O Meu Mundo das 2 Tempos – Suzuki RG250 Gamma: Alta ‘Gamma’

As marcas japonesas foram rainhas na filosofia das ‘race replicas’. E nas 250 cc quem se destacou mais foi a Suzuki com a RG250 Gamma.

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Foto: Victor Schwantz Barros

No mundo das ‘race replicas’, como é o caso da Suzuki RG250 Gamma, toda a informação e conhecimento em competição era sempre uma mais-valia para implantar em motos de estrada, e isso começou a ser mostrado cada vez mais nos anos 80. A competição começou a ser um laboratório para as grandes marcas e todo o “know how” era retirado para motos para o comum dos motociclistas que adorava este tipo de motos.

Enquanto outras marcas japonesas passaram cedo (no final dos anos 60 e início dos anos 70) para motos a quatro tempos, a Suzuki continuou a fabricar novas e maiores motos a dois tempos.

Sim, é certo que a primeira Suzuki de sempre tinha um motor a quatro tempos, mas na altura em que a Honda apresenta a sua famosa CB750 não havia nenhuma máquina a quatro tempos disponível na Suzuki.

Em vez disso, a marca de Hamamatsu era conhecida por ser capaz de construir máquinas grandes, económicas e praticamente ‘à prova de bala’, como por exemplo a T500 e, mais tarde, a conhecida GT750.

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Foto: Victor Schwantz Barros

Só no final da década de 1970 é que a Suzuki começa a fabricar motores a quatro tempos em maior escala. Mas os motores a dois tempos mantiveram-se sempre vivos em máquinas pequenas e baratas, e na competição.

No início dos anos 80, a Yamaha apresentou a sua RZ250R, que começou a batalha pela liderança dos fabricantes na classe de 250 cc.

O primeiro golpe foi dado pela Honda com a VT250F (1982), seguindo-se o ambicioso trabalho da MVX250F com motor V3, que esteve disponível em poucos mercados fora do Japão. A Yamaha e a Honda estavam na liderança. Durante algum tempo.

Em 1983, a Suzuki apresentou a RG250 Gamma.

Muitas motos eram conhecidas como ‘race replicas’, mas a RG250 Gamma foi, na verdade, a primeira moto produzida em escala com um quadro de alumínio leve e uma carenagem aerodinâmica derivada da competição. Foi aqui que começou uma nova tendência, toda carenada.

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Foto: Victor Schwantz Barros

A RG era rápida e tinha um comportamento muito bom. Obviamente que a Suzuki tinha usado toda a sua experiência da competição e o seu conhecimento na conceção de motores a 2 tempos. Sim, a RG250 era uma verdadeira moto de corrida para estrada e ganhou muita popularidade nos vários campeonatos em que entrou pelo Mundo fora.

O modelo foi fabricado entre 1983 e 1986, e foi finalmente substituído pela RGV250 com motor V-twin em 1988 (abordada na Revista Motojornal n.º 1566), em vez do bicilíndrico paralelo. Há 41 anos nascia então uma moto que criou seu próprio segmento e se converteu numa lenda desde o seu nascimento.

A Suzuki RG250 Gamma foi a primeira moto de estrada construída como uma réplica quase exata de uma moto de competição. O seu sucesso foi esmagador: ‘Moto do Ano’ no Japão e 52 000 unidades vendidas no seu ano de estreia, 1983.

As RG nem sempre foram Gamma. O seu nome, Racing Gamma era o conceituado nome da família das motos da divisão de competição que utilizavam a terceira letra do alfabeto grego para distinguir esses modelos. No final dos anos 70, as RG imitavam as Yamaha RD. A versão de 250 cc era um dos melhores exemplos.

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Foto: Victor Schwantz Barros

Em 1983, a Suzuki não podia deixar-se ficar para trás no mercado das motos desportivas a 2 tempos. A RD 250 e a 350 tinham assumido a liderança ao mudarem para refrigeração líquida; a Suzuki optou por um avanço tecnológico (e recuperou seriamente a vantagem) ao oferecer, com a RG250 Gamma um motor completamente novo, muito diferente do seu antecessor.

A 250 cc continua a ser um bicilíndrico em linha, mas opta por tecnologias recentes, derivadas da competição: refrigeração líquida, motor superquadrado (diâmetro x curso = 54,0 x 54,0), Controlo Automático de Escape AEC, um sistema concebido para melhorar o binário e a aceleração a baixas rotações sem prejudicar o motor a altas rotações, tal como a válvula de escape da Yamaha (YPVS) e a Câmara de Potência de Admissão Suzuki (otimizando a carburação).

A Suzuki RG250 Gamma foi a primeira moto de estrada construída como uma réplica quase exata das que competiam no campeonato mundial de velocidade.

Na sua primeira versão, este motor de cilindros paralelos desenvolvia 45 cv às 8.500 rpm, mais 10 cv do que a Yamaha RD250LC e quase tanta potência como uma RD350LC de 1982 (47 cv, a RD também evoluiu em 1983 para 59 cv, depois 63 cv em 1986).

Mas embora o motor Suzuki tenha um desempenho muito bom, é justo dizer que encontrou um chassis à altura. O quadro em liga de alumínio estava equipado com uma forquilha dianteira “anti-dive” com bainhas de Ø38 mm, era a nova invenção da Suzuki usada anteriormente apenas em competição na RGB500, e uma suspensão traseira monoamortecedor “Full Floater” com 122 mm de curso.

Esta combinação não só proporcionava um excelente amortecimento, como também reduzia o excesso de peso ao mínimo. Com uma semi carenagem (havia como opção totalmente completa) e as jantes de liga leve, a RG250 Gamma pesava apenas 130 kg a seco.

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Foto: Victor Schwantz Barros

A moto era leve e manobrável graças à sua roda dianteira de 16 polegadas e pneumáticos bastante estreitos com a medida 100/90-16” e, além disso, muito boa na travagem já que tinha disco duplo de Ø260 mm com pinças de 2 êmbolos. Já na roda traseira a medida de pneumáticos era de 100/90-18”, mais tarde a medida foi alterada para 110/80. A travagem atrás tinha um disco de Ø210 mm.

A Suzuki fez questão de manter a RG Gamma no topo da sua classe. De facto, foi submetida a várias atualizações importantes durante os seus 5 anos de produção.

A moto evoluiu tanto a nível técnico como estético. A Suzuki também ofereceu uma série especial a Walter Wolf, que recebeu o nome de um canadiano rico que financiou uma equipa de velocidade.

A concorrência não deixou a RG250 Gamma sozinha no mercado das 250 desportivas durante muito tempo: em 1984, a Honda e a Yamaha lançaram a NS250R e a Yamaha TZR250, que eram pelo menos tão apelativas como a RG Gamma. A KR 250 da Kawasaki, apesar de tecnicamente estar à altura, estava um pouco desatualizada. A RG250 Gamma saiu de linha no final de 1987 e foi substituída por uma nova RGV250 Gamma em 1988, a JC21.

Veja mais histórias das clássicas a 2T seguindo a página de Facebook O Meu Mundo das 2T da autoria do colaborador e fotógrafo da Revista Motojornal, Victor Schwantz Barros.

Texto e fotos deste artigo: Victor Schwantz Barros

Galeria de fotos Suzuki RG250 Gamma

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