Este motor com 650 cc assume-se como o mais potente de sempre da Mash, alargando o portefólio e deixando a porta entreaberta a novas soluções no futuro que possam “casar” bem com este mono de grande capacidade. Assim, os clientes da marca francesa passam a ter uma oferta ainda mais alargada, que vai desde as pequenas 50 cc até às 650 cc! E se falarmos na família Dirt Track, vemos claramente que a aposta é a mais forte dos últimos anos da marca, pois a gama de modelos “Dirt” inicia-se nos 50 cc, passando pelos 125 cc, 250 cc e 650 cc! Nada menos do que quatro versões distintas, dentro do mesmo conceito.
Este contacto com a Mash Dirt Track 650 encontra-se na edição Nº 1489 (Agosto de 2020) da Motojornal em https://fast-lane.pt/produto/motojornal-1489/
A estética da nova “seis e meio” é simples, mas atual o suficiente para fazer virar cabeças e nos fazer sentir especiais, sentimos até que rodamos aos comandos de uma moto preparada por nós, pois são modelos que ainda não são muito vistos por cá. Que é uma tendência, é inegável e a marca asiática, mas distribuída a partir de França, conseguiu ver aqui uma fantástica janela de oportunidade. E o preço? Quando o dissermos, nem vão acreditar no quão competitivo é e muito provavelmente dissipará qualquer réstia de dúvidas que ainda possam ter…
Inspiração? São várias…
A estética atrai-nos o olhar e a simplicidade ganha destaque. No entanto, conseguimos ver alguns pormenores que nos remetem para as marcas e modelos que têm alinhado nas pistas de flat track um pouco por todo o mundo e na américa em particular. Uma mescla que resulta e resulta muito bem. Sentimo-nos diferentes da maioria, com uma moto que embora totalmente de série, parece que foi personalizada. E por esta altura, já denoto alguma impaciência em saber como se comporta, efetivamente… Vamos já diretos ao assunto!
Confiança e polivalência
Como foi supra referido, a imagem da Dirt Track 650 é muito simples, mas isso não quer dizer que seja parca em pormenores. De todo! Desde logo o conjunto depósito/assento/secção traseira, deixam clara a inspiração, com a cereja no topo do bolo a ser toda a zona frontal, onde o guiador largo, a suspensão invertida, placa de número dianteira com pequeno farol de halogéneo assumem protagonismo. Os para lamas minimalistas, pneus Kenda de piso misto específicos para as pistas ovais e o próprio lugar que o bloco assume, continuam a dar um aspeto muito cuidado e dinâmico.
Por fim, o duplo amortecedor lateral com reservatório independente o escape, as tampas laterais e o painel de instrumentos totalmente digital, revelam esse cuidado de que falávamos. Quando nos sentamos aos seus comandos pela primeira vez, notamos que oconjunto é compacto, com uma posição de condução um pouco diferente ao que estamos habituados, mas ainda assim com altura do assento ao solo muito acessível (780 mm) que em conjunto com o baixo peso (163 kg a seco) nos transmite grande confiança, até mesmo aos menos experientes. Embora a posição de condução nos faça assumir uma posição ligeiramente curvada do tronco, não é desconfortável. As vibrações estão presentes em todos os momentos, mas não interferem no conforto, aumentando em paralelo com a subida de rotações do monocilindro.
A suspensão invertida na frente (com bainhas de 43 mm) é robusta mas não permite ajustes, ao contrário do duplo amortecedor traseiro que nos permite intervir na pré carga da mola. O setting é mais para o firme do que para o permissivo, mas acabam por assumir bom compromisso nos diversos cenários, incluíndo breves incursões fora de estrada. Ao nível da estabilidade, mostra-se algo instável quando rodamos depressa, com o conjunto a acusar alguma sensibilidade ao toque no guiador. Os pneus Kenda nunca deram sinais de insegurança, transmitindo-nos confiança suficiente para nos fazermos às curvas de forma determinada.
As correções de trajetória também não são problema. A travagem é assegurada por um disco de 320 mm na frente e um de 240 mm atrás, com ABS (que pode ser totalmente desligado através de um comando colocado no punho esquerdo). O tato não é o melhor e é muito fácil fazermos com que o ABS entre em funcionamento. Já agora salientar que o ABS apenas dá para desligar totalmente na roda traseira, permitindo assim brincadeiras nas ovais onde o que conta é, efetivamente o travão traseiro.
A estreia do grande mono
Até ao lançamento da Dirt Track 650, o motor de maior capacidade da Mash era o 400 cc. O “novo” mono apresenta 647 cc de capacidade, a 4T, refrigerado a ar e óleo, capaz de debitar uma potência de 40 cv às 6000 rpm. Um bloco que cumpriu 30 anos de existência em 2018, uma vez que base é o bloco utilizado em modelos como a Honda Dominator. Uma excelente proposta para os portadores de carta A2. Na prática o que sentimos é que o bloco de um cilindro está “sedado” para cumprir as exigências da norma Euro4, notando-se que podemos extrair muito mais dele…
No entanto, as prestações são equilibradas, o bloco mostra-se cheio e disponível, principalmente nas baixas e elevadas rotações. As recuperações requerem o seu tempo e espaço. A caixa está bem escalonada e tal como a evolução que o motor sofreu com a introdução da injeção eletrónica Delphi, também a caixa de velocidades apresenta agora (em relação à Dominator) mais uma velocidade, seis, portanto. A caixa está bem escalonada mas obriga-nos a ser muito determinados nas trocas para não corrermos o risco de meter alguns “pregos”.
Outros pormenores
Como já foi dito, é uma moto com muitos e cuidados detalhes. Os pousa-pés vêm revestidos com borracha, mas esta dá para retirar para termos mais tração no fora de estrada e quando usada com botas, colocando em evidência a polivalência. As manetes não têm regulação e os punhos são demasiado finos que acabam por fazer doer um pouco as mãos, nos primeiros quilómetros, depois esse efeito deixa de nos incomodar. O tampão do depósito é estilo Monza Cap, remetendo-nos para as motos de competição de outros tempos. O design do assento é muito elegante.
O painel de instrumentos apresenta boa leitura, é digital e tem a informação básica como as rotações, velocidade, nível do combustível, quilómetros total e um parcial. Para colocar o “trip” a zeros temos que pressionar ambos os botões do painel em simultâneo. E agora, a “tal” cereja no topo do bolo que falámos no início do texto, é que tudo isto está à distância de uns acessíveis 5245€, chave na mão! Convencidos?
Este contacto com a Mash Dirt Track 650 encontra-se na edição Nº 1489 (Agosto de 2020) da Motojornal em https://fast-lane.pt/produto/motojornal-1489/