Os motores de maior performance como aqueles que vemos nas superdesportivas têm sofrido bastante para cumprir com as normativas atuais anti poluição, como acontece com a Euro 5. E no futuro quando chegar a vez de “abraçarmos” a Euro 6, essas dificuldades serão ainda maiores. Já a pensar numa solução para o problema, a Aprilia está, de acordo com uma série de registos de patentes e esquemas, a preparar-se para dotar o motor da RSV4 com um sistema de abertura variável de válvulas, ou VVT.
A ideia de alterar os parâmetros de abertura das válvulas do motor não é nova, e já muitos fabricantes utilizam nas suas motos, nos mais variados segmentos. Basta pensar na Yamaha R125 com o seu VVA, na Ducati Multistrada V4 encontramos o DVT, a BMW S 1000 RR e outros modelos da marca bávara contam com o ShiftCam, ou ainda a Suzuki GSX-R1000 com o S-VVT.
Estes são apenas alguns dos exemplos de motos que utilizam sistemas de alteração da abertura das válvulas.
No caso da Suzuki, a força por trás da utilização do VVT adveio do mundo da competição. A agora extinta GSX-RR de MotoGP utilizava o sistema, puramente mecânico, visto os regulamentos da categoria rainha impedirem a utilização de sistemas eletrónicos ou hidráulicos. O desenvolvimento na competição ajudou a aplicar o sistema na GSX-R1000 desde 2017.
Agora será a vez da Aprilia, que, a acreditar nas patentes e esquemas técnicos que chegaram recentemente ao domínio público, irá aposta no sistema VVT para a RSV4. E também ele será puramente mecânico como a Suzuki, porém, com algumas diferenças na sua conceção.
O primeiro ponto a ter em conta é se a Aprilia já tem o sistema em utilização na sua moto de competição, a RS-GP. Provavelmente a Aprilia Racing tem utilizado o sistema VVT no motor V4 da sua MotoGP nos tempos mais recentes, mas dificilmente saberemos se de facto o está a utilizar pois na categoria rainha estes detalhes técnicos são habitualmente escondidos do público.
O segundo ponto a ter em conta no VVT da Aprilia será a sua conceção técnica.
Ao contrário da Suzuki, a Aprilia desenvolveu um mecanismo mais simples do ponto de vista de componentes. Enquanto o VVT aplicado na GSX-R1000 dá uso a um total de 12 rolamentos ou esferas, que se movimentam em calhas ligeiramente curvas na cremalheira da árvore de cames, o sistema VVT da Aprilia idealizado para a RSV4 terá apenas 3 rolamentos ou esferas que se movimentam em canais radiais.
Conforme a árvore de cames roda a velocidades mais elevadas, e aproveitando a força centrífuga, as esferas movem-se para o extremo exterior dos respetivos canais, alterando a posição da árvore de cames em alguns graus relativamente à sua cremalheira. O sistema da Aprilia utiliza ainda três molas em forma de W, que se comprimem quando a velocidade de rotação aumenta e graças à força centrífuga, mas que assim que as rotações baixam, as molas conseguem suplantar a força centrífuga e reposicionam tudo na sua posição normal.
As molas poderão ser alteradas de forma relativamente fácil, e com isso os parâmetros do sistema VVT da Aprilia podem ser modificados, nomeadamente a que rotações é que o sistema vai alterar a abertura das válvulas.
E porque é que isto é tão relevante para o motor V4 da Aprilia RSV4?
A resposta é simples. Os motores deste tipo requerem que exista uma grande sobreposição na abertura das válvulas de admissão e escape – o momento em que as válvulas estão todas abertas em simultâneo – quando rodam a rotações mais elevadas. Porém, a baixas rotações, e com um sistema fixo, essa sobreposição de válvulas leva a que grande quantidade de combustível passe pelas válvulas de escape e para o sistema de escape da moto.
Como resultado, os níveis de emissões poluentes aumentam graças ao combustível que não foi queimado corretamente na câmara de combustão.
Com o sistema VVT como aquele que a Aprilia está a querer aplicar à RSV4, será possível ter o melhor dos “dois mundos”. Uma combustão otimizada tanto a baixas rotações, como performance máxima quando as rotações sobem ao limite.
Veremos quanto tempo vai demorar a Aprilia RSV4 a utilizar o novo sistema VVT. Os rumores mais recentes apontam para uma renovação do motor V4 da superdesportiva italiana em breve, e que inclusivamente será utilizado na Tuono V4, e por isso não teremos de esperar muito para ter mais informações sobre este projeto da casa de Noale.
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