Redding a abrir e já nos tempos da ‘MotoGP’

Vinte e três anos depois o Mundial de ‘Superbike’ está de volta ao Estoril com o penta-campeão Jonathan Rea a somente três pontos do sexto título consecutivo com a Kawasaki e o seu chefe de equipa, Pere Riba.

Um lindo dia de Outono recebeu a caravana do Mundial para a derradeira ronda de um campeonato ameaçado pela Covid-19, mas cujo trabalho da Dorna, FIM, circuitos e equipas permitiu resgatar de um anunciado naufrágio.

Com três pontos a separar o líder do mundial do sexto ceptro consecutivo, Jonathan Rea apresentou-se bastante descontraído para esta sexta-feira, sabendo que só um cataclismo o privará da coroa. Contudo, as notícias sopradas de Aragão, em Espanha, de que Valentino Rossi não alinhou por ter sido vítima da pandemia do século, tal como o mago da bola, Cristiano Ronaldo, fez levantar o sobrolho do norte-irlandês perante a adversidade que o seu adversário direto, o britânico da Aruba Ducati, Scott Redding, necessita para poder sonhar com o verdadeiro conto de fadas que seria vencer o campeonato no ano de estreia. Alvaro Bautista, também na Ducati, passou pela mesma situação no ano passado, mas no final o ‘monstro verde’ voltou a mostrar-se o mais resiliente e consistente no final da época. O que torna tudo diferente é que Redding conseguiu arrastar a decisão para o Estoril, e ainda bem para benefício do espetáculo.

Também isento de pressão, já que o título depende de um milagre, Redding parece estar a reencontrar-se com a Panigale V4R e foi o mais rápido na sexta, ao rodar em 1’36’886. “Estou muito bem com a moto, tentámos algumas afinações à tarde que não funcionaram como esperado. Mas é bom começar o primeiro dia desta”, disse o britânico de Gloucester, que voltava ao Estoril depois de já aqui ter corrido em 125cc e Moto2. Atrás dele, a 89 milésimas de segundo, ficou Toprak Razgatioglu, no dia de aniversário, em queda nos resultados desde Portimão, e que decidiu deixar de procurar uma nova afinação para cada pista em que passa. ‘Raza’ não vai estar nos testes de segunda-feira, pois ‘quero voltar a casa e fazer um ‘reset’ na minha cabeça’, disse-nos ao final do dia.

A uma décima ficou Loris Baz, com a YZF R1 privada da Ten Kate Racing. O gigante francês, a rolar pela primeira vez no Estoril, aprendeu depressa a pista e encabeçou a lista dos mais rápidos durante boa parte das sessões da manhã e tarde, mas uma queda na entrada da curva 1 terá impedido ao natural de Sallanches de melhorar o seu tempo. Baz estava muito desapontado com várias promessas de um lugar oficial em 2021 e não tem ainda definido o que fará para o ano, como nos disse no final do dia.

Jonathan Rea surgiu em quarto, a mais de meio segundo do seu rival da Aruba.it Ducati, mas sem grande preocupação. “Estive longe da volta perfeita e o teste com o composto mole deu-nos informações algo estranhas. No sábado poderemos andar mais rápido depois de limar alguns pontos, como a mudança de entrada na curva 1”.

Destaque ainda para o oitavo posto de Jonas Folger, a querer mostrar que merece um lugar para o ano neste campeonato, e para as estreias do brasileiro Eric Granado, numa das Honda da MIE Racing, de Midori Moriwaki, ou do português naturalizado, Sheridan Morais, chamado para o lugar do lesionado Sandro Cortese, na equipa da Pedercini, qualificando no 21º posto.

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Entre as ‘Supersport’, Lucas Mahias, já com a passagem assegurada para as ‘SBK’ em 2021 na equipa de Manuel Pucetti, foi o mais rápido na manhã, mas o melhor tempo sairia durante a tarde da tricilindrica MV Agusta F3 de Rafael de Rosa, a rolar num sensacional 1’40’’745. Hans Soomer, na YZF R6 da Kallio Racing, está a ter um excelente final de temporada, rolando a cinco centésimas do tempo do italiano, enquanto Mahias acabou o dia com a terceira marca. Já com o título no bolso, Andrea Locatelli, foi oitavo e teve como companheiro de equipa o angolano Vitor Barros, habitué da Copa Moto Vale, que rodou a cinco segundos de De Rosa mas nos confessou ter ainda de se habituar a uma moto muito mais alta que a sua R6 do Team Target e aos pneus ‘slick’ do mundial.

Texto: Fernando Pedrinho Martins Fotos: Victor “Schwantz” Barros