuito durante uma corrida, sabem perfeitamente para que serve a bandeira de xadrez. É a bandeira mais icónica e familiar que podemos ver num circuito.
Mas será que você sabe qual é a origem da bandeira de xadrez?
Provavelmente nunca pensou nisto. Afinal, ela existe ‘antes’ mesmo da primeira corrida ter acontecido. Ou pelo menos é isso que muitos imaginam. Porém, a realidade é bastante diferente desse cenário imaginado. A bandeira que assinala o fim de uma corrida tem a sua própria história.
E provavelmente você vai ter dificuldade em acreditar na origem da bandeira de xadrez! E por isso vamos tentar viajar no tempo, regressar ao passado, e descobrir como apareceu esta bandeira.
De acordo com diversas entidades que estudaram este tema, e que coincidem, a origem da bandeira de xadrez está diretamente ligada às corridas de cavalos que se realizavam nos Estados Unidos durante a segunda metade do Século XIX. Essas provas habitualmente terminavam em grandes banquetes que eram servidos numa mesa coberta por uma toalha aos quadrados.
Quando o banquete estava pronto, as mulheres agitavam as toalhas aos quadrados de forma a avisar os jockeys de que a corrida tinha terminado, e estava na altura de ir para a mesa desfrutar de um belo manjar. Naquela altura era visto também como uma forma de anunciar um prémio para os competidores. Se bem que naqueles casos, todos ganhavam o prémio.
Foi então que em 2006 foi publicado um livro onde se abordou o tema da origem da bandeira de xadrez.
Alguém se deu ao trabalho de investigar qual seria a verdadeira história que levou ao aparecimento desta bandeira icónica, um dos símbolos mais reconhecidos no que ao mundo do desporto motorizado diz respeito, mas não só.
O livro ‘Origin of the checker flag’, de apenas 36 páginas, e da autoria do americano Fred Robert Egloff, é considerado como sendo a investigação mais fiável sobre o tema.
Também este autor aponta para as corridas de cavalos, mas menciona também as corridas de bicicletas disputadas em França nos finais do Século XIX, que também utilizavam um emblema semelhante às toalhas aos quadrados.
A primeira imagem captada de utilização de uma bandeira de xadrez para assinalar o fim de uma corrida foi na corrida da Taça Vanderbilt (corrida de automóveis), disputada em Nova Iorque, em 1906. No ano anterior esta mesma corrida terminou com a utilização de uma bandeira vermelha.
Segundo Egloff, o desenho da bandeira teve origem na Packard Motor, que anos antes dessa corrida da Taça Vanderbilt utilizava bandeiras de xadrez para assinalar “check points” em corridas de automóveis.
Um facto curioso sobre a bandeira de xadrez, é que não existe um regulamento específico que se lhe aplique.
Falamos do número de quadrados brancos e pretos, da forma como é agitada, da colocação de logótipos (no campeonato Nascar a bandeira inclui logótipos no seu interior). Tudo é permitido desde que se mantenha um padrão de desenho em xadrez, e enquanto for uma bandeira universal que não se assemelhe com um emblema de nenhum País, ou a outro símbolo.
Não deixa de ser curioso que tenha sido uma toalha de mesa utilizada nos banquetes no final de corridas de cavalos na América que tenha dado origem à famosa bandeira de xadrez. Os pilotos de hoje em dia não têm à sua espera um banquete. Mas festejam as corridas com garrafas de champanhe.
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