O fim de semana de grandes emoções no Circuito do Estoril com a presença do Mundial Superbike (SBK) terminou este domingo. Um dia inteiramente dedicado às corridas das categorias Superbike, Supersport e WCR (Mundial Feminino), e com o Sol a brindar o muito público presente nas bancadas do traçado português com um grande dia de ação em pista.
Nas Superbike, este domingo foi dia de se realizarem duas corridas: de manhã a Superpole (corrida curta) e da parte da tarde a Corrida 2. O título de pilotos estava em discussão e havia a possibilidade de Toprak Razgatlioglu (ROKiT BMW Motorrad WorldSBK) sagrar-se campeão já no Circuito do Estoril.
Mas a missão do piloto turco não correu a 100% como desejava.
Isto porque apesar de Toprak ter liderado grande parte da corrida Superpole, a vitória viria a ser conquistada pelo seu maior e, agora, único rival na luta pelo título Superbike, o italiano Nicolò Bulega (Aruba.it Ducati).
Toprak Razgatlioglu foi liderando a corrida ‘curta’ com alguma vantagem para o perseguidor mais direto, mas, aos poucos, Bulega vinha a conseguir encurtar a diferença para o líder da corrida e do campeonato. Até que a duas voltas da bandeira de xadrez os dois estavam novamente ‘colados’.
A BMW M 1000 RR parecia estar melhor na zona mais lenta do traçado, enquanto nas retas era a Ducati Panigale V4 R a fazer a diferença. Bulega percebeu isso na penúltima volta, e deixou precisamente para os últimos metros antes da linha de meta o seu ataque à vitória. O italiano deixou uma pequena margem para Toprak Razgatlioglu na última passagem pela Parabólica (última curva), e acelerou mais cedo e mais forte assim que entraram na reta da meta.
Os dois discutiram até à meta quem seria o vencedor, e essa honra coube mesmo a Nicolò Bulega que venceu a corrida Superpole por apenas 3 milésimas! A diferença mais curta de sempre na história do Mundial Superbike entre primeiro e segundo numa corrida.
Alvaro Bautista (Aruba.it Ducati), já sem hipóteses de defender com sucesso o seu título, contentou-se com o 3º lugar na Superpole.
Depois chegou a Corrida 2. E os três pilotos que partiram da primeira linha da grelha de partida foram novamente os principais protagonistas.
Toprak Razgatlioglu ainda demorou algumas voltas até assumir a liderança da Corrida 2, mas a partir do momento em que destronou Alvaro Bautista do topo da classificação, o líder do mundial não mais olhou para trás e levou a sua BMW M 1000 RR à segunda vitória do fim de semana no Circuito do Estoril.
Atrás do turco a luta, se é que podemos definir como ‘luta’, centrou-se em perceber qual dos dois pilotos da Aruba.it Ducati seria 2º e qual seria 3º.
Naturalmente que sem ter hipóteses de sagrar-se campeão, Bautista não atacou o seu companheiro de equipa Bulega. Mas o italiano ainda perdeu algum tempo atrás do espanhol, e quando eventualmente conseguiu passar, já Toprak Razgatlioglu estava com uma margem de quase 2 segundos de vantagem para a dupla da Ducati oficial.
A partir desse momento as coisas ficaram definidas no que às posições de pódio diz respeito, sendo que desta forma Toprak Razgatlioglu, e no que diz respeito às contas do título de Superbike, tem de ganhar 9 pontos a Nicolò Bulega na Corrida 1 da ronda de Jerez para se sagrar campeão mundial de SBK pela segunda vez na sua carreira. Este título está quase garantido, mas falta mesmo fechar as contas na última ronda da temporada.
Quanto ao português Ivo Lopes (Petronas MIE Honda Racing), as condições de piso seco eram vistas pelo piloto da Amadora como sendo uma oportunidade de rodar mais rápido, e de, com as circunstâncias certas, conseguir um ‘brilharete’ frente aos milhares de fãs que acorreram ao Circuito do Estoril para o apoia, bem como ao Gonçalo Ribeiro e ainda a Rafaela Peixoto.
Ivo Lopes viria a terminar a corrida Superpole em 20º, mas o seu maior destaque neste domingo no Estoril viria a ser a Corrida 2. Com o objetivo pessoal declarado de procurar rodar no segundo 38 e acumular mais voltas nesta quarta presença no Mundial SBK, Ivo Lopes e a sua Honda CBR1000RR-R Fireblade conseguiram ‘sobreviver’ ao passar das voltas.
Eventualmente o piloto luso cruzou a meta em 15º entre as SBK defendendo-se dos ataques finais mais intensos desferidos por Phillip Oettl, sendo que isto significa que Ivo Lopes alcançou novamente um resultado final dentro das posições de pontos.
O 15º lugar na Corrida 2 do Estoril permite ao português somar 1 ponto, o que adicionado ao ponto conseguido na Corrida 1 de sábado, dá a Ivo Lopes aquele que foi o seu melhor resultado global em termos de participação no Mundial SBK esta temporada.
Nas Supersport, categoria intermédia do Mundial SBK, a luta pelo título foi também um dos grandes motivos de interesse. E os principais candidatos ao título da categoria estiveram na linha da frente.
Yari Montella (Barni Spark Ducati) estava com vontade de repetir a dose (vitória) da Corrida 1, e reduzir mais a diferença pontual para o líder do campeonato Adrian Huertas (Aruba.it Ducati SSP). E pelo meio tínhamos Stefano Manzi (Pata Yamaha Tem Kate), que também estava de ‘olho’ no título e queria levar a discussão a três para Jerez.
Para Montella as coisas até pareciam estar a correr conforme o desejado. Liderava a corrida no Circuito do Estoril e parecia estar a caminho de mais uma vitória, encurtando mais ainda a diferença pontual para Huertas, com o espanhol a não conseguir ser mais rápido do que Manzi em pista, e por isso tinha de se contentar com o terceiro lugar atrás do italiano da Yamaha R6.
Mas num ‘golpe de teatro’ com implicações profundas no que às contas do título de Supersport diz respeito, Montella não evitou uma queda na curva 7 do Circuito do Estoril, e viu Stefano Manzi e Adrian Huertas conseguirem ser 1º e 2º na bandeira de xadrez.
Isto significa que no campeonato temos agora Huertas com 410 pontos, mais 45 pontos do que Manzi, que por sua vez ultrapassou Montella na classificação. O piloto da Barni Spark Ducati deixa de poder ser campeão porque tem agora 56 pontos de diferença para Adrian Huertas quando estão 50 pontos por disputar em Jerez.
A luta vai ser entre Huertas e Manzi, sendo que o líder do campeonato tem apenas de ganhar 5 pontos a Manzi na Corrida 1 no circuito andaluz para se sagrar logo campeão.
Nesta ronda portuguesa do Mundial SBK tivemos também a presença do português Gonçalo Ribeiro (Fifty Motorsport) na categoria Supersport.
Ao fim das 18 voltas da Corrida 2, o piloto de Lousada conseguiu cruzar a meta com a sua Yamaha R6 em 21º, fechando em tom mais positivo a sua estreia neste mundial das ‘seiscentos’ tendo em conta que uma queda na Corrida 1 do Estoril obrigou-o a abandonar e a não cruzar a meta, conforme era o seu objetivo declarado para este fim de semana de muita aprendizagem.
Por último, na corrida do Mundial Feminino, que integra o Mundial SBK, disputada este domingo, em que o título também podia ficar decidido este fim de semana, mas em que a campeã apenas vai ser conhecida em Jerez fruto dos resultados no Estoril, tivemos a estreia de Sara Sanchez (511 Terra&Vita Racing) no degrau mais alto do pódio.
Com todas as pilotos aos comandos de motos Yamaha R7, foi com naturalidade que vimos as primeiras classificadas do campeonato assumirem as ‘despesas’ da Corrida 2.
Maria Herrera (Klint Forward) não queria deixar Ana Carrasco (Evan Bros Racing) voltar a ganhar-lhe pontos como tinha acontecido no sábado, mas a estas duas espanholas juntaram-se ainda Sara Sanchez e Beatriz Neila (Ampito Pata Prometeon). O quarteto rodou junto durante quase toda a corrida, com inúmeras trocas de posição.
Por fim, seria Sara Sanchez, que num final de cortar a respiração, consegue vencer e roubar a vitória a Ana Carrasco mesmo em cima da linha de meta. A diferença entre ambas cifrou-se em 0.032s! O pódio ficou completo com a presença de Maria Herrera, que assim viu Ana Carrasco a distanciar-se mais um pouco quando tudo está por decidir no Mundial Feminino na ronda de Jerez.
Nesta categoria destacamos também a estreia da piloto Rafaela Peixoto. A jovem portuguesa natural de Sintra enfrentou este convite para ser “wildcard” no Circuito do Estoril como uma forma de aprendizagem frente às melhores pilotos do mundo.
Mas, para além do natural ‘nervoso’ por estar a competir numa categoria totalmente nova e logo num mundial, juntou-lhe ainda a primeira vez que pilotou uma Yamaha R7, ela que compete ainda nas Supersport 300 do CNV Moto.
Rafaela Peixoto saldou a sua estreia no Mundial Feminino com um 22º e um 20º lugar, respetivamente na Corrida 1 e Corrida 2.
Mas, mais do que a posição em pista, basta perceber que a sua melhor volta em corrida melhorou cerca de 3,5 segundos de um dia para o outro, o que revela que esta presença no mundial foi sublinhada pela sua evolução em termos de registo por volta.
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