Depois de Maverick Viñales ter anunciado, na quarta-feira passada, a sua permanência na Movistar Yamaha até ao final da temporada de 2020 de MotoGP, aumentou ainda mais a expectativa acerca do futuro do seu companheiro de equipa. Valentino Rossi disse no final da temporada passada que só tomaria uma decisão depois dos primeiros grandes prémios do ano; porém, logo após o primeiro dia de testes em Sepang o Dottore deixou no ar a possibilidade de decidir ainda antes do primeiro GP do ano, no Qatar. Depois de ter liderado a tabela de tempos boa parte do dia, Rossi terminou em 6.º, mas bastante mais animado do que no ano passado quando percebeu que a sua moto lhe iria dar uma dor de cabeça.
A Yamaha tem um chassis totalmente novo baseado, como Rossi queria, no de 2016, e parece ter tido já a aprovação dos pilotos oficiais, que têm à sua disposição dois motores diferentes, tendo trabalhado muito na electrónica.
Com isto, Rossi terminou o primeiro dia – que ele sabe ser sempre o mais complicado do ponto de vista físico e de regresso ao ritmo – optimista.
Na Honda há também muitas novidades, umas mais visíveis que outras. Novo conjunto aerodinâmico neste primeiro teste e motores novos.
Cal Crutchlow já tinha arranjado uns novos arranhões devido a uma queda de bicicleta durante a a pausa invernal, e iniciou os treinos de pré-temporada com novo tombo. O piloto britânico da LCR Honda Castrol abriu a contagem das quedas no primeiro dia de testes em Sepang, mas foi uma queda inofensiva e sem consequências.
O britânico foi dos que menos voltas completou, apenas 38, terminando no 9.º lugar da tabela, a 1.095 s de Pedrosa, o mais rápido.
Os pilotos da equipa oficial Ducati tiveram a primeira oportunidade de rodar na GP18, uma vez que nos testes de Valência, em Novembro, a moto não estava ainda pronta. Depois de dias antes Casey Stoner ter deixado boas indicações nos testes privados aqui em Sepang, Andrea Dovizioso e Jorge Lorenzo estavam bem satisfeitos no final do primeiro dia. Aparentemente a nova Desmosedici está agora mais ao gosto de Jorge Lorenzo do que no ano passado, e Dovi vê também melhorias em relação à versão anterior. Danilo Petrucci também tem disponível a GP18.
Na Tech3, depois do anúncio inesperado de Jonas Folger, a equipa francesa foi recrutar Yonny Hernandez. O piloto columbiano regressa assim às MotoGP mas, para já, apenas para estes testes de Sepang. Hervé Poncharal conta anunciar em breve o nome do piloto que vai substituir Folger na equipa esta temporada.
Johann Zarco encarou o primeiro dia com calma e fez o 8.º melhor tempo, usando a M1 de 2017, que apesar de ter dado problemas a Rossi e Viñales ao longo da temporada passada, Zarco parece não desgostar.
Moto nova também para a Aprilia, com Aleix Espargaró a ver alguns dos seus desejos cumpridos pelos engenheiros italianos na melhoria de alguns aspectos da RS-GP.
Scott Redding também vê grande potencial na nova moto, agora testada pela primeira vez por ambos os pilotos da Aprilia Racing Team Gresini.
Declarações:
1. Dani Pedrosa (56 voltas, 1’59.427)
«Claro que é bom começar os testes com o melhor tempo, por isso estou contente. Tivemos alguma chuva de manhã e por isso a oportunidade de rodar com pneus de chuva, e sentimo-nos bem desde o início. À tarde, depois da pista secar, o asfalto foi melhorando volta após volta, e isso foi positivo pelas muitas alterações que tivemos que ir experimentando. Temos aqui três motos e têm a mesma configuração, mas motores diferentes. Basicamente trabalhámos no conjunto do motor, tentando recolher o máximo de informação possível e tentar perceber as sensações com cada motor diferente; essa é uma das áreas principais que queremos trabalhar neste teste. Há ainda pontos em que precisamos de trabalhar de modo a perceber mais. Também precisamos de fazer mais voltas com pneus usados, já que hoje não fizemos simulações de corrida. Claro que ainda estamos no início, mas para já as sensações são boas.»
2. Andrea Dovizioso (35 voltas, 1’59.770)
«Estou muito satisfeito com o primeiro dia de testes e com as sensações com a Desmosedici GP18. A nova moto dá-me boas sensações, especialmente quando largo os travões e a insiro em curva. Ainda é muito cedo para dar uma opinião definitiva, mas estou contente com o modo como iniciámos este teste. Esperemos que o tempo nos próximos dias nos permita levar a cabo o trabalho agendado e os testes de comparação, como tínhamos previsto.»
3. Jorge Lorenzo (38 voltas, 1’59.802)
«As sensações com a nova moto foram boas logo desde o início e este primeiro teste de 2018 começou de forma positiva. A GP18 é muito mais próxima do meu estilo de pilotagem e curva melhor com acelerador a meio da curva. Conseguimos um bom tempo no primeiro dia num circuito tão particular como o de Sepang, e ver quatro Ducati entre os cinco primeiros é positivo, claro. Tenho a sensação de que estamos no caminho certo, embora, claro, ainda tenhamos que melhorar nalguns aspectos.»
4. Danilo Petrucci (30 voltas, 2’00.123)
«Tenho que dizer que estou muito feliz por começar assim. Há sempre alguma pressão no primeiro dia e depois de dois meses sem pilotar uma MotoGP, este é um resultado muito bom. Gosto muito da nova moto, é intuitiva e posso puxar mais em várias partes do circuito. Não há nenhum ponto onde a moto seja muito melhor ou pior, mas torna tudo muito mais fácil. O motor é fluído e isso permite-me seguir o meu instinto.»
5. Jack Miller (43 voltas, 2’00178)
«Trabalhámos muito no ritmo de corrida, também a pensar nos pormenores, passo a passo. Também testámos diferentes pneus e senti-me confortável com todas as soluções. O ritmo com o pneu médio foi já muito positivo e no final da sessão consegui melhorar com o macio. A sensação é realmente muito positiva. Mesmo sendo apenas o primeiro dia de testes, posso dizer que estou muito satisfeito com a moto.»
6. Valentino Rossi (50 voltas, 2’00.233)
«Estou contente, porque em Novembro fizemos um bom trabalho. Conseguimos uma melhor compreensão, depois da confusão que vivemos em 2017. O chassis agora é novo, é uma evolução baseada no de 2016. Quando piloto com este chassis sinto-me melhor: a minha pilotagem é mais natural, sinto mais a frente da moto, e quando puxo consigo uma boa velocidade. Depois também nos concentrámos noutras áreas. Testámos dois motores diferentes para melhorar a aceleração e não são maus, e a velocidade máxima também é boa. Precisamos de trabalhar na electrónica, especialmente para poupar o pneu traseiro, mas a primeira impressão é positiva.»
7. Marc Marquez (51 voltas, 2’00.290)
«Foi um dia intenso para todos porque, quando voltas a montar-te na moto depois do Inverno, precisas de encontrar de novo o ritmo e, especialmente aqui, a forma de pilotar numa pista exigente. Dito isto, estou bastante contente pelo modo como começámos, porque estive a trabalhar com três motos equipadas com motores diferentes, um do ano passado e dois com especificações novas, por isso foi um dia intenso. Tivemos que ajustar muitas coisas, o que é normal, mas para já o novo motor parece ser melhor. Temos mais dois dias para continuar a melhorar as afinações e continuar a trabalhar no motor, electrónica, aerodinâmica, etc. Foi apenas o primeiro dia, mas as sensações e o ritmo foram positivos.»
8. Johann Zarco (62 voltas, 2’00.421)
«Foi um bom dia de abertura. Começámos o dia no molhado e as minhas sensações foram positivas nessas condições. Comecei o dia lentamente, e fui-me habituando à velocidade a pouco e pouco. Comparado com a corrida aqui em molhado, a minha sensação foi positiva e senti-me competitivo, para além disso tive um bom controlo da moto. Mais tarde, tivemos condições quase ideais, não havia muitas manchas de húmidade na pista. Já no ano passado sentia um grande potencial com o pneu usado. Não temos uma grande perda, o que são fantásticas notícias para preparar toda a temporada. Agora precisamos de uma prestação melhor com os pneus novos para baixar para 1’59. Portanto, apenas precisamos de entender melhor algumas coisas, mas levar as coisas com calma.»
9. Cal Crutchlow (38 voltas, 2’00.522)
«Hoje foi um bom dia. Estamos mesmo muito satisfeitos com o trabalho que a Honda fez ao longo do Inverno e temos que lhes agradecer por isso. A LCR Honda Castrol trabalhou muito também como uma unidade, é bom estar de volta e trabalharmos juntos de novo depois do defeso. Foi um dia positivo porque fui sempre rápido, e amanhã tentaremos melhorar o tempo por volta, mas de um modo geral estou contente».
10. Aleix Espargaró (40 voltas, 2’00.866)
«Hoje foi como o primeiro dia de escola. As primeiras duas horas foram exigentes depois de tanto tempo sem pilotar uma MotoGP, mas a pouco e pouco fui reconquistando as sensações. A primeira abordagem com a moto novo foi decididamente positiva. Especialmente em termos do quadro, a RS-GP de 2018 permite-me entrar melhor em curva e isso reflecte os meus pedidos aos engenheiros da Aprilia. Ainda temos uma grande margem de melhoria. A moto está a 75% e chegaremos aos 100% nos testes do Qatar. Amanhã continuaremos a trabalhar na moto de 2018, enquanto que no terceiro dia faremos alguns testes comparativos para ter uma ideia clara no desenvolvimento daqui até à primeira corrida.»
11. Alex Rins (63 voltas, 2’00.627)
«Bom, a verdade é que este primeiro dia foi muito positivo, assim como testar a nova moto. Pudemos ver como as coisas estão neste momento, e encontrámos coisas positivas e outras negativas. De manhã a pista estava molhada, mas as sensações foram boas, e mais tarde ficaram ainda melhor. Um dos principais problemas que enfrentámos no ano passado foi a entrada em curva, mas nessa área já estamos muito melhores. Também houve melhorias no chassis. Fisicamente sinto-me bem, exceptuando o calor!. Amanhã continuaremos a trabalhar na nova moto».
12. Takaaki Nakagami (64 voltas, 2’00.664)
«Foi um grande primeiro dia para mim, foi a primeira vez que pilotei uma MotoGP em Sepang. As condições estavam realmente difíceis, mas consegui completar muitas voltas em piso seco e aumentar o meu entendimento com os mecânicos e como tirar mais partido desta moto. Fazemos algum bom progresso, em todas as saídas para a pista melhorámos e tive boas sensações com a moto. No final do dia tentámos usar o pneu mais macio pela primeira vez e o tempo por volta foi bastante competitivo. De um modo geral, o bom é que tenho boas sensações com as moto e começo a perceber melhor os Michelin. Esse é o nosso objectivo, o que significa que foi um bom primeiro dia. Veremos como corre amanhã.»
13.º Maverick Viñales (72 voltas, 2’00.714)
«Trabalhei realmente duro, especialmente quando a temperatura estava mais elevada, tentando reproduzir um dia de corrida. Estou contente, melhorámos muito desde a manhã e acho que temos um bom conjunto. Especialmente depois dos próximos dias, acho que sairemos daqui com uma boa moto, e estou entusiasmado com isso. De qualquer modo, precisamos de continuar a trabalhar e precisamos de entrar no ritmo. Sinto-me bem na moto e isso é o mais importante. Hoje não testei chassis diferentes, concentrei-me na electrónica e em muitas diferentes afinações, veremos amanhã. Como disse, acho que depois dos próximos dias vamos sair daqui com um bom conjunto e dar os passos certos. Quero completar voltas e compreender tudo.»