A Famel acelera com nova ronda de investimento e entregas previstas para 2025

Com cerca de 100 reservas confirmadas, a Famel entra numa nova fase do seu projeto eletrificado, e anuncia nova ronda de investimento.

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Assim que falamos em Famel, muitos motociclistas, dos mais novos aos mais velhos, rapidamente se recordam da mítica XF-17, um ícone da indústria portuguesa das duas rodas. Outros motociclistas, ao ouvirem o nome da marca portuguesa, soltam um sorriso e recordam aquela frase que identifica a marca soltando um bem audível “F&0$d@-s& A Moto é Linda”!

Por tudo isto, e porque há ainda quem queira salvar ou fazer renascer a paixão pela Famel em Portugal, e além-fronteiras, foi hoje anunciado num evento realizado bem no centro de Lisboa, o início de uma nova ronda de investimento no projeto português que aposta na mobilidade urbana eletrificada.

Isto porque a histórica marca portuguesa, refundada por Joel Sousa, o seu CEO, integra agora o Fundo Novus gerido pela Magnify Capital Partners (empresa de capital de risco), com participação do Banco Português de Fomento (63%), procura atrair novos investidores para este projeto nacional em que a montagem das novas Famel elétricas será realizada em parceria com uma fábrica de bicicletas em Anadia.

“Há dez anos tive o sonho de pegar nesta histórica marca portuguesa e recuperá-la. É uma marca que está no coração dos portugueses, com um legado incrível e que estava ligada às vilas, mas hoje, com estes dois modelos (E-XF Clássica e Café Racer), pretendemos trazê-la para as cidades e torná-la numa referência na mobilidade sustentável urbana”, refere, orgulhoso, Joel Sousa.

O lado mais emocional da renascida marca portuguesa fica bastante vincado principalmente com o interesse que têm recebido por parte das comunidades de emigrantes portugueses, espalhados por diversos países europeus, mas principalmente em França.

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Joel Sousa, CEO da Famel

Até agora, os investidores qualificados que tinham dado o ‘OK’ ao seu investimento tinham colocado neste projeto um mínimo de 100 mil euros cada.

Porém, o Fundo Novus, cujos projetos em que investe estão sob maior escrutínio ao integrar o Banco de Fomento, abre com esta nova ronda de investimento a ‘porta’ a que investidores não qualificados, ou privados, possam também integrar o investimento, investindo valores mais baixos, e ajudar a marca a definitivamente arrancar para um futuro que se espera tão brilhante, como é eletrizante.

Foi com esta ideia em mente que neste 10 de setembro estivemos no Palácio do Visconde, localizado numa das típicas zonas lisboetas em que o trânsito é mais caótico (tal como o estacionamento) e onde a utilização da E-XF mais fará sentido facilitando a vida dos motociclistas.

A escolha deste local não foi inocente, conforme acabou por reconhecer Joel Sousa, licenciado em engenharia automóvel.

Na sua visão, o renascimento da Famel, nascida originalmente em 1949 e agora em modo elétrico, com a chegada ao mercado da E-XF equivalente a uma 125 cc a combustão, não só acontece por questões emocionais que os portugueses têm por esta marca tão ligada às nossas vilas e pequenas localidades de Norte a Sul do País, mas porque é importante apostar num projeto que se adapta à sociedade moderna e, mais concretamente, à mobilidade urbana sustentável.

Um ‘meio ambiente’ onde a E-XF se destacará pelas suas capacidades dinâmicas, facilidade de utilização, prestações e economia de utilização sem emissões poluentes.

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Mesmo com cerca de 100 reservas confirmadas até ao momento, a Famel e o Fundo Novus têm vindo a aperceber-se que as estimativas de investimento que foram feitas num primeiro momento do projeto pecaram por defeito.

Basicamente, os cerca de 2,5 milhões de euros de investimento já conseguidos não são suficientes para concretizar tudo aquilo que os responsáveis da marca pretendem, nos moldes em que pretendem.

Isto levou à criação da nova ronda de investimento aberta a qualquer pessoa, o que, a correr conforme previsto, e tendo em conta o interesse já demonstrado por diversos interessados, deverá acelerar o processo. Os potenciais investidores deverão contactar diretamente o Fundo Novus através do ser website e a partir daí serão ‘direcionados’ até poderem finalizar o seu investimento na Famel.

Do ponto de vista industrial, e para além da já referida parceria com uma fábrica na Anadia que irá ficar encarregue da montagem das novas Famel E-XF elétricas, ficámos hoje a saber mais alguns detalhes desta nova moto elétrica portuguesa, que durante a primavera de 2025 começará a ser entregue aos seus proprietários.

Um dos detalhes que mais se destaca é a utilização da Inteligência Artificial (IA).

O Fundo Novus está ligado a projetos de IA e quer, em conjunto com Joel Sousa, otimizar o projeto Famel recorrendo a ferramentas de IA que ajudarão nas mais diversas vertentes. Por exemplo, a conectividade, uma característica que ainda está em desenvolvimento, e que por isso ainda não permitiu definir o preço final da moto, sendo que o PVP estimado é de 6.500€.

O PVP da E-XF também está a ser afetado por fatores imprevistos, como a inflação ou aumento das matérias primas. Ainda assim, a vontade da marca é não elevar em demasia o valor final, pois isso irá afastar potenciais clientes que deixarão de ver as vantagens da aquisição de uma moto elétrica portuguesa face a outras propostas.

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O CEO da marca pretende que a conectividade incluída na nova E-XF não seja apenas uma ligação ‘normal’ proprietário / moto. O fator diferenciador desta conectividade é que irá funcionar como uma forma de integrar os proprietários de modelos da marca numa comunidade dinâmica, e tudo isto suportado pela otimização conseguida com o uso de ferramentas de IA.

Por outro lado, podemos destacar a questão do fabrico, ou origem das novas Famel.

Enquanto marca portuguesa, é desejo dos seus responsáveis que a marca consiga, no futuro, ser conhecida pelas suas motos fabricadas com recurso a componentes 100% nacionais. Porém, esse é um sonho que (ainda) não é possível passar a realidade, pois é complicado garantir o fornecimento de todos os componentes a partir de origens portuguesas.

Atualmente a moto elétrica portuguesa é composta por componentes europeus e chineses à proporção de 80 / 20%, sendo que dos componentes europeus, 50% são feitos em Portugal.

O motor, que é de fabrico europeu, permite à Famel dar um apoio alargado aos clientes e, de acordo com a marca, será garantia de maior qualidade de fabrico e fiabilidade, ou as baterias (duas) que são amovíveis e permitem à E-XF anunciar uma autonomia de cerca de 120 km em percursos urbanos.

Autonomia essa que poderá ser estendida por mais alguns quilómetros, pois confirmámos hoje com Joel Sousa que a E-XF conta com sistema de regeneração de energia, neste caso nos momentos de travagem ou de simples desaceleração.

Sendo que existem ainda diversos detalhes que estão a ser desenvolvidos na E-XF elétrica, como por exemplo transformar o ‘depósito de combustível’ num espaço para transporte de objetos, ou integrar medição da pressão dos pneus que será apresentada no esbelto painel de instrumentos digital, os responsáveis da Famel definiram como objetivos de vendas 700 unidades no segundo ano de comercialização (incluindo em mercados internacionais), e até 2029 o objetivo de vendas anuais sobe de ambição, para 2000 motos vendidas.

E para além desta mais recente atualização do ponto de vista financeiro, tivemos ainda a oportunidade de conversar com Joel Sousa sobre o futuro da Famel.

Neste particular, e destacando a já anunciada versão Embaixador da E-XF reservada aos primeiros investidores no projeto, que inclui uma moto mais refinada e numerada, ficámos a saber que os investidores que entrem no projeto nesta fase agora anunciada, vão ter a possibilidade de adquirir uma versão de colecionador da E-XF, ainda mais especial, com características particulares e também numerada.

Outro destaque de futuro será a redução da pegada ecológica.

Isto significa que as motos da Famel, onde se inclui (possivelmente) uma scooter pois é um segmento do mercado das duas rodas extremamente valioso e que segue as ‘pisadas’ da scooter elétrica Electron de 1997, irão dar uso a materiais sustentáveis em futuras versões e um modelo de negócio que tem uma vertente de personalização, que promove a utilização do veículo por um maior período de tempo, são fatores que pretendem ligar a marca a um estilo de vida sustentável.

Resta agora aguardar para perceber se este projeto português, e que faz renascer a icónica Famel, tem ‘rodas para andar’, e se os investidores aparecem para agilizar e aumentar a velocidade do processo de fabrico da nova E-XF elétrica.

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