Decorreu hoje em Valência o primeiro dos dois dias de testes de pré-temporada que dão o pontapé de arranque para a temporada de 2018.
Apenas dois dias depois do final do campeonato os pilotos voltaram à acção, para começar a preparação da próxima época. Foi oportunidade também para ver alguns pilotos a testar pela primeira vez as novas montadas depois de terem trocado de equipa, ou ainda ver os rookies a rodar pela primeira vez com uma MotoGP.
No final do dia seria Maverick Viñales a terminar com o melhor tempo, depois de também Marc Marquez e Johann Zarco terem passado pelo topo da tabela de tempos. Os nove primeiros rodaram abaixo da volta mais rápida na corrida no domingo passado.
O dia ficou ainda marcado por várias quedas, algumas bastante aparatosas, como a de Valentino Rossi na curva 10, destruindo uma das suas Yamaha M1, ou a de Karel Abraham, cuja Ducati também ficou irreconhecível depois da queda do checo na curva 7. Menos aparatosa foi a queda de Álvaro Bautista, na curva, mas apesar de ter saído pelo próprio pé, o espanhol do Team Aspar teve que passar pelo hospital local, onde após alguns exames não lhe foi detectada qualquer lesão, apesar das queixas de fortes dores nas costas.
Depois de um final de temporada complicado para os pilotos Yamaha, adensa-se a confusão: Johann Zarco que usou a M1 de 2016 ao longo do ano conseguiu o seu melhor tempo com a M1 de 2017, terminando o dia no segundo lugar, enquanto que Maverick Viñales, foi o mais rápido com a M1 com chassis de 2016, o mesmo com que no domingo não foi além de 12.º no final da corrida.
Os pilotos da Yamaha, quer os da equipa oficial, quer Johan Zarco, comparam directamente ambas as motos durante este primeiro dia de testes, e Rossi e Viñales experimentaram ainda uma nova carenagem com uma solução aerodinâmica muito semelhante às da Ducati e Aprilia.
Para Rossi é preciso desenvolver a moto de 2018 a partir da de 2016, ele que caiu usando já um protótipo do motor do próximo ano.
Johann Zarcou comentou no final do dia que a moto de 2017 é mais fácil de pilotar, sendo mais fácil de controlar em travagem, tornando-se menos exigente fisicamente.
Marc Marquez e Dani Pedrosa também tiveram oportunidade para testar uma evolução da Honda RC231V ao longo deste primeiro de testes no circuito Ricardo Tormo.
Quem parece ter estado muito à vontade com uma moto diferente daquelas que pilotou até ao final da temporada que agora acabou foi Jack Miller. O australiano parace ter-se adaptado muito bem à Ducati da Pramac e terminou o dia com o quinto melhor tempo, a 0,446 s de Viñales. Tito Rabat, agora com a Ducati da Reale Avintia foi 13.º, e Scott Redding estreou-se com a Aprilia do Team Gresini no 15.º lugar.
Quanto aos rookies, Takaaki Nakagami, com a Honda da LCR foi o melhor deles, com o 17.º melhor tempo, a 2,534 s de Viñales, seguido de Franco Morbidelli, com a Honda da Marc VDS, enquanto que Xavier Simoeon – vítima e uma queda – foi 20.º.
O recém-coroado campeão mundial de Moto2, estava muito satisfeito no final do seu primeiro dia aos comandos de uma MotoGP: «Foi um bom primeiro dia e desfrutei muito na moto. Foi bom finalmente testar a MotoGP e foi bom ter começado a trabalhar com a minha nova equipa de técnicos do HRC e da Michelin», disse Franco Morbiselli. «As maiores diferenças em comparação com a Moto2 estão na potência, que é espectacular, mas com uma entrega muito amigável, e na travagem, que é muito mais exigente fisicamente que na Moto2, principalmente porque chegamos às curvas muito mais depressa. Já começámos a tentar melhorar a moto para mim, e amanhã continuaremos esse trabalho. O Valentino e o Marc passaram ambos por mim hoje e acho que abrandaram à minha frente, talvez para me mostrar as trajectórias, e isso foi um momento muito emocional para mim», concluiu o italiano.
Os pilotos da Suzuki, Andrea Iannone e Álex Rins, afectados por um vírus no estômago, não rodaram neste primeiro dia.
Os testes terminam amanhã no circuito Ricardo Tormo, e os próximos testes oficiais realizam-se a partir de 30 de Janeiro, em Sepang, na Malásia.
Declarações dos três primeiros:
Maverick Viñales: «Foi a mesma moto do fim-de-semana, senti-me muito melhor a puxar pela moto, e desde o primeiro momento desta manhã senti-me muito bem. Durante todo o dia, mesmo com o mesmo pneu durante 27 voltas, pude rodar em 1’31 baixo. Por isso desfrutei muito hoje, depois do desastre do fim-de-semana, voltei a desfrutar da pilotagem. Senti-me forte outra vez. Testámos algumas coisas, com positivos e negativos, mas o tempo por volta esteve sempre lá. Acho que fizemos um bom trabalho, pilotando com a afinação de corrida e o depósito cheio, e trabalhámos muito nessa área. Depois fizemos o ataque ao tempo e senti-me muito bem. Nada foi diferente – um click na suspensão, o dia todo assim. Fui rápido com a moto de 2016 e também com a de 2017, ambas têm aspectos positivos e negativos. Sinto mais potencial na de 2017, mas se a moto estiver a funcionar como hoje. A nova carenagem funciona bem nalguns pontos negativos da moto, gostei. Vamos testá-la de novo em Sepang e noutros testes.»
Johann Zarco: «Estou contente e gostei da nova moto. Comecei com a de 2016 que usei durante o ano para ganhar algumas referências e sensações. Depois testei a versão de 2017 e, de uma forma geral, tive boas sensações na travagem, o que é importante. Quando começamos uma corrida, ter mais controlo na travagem significa que podemos lutar melhor, por isso fiquei satisfeito. Tentei uma volta rápida com pneus novos e não fiquei longe do meu tempo de qualificação no sábado, fui apenas 0,1 s mais lento. No entanto, usei menos energia na moto, por isso para mim o teste à nova moto foi muito positivo.»
Marc Marquez: «Hoje usámos a nossa moto actual, depois a mesma moto com pequenas alterações e depois o protótipo, e não posso dizer muito porque ainda precisamos de ajustar muitas coisas – é um novo chassis, novo motor, novo escape, muitas coisas diferentes – e agora é importante perceber bem e tentar melhorar amanhã, para perceber quais são os melhores pontos e também os mais fracos, e depois encontrar um compromisso. Quando saí hoje de manhã a motivação estava em alta, mas imediatamente quase caí e disse, ok, vamos voltar ao modo normal! Mas depois disso senti-me muito bem em cima da moto, desfrutamos quando somos campeões e tudo é diferente. A abordagem aos treinos é diferente, mais calma e tentando perceber as coisas, porque agora que sabemos que fomos campeões e que o mais importante é entender a moto e não apenas ser rápido».
Classificação final do primeiro dia aqui.