Texto: Rui Marcelo. Fotos: Rui Jorge/Multimoto.
As naked Kawasaki sempre conseguiram um lugar interessante quer no mercado nacional, quer mundial. Se bem que isso nem sempre se traduza em unidades vendidas, totais ou parciais (por segmento), certo é que as naked Kawasaki são sinónimo de qualidade, prestações, estilo particular e uma filosofia de índole desportiva, ou muitos desses modelos não fossem derivados das máquinas desportivas.
Entre a classe mais baixa, neste caso a “porta” de acesso aos encartados em duas rodas, a marca nipónica nunca teve uma proposta real, sendo o limite inferior a categoria das naked de 300 cc, entretanto este ano substituída pela nova naked Z400. A partir daí, subindo na cilindrada, muita opções e possibilidades de escolha, muito à imagem que a marca sempre defendeu e protagonizou no segmento, sobretudo nas cilindradas acima dos 750 cc.
[cq_vc_sidebyside card1title=”DESTAQUES” card1titlecolor=”#000000″ card1content=”Cilindrada: 125 cc
Potência: 15 cv/ 10000 rpm
Peso: 146 kg
Preço: 4.990€ ” card1contentcolor=”#000000″ dividerbg=”#ffffff” dividercolor=”#333333″ card2avatar=”image” card2image=”22153″ cardshape=”cq-rounded” cardstyle=”customized” card1bg=”#66cc00″ card2bg=”#66cc00″]
Os tempos são outros e perante a sempre crescente – embora já nada nova – procura de modelos de iniciação e sobretudo passíveis de serem utilizados quer pelos recém-encartados, na categoria A1, quer pelos que apenas possuem carta de automóvel, a Kawasaki decidiu avançar para a disponibilidade de um modelo concreto e capaz. Aliás, dois modelos, pois com a mesma base da Z125 naked, os técnicos criaram a Ninja 125, no fundo a mesma moto, mas “vestida” com carenagens bem desportivas e filosofia mais desportiva e menos utilitária que esta Z.
Em Portugal, e em força
A Multimoto avançou com o lançamento da nova Z125 em Portugal e escolheu a cidade do Porto para o fazer, preparando um dia de utilização que completa a lógica deste modelo: condução citadina e mais exigente (até com pisos sempre complicados com troços de paralelos e muitos carris de eléctricos “à solta”), condução turística numa estrada aberta e momentos de diversão e apelo desportivo em troços revirados de um traçado de serra.
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Tipo | Monocilíndrico, 4T, refrigerado por líquido |
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Distribuição | árvores de cames à cabeça, 4 válvulas |
Cilindrada | 125 cc |
Diâmetro/Curso | 58 x 47,2 mm |
Potência máxima | 15 cv/10.000 rpm |
Binário máximo | 11,7 Nm/7.700 rpm |
Alimentação | Injecção electrónica |
Transmissão Final | Por corrente |
Embraiagem | Multidisco em banho de óleo |
Caixa de velocidades | seis velocidades |
[/vc_toggle][vc_toggle title=”CICLÍSTICA” style=”rounded” color=”orange”]
Quadro | Treliça tubular em aço |
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Pneu dianteiro | 100/80 – 17’’ |
Pneu traseiro | 130/70 – 17’’ |
Suspensão dianteira | Forquilha telescópica, Ø37 mm, curso 110 mm |
Suspensão traseira | Mono-amortecedor de acção directa, curso 120 mm |
Travão dianteiro | Disco Ø263 mm, pinças de 2 êmbolos e ABS |
Travão traseiro | Disco Ø193 mm, pinça de um êmbolo |
[/vc_toggle][vc_toggle title=”PESO E DIMENSÕES” style=”rounded” color=”orange”]
Comprimento máximo | 1935 mm |
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Largura máxima | 740 mm |
Altura do assento | 815 mm |
Distância entre eixos | 1330 mm |
Geometria de direcção | 23,1º/ 90 mm |
Avanço | n.d. |
Capacidade do depósito | 11 litros |
Peso a seco | 146 kg |
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A “Tour” em que participamos mostrou o acerto practicamente total que esta Z125 consegue obter nestas situações, mostrando que vem para o mercado Português e sabe ao que vem, procurando conquistar muitos motociclistas mais ou menos experientes e apaixonados, e dando cartas, fortes, num segmento onde a concorrência é isso mesmo, forte e expressiva.
A Z125 é produzida no oriente (não no Japão) com total controlo de todas as condições e processos por parte da Kawasaki. Só assim se entende que mesmo tratando-se de um modelo de menor cilindrada, estamos perante uma moto perfeitamente acabada, com muitos pequenos, mas deliciosos detalhes, com excelente qualidade mecânica, ciclística, e nos demais componentes externos.
Bons plásticos, boa pintura, bons autocolantes bons apontamentos como sejam o escape e sua cobertura final, a quilha que protege o motor junto ao cárter, a pequena carenagem frontal com uma óptica bem rasgada e tipo luz Led, ou mesmo a secção traseira, elevada e desportiva como mandam as regras. Apesar de ser uma moto para iniciantes, as dimensões são em todas as cotas bem proporcionadas e isso nota-se de imediato. Bem sentados, chega-se com total facilidade ao chão, sentindo que o assento não irá reduzir o conforto mesmo em tiradas mais longas.
O guiador plano permite um total controle da moto, e sublinha com aprumo a notável capacidade para manobras dentro da cidade, onde o raio de viragem permitido é mais que suficiente. Mas é o peso reduzido e concentrado que se destaque, assim como a linha muito estreita do depósito de gasolina, que de imediato coloca qualquer um em total à-vontade com a moto e ajuda a todo o momento a condução. Se há regras neste segmento – leia-se ligeireza, facilidade, intuição – a Z125 cumpre-as na íntegra, reforçando por outro lado que não é uma moto de brincadeira e para um público menos exigente. Claro que se poderia esperar um pouco mais do espaço (e assento) para o passageiro, ou dos próprios espelhos retrovisores que nem por isso têm grande campo de visão, mas isso numa naked desportiva nunca é fundamental, até porque este tipo de moto é na maioria das vezes para uso a solo.
Envoltos numa máquina que de facto mostra elevados sinais de qualidade, o descobrir da Z125 e das suas qualidades dinâmicas, começa pelo apreciar do funcionamento sem vibrações, silencioso e suave do motor monocilíndrico a 4 tempos. De novo a cumprir as regras da classe, a unidade desta Kawasaki chega ao limite dos 15 cavalos e tem na práctica aquilo que dele se espera: um motor suave e linear, claro que limitado em potência e a obrigar a algum hábito de uso, mas sufi cientemente progressivo e “agressivo” q.b. quando se trata de andarmos depressa.
O conjunto motor, embraiagem e caixa é muito bom (mesmo tratando-se de uma moto apenas com meia dúzia de quilómetros, sem rodagem), com bom tacto da embraiagem, bastante resistência mesmo, bom engrenamento e relações bem ajustadas para o cenário em que entremos, cidade ou estrada. Dentro dos limites que abrangem estes modelos – falta de potência e sobretudo binário para uma resposta mais rápida – o acerto das Z125 é notável, o que torna fácil a utilização pelos que se iniciam.
Depois há que explorar o suave motor (não tem quaisquer vibrações mesmo a “fundo”) e ir desfrutando da caixa, conseguindo-se uma genica muito hábil para esta categoria e perfeitamente dentro dos parâmetros mais exigentes. O limite chega aos 116 km/h altura em que o motor começa a soluçar e auto-limita-se, deixando claramente a ideia de que ainda tem mais algo para dar. Os consumos não deverão ser depreciativos, pelo contrário, e no global a Z125 é de facto uma naked equilibrada, fácil e confiante de utilizar, conheçam-se os seus limites e possibilidades.
Um equilíbrio constante
Por outro lado, a nível dinâmico, proporcionado pela ciclística deste modelo, teremos também sempre uma resposta bastante agradável, a todos os níveis. Além de fácil de manobrar como se referiu, a Z125 mesmo de dimensões não avultadas é uma moto confortável e precisa sobretudo pelas reacções da frente.
Foi curioso apreciar que nos pisos empedrados da cidade invicta, a forquilha convencional dianteira e até mesmo o reduzido amortecedor traseiro, conseguem oferecer uma resposta muito equilibrada e confortável, sem sacudir de frente e mantendo a moto quer bem “colada” ao chão, quer sempre segura. Não é muito habitual nestes modelos, por vezes excessivamente desportivos, logo mais secos na resposta e menos confortáveis.
[cq_vc_sidebyside card1title=”Kawasaki Z125” card1titlecolor=”#000000″ card1content=”A Z125 tem imagem de moto madura, elegante, desportiva, mas é jovial e muito divertida em qualquer situação. ” card1contentcolor=”#000000″ dividerbg=”#ffffff” dividercolor=”#333333″ card2avatar=”image” card2image=”22164″ cardshape=”cq-rounded” cardstyle=”customized” card1bg=”#66cc00″ card2bg=”#66cc00″]
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Na Z125 tudo acontece de forma natural, até mesmo a travagem, que é progressiva e potente, colocando de imediato à vontade os menos experientes. O ABS é presente, e beneficiador de um nível de segurança maior, mas só entra em acção quando se abusa mesmo. Muito positivos são também os pneus Dunlop que monta, pelo perfil que permite inclinar como numa desportiva, e por aderirem na maioria das situações de piso, levando a Z125 a curvar de forma muito linear e progressiva.
Nos detalhes, nota para o painel de instrumentos digital que acaba por ser algo reduzido em excesso no tamanho geral e dos próprios indicadores, sendo que deveria ter um indicador da velocidade engrenada, sempre útil nesta cilindrada e para condutores menos experientes.
Pelo preço, enquadrado em perfeição no segmento, a Z125 completa por isso uma proposta muito interessante e real, que comprova um bom negócio, até porque ao pertencer a uma marca tão emblemática como a Kawasaki, também é garante de melhor valor de retoma no momento de subir de escalão. E isso nunca deixa de ser importante para quem vier a desfrutar e evoluir dentro deste escalão, mas sonha legitimamente com progredir na classe, mesmo dentro da própria gama.