Foi em Tóquio que a Honda, o maior fabricante mundial de motos , apresentou um novo plano estratégico para um mundo mais eletrizante em duas rodas.
Num discurso que teve como oradores principais Katsushi Inoue, Diretor Executivo Sénior e Diretor responsável pelas Operações de Desenvolvimento de Negócios de Eletrificação, e também Daiki Mihara, Diretor da Unidade de Desenvolvimento de Negócios de Eletrificação de Motos e Produtos de Força, a marca nipónica anunciou que vai acelerar a eletrificação da sua gama até final da década.
Para o conseguir, a Honda vai atacar em diferentes frentes, conforme os seus responsáveis detalharam durante a conferência de imprensa na capital japonesa.
Aumentar as vendas de motos elétricas: 4 milhões de unidades anuais em 2030
A Honda reviu em alta o seu objetivo de vendas anuais de motos elétricas para 2030, estando agora em 4 milhões de unidades, mais 500.000 unidades do que o anunciado em setembro passado, e vai acelerar ainda mais os seus esforços para popularizar este tipo de motos.
Este ano a Honda iniciou as vendas de três novos modelos de elétricos, incluindo a Honda Cub e:, na China, e a EM1e: a scooter elétrica que está destinada a comercialização apenas no Japão e na Europa.
Por outro lado, a Honda vai introduzir globalmente um novo modelo em 2024, baseado no protótipo SC e:, revelado recentemente durante o Japan Mobility Show 2023, a que se seguirão os lançamentos globais de modelos “FUN-oriented” e modelos elétricos plug-in em 2025.
Adicionalmente, a Honda vai introduzir modelos elétricos em várias categorias, por exemplo, supersports, naked, off road, motos para crianças e Moto4 (ATV), acelerando as suas iniciativas para ter uma gama completa de modelos elétricos, adotando uma abordagem mais agressiva no mercado para introduzir um total de mais de 30 modelos elétricos até 2030.
Otimização do “know-how” no fabrico de motos elétricas Honda
Sendo um nome de referência no mundo das duas rodas, a Honda acumula um vasto conhecimento no desenvolvimento de motos equipadas com motor de combustão interna (os denominados ICE – Internal Combustion Engine).
E isso inclui o “know-how” da partilha de plataformas de sistemas fundamentais das motos.
Para além de tirar partido dos pontos fortes existentes no desenvolvimento e produção de modelos elétricos, a Honda aplicará mais funcionalidades de conectividade, que serão significativamente evoluídas através da eletrificação.
O objetivo claro será de colocar na estrada motos elétricas que proporcionarão maior conforto ao condutor e continuarão a evoluir mesmo após a compra, conseguindo assim manter-se atualizadas graças aos constantes “updates” que a marca japonesa vai continuar a disponibilizar ao longo do tempo.
Sob a forma de uma plataforma modular, a bateria, a unidade de potência e o chassis das motos elétricas vão adotar um conceito modularizado, e combinando esses módulos pode ser desenvolvida uma vasta gama de variações tendo por base a mesma plataforma modular.
Isto permitirá que a Honda possa introduzir, de forma mais célere e sem tantos custos de desenvolvimento, otimizando recursos, uma série de modelos que se adaptam às diversas necessidades dos seus clientes em todo o mundo, mas também às tendências mais modernas, permitindo ir ao encontro do que os motociclistas procuram.
A conectividade é uma das caraterísticas que será significativamente evoluida nas motos elétricas. Esta conectividade avançada permitirá fazer atualizações de software depois da compra, incluindo a adição de novas funções, através de uma ligação do tipo OTA (over-the-air – sem fios) ou outros formatos. Um valor acrescentado para todos os proprietários de motos elétricas Honda.
Outro ponto interessante da renovada e agora anunciada estratégia de eletrificação da gama aponta para uma evolução do serviço de conectividade Honda RoadSync, disponibilizado desde 2020. Este sistema vai equipar novos modelos que estarão disponíveis ao longo do ano de 2024 com um sistema IVI (infoentretenimento no veículo, In-Vehicle Infotainment), que inclui uma função de navegação baseada em sugestões. Este sistema usará informações recolhidas e fornecerá aos utilizadores de motos elétricas Honda informações como a localização de estações para a carga de baterias.
Para os novos modelos que serão lançados em 2026, a Honda instalará uma unidade de controlo telemático (TCU – Telematics Control Unit) e evoluirá ainda mais o seu serviço de conectividade.
No futuro, os dados obtidos e acumulados dos modelos ICE e elétricos serão utilizados para compreender as necessidades dos clientes com base nos dados sobre a forma como esses modelos de motos estão a ser usados.
No que respeita às baterias, para além das baterias ternárias de iões de lítio que equipam os modelos elétricos atualmente no mercado (nota: a bateria de lítio ternário refere-se à bateria secundária de lítio usando três óxidos metálicos de transição níquel-cobalto-manganésio), a Honda tem vindo a desenvolver baterias de ferro-fosfato de lítio (LFP – Lithium Ferro-Phosphate), planeando adotá-las em 2025.
A existência de uma diversidade de baterias, cada uma com diferentes pontos fortes em termos de gama de potência e custo, permitirá à Honda acomodar uma gama mais vasta de aplicações de utilização e alargar a gama de variações da gama de motos elétricas.
Além disso, a médio e longo prazo, a Honda garante que irá explorar a adoção de baterias com elevada densidade energética, tendo em vista a utilização de baterias de estado sólido atualmente em desenvolvimento.
Novas sugestões para os clientes de motos elétricas
No negócio das motos elétricas, a Honda vai melhorar as funcionalidades de conveniência para os clientes.
Isto significa que a marca japonesa vai permitir que os motociclistas consigam fazer a compra da sua nova moto elétrica utilizando um serviço dedicado de vendas online. Não vão ter a necessidade de se deslocarem a um concessionário físico a não ser para receberem a sua nova moto elétrica.
Por outro lado, o novos “Centros de Experiência”, localizados inicialmente no Sudeste Asiático, mas que eventualmente serão estreados em muitos outros Países em todo o mundo, vão permitir que os motociclistas possam contactar fisicamente com as novas motos elétricas da Honda, tirar dúvidas, e até poderem fazer os sempre obrigatórios “test-rides” de forma a perceberem melhor as características de cada modelo elétrico.
Motos elétricas mais acessíveis: Reduzir em 50% o custo
Até 2030, a Honda promete esforçar-se por reduzir em 50% o custo das motos elétricas, em comparação com o custo dos modelos elétricos atualmente disponíveis alimentados por baterias substituíveis.
Para o conseguir, a Honda vai optar por apostar em modelos do tipo plug-in, otimizar as células das baterias, aumentar a eficiência do aprovisionamento e da produção através da adoção de módulos comuns, e aumentar a eficiência da produção através de várias medidas, tais como a produção em fábricas dedicadas à produção de motos elétricas.
Para a produção de motos elétricas, a Honda vai usar inicialmente a sua infraestrutura existente para os modelos equipados com os motores ICE.
No entanto, para construir um sistema e uma capacidade de produção sólidos e aumentar ainda mais a sua competitividade para atingir o objetivo de vendas de 4 milhões de unidades vendidas anualmente em 2030, a Honda iniciará a operação de fábricas dedicadas em exclusivo à produção de motos elétricas, a nível mundial, a partir de 2027.
As próprias fábricas serão diferenciadas em comparação com as infraestruturas atuais que se focam nos motores a combustão interna.
Com o objetivo de realizar um sistema de produção altamente eficiente nestas fábricas dedicadas, o comprimento das linhas de montagem será reduzido em cerca de 40% em comparação com as linhas convencionais, através da adoção de novas estratégias como a modularização.
Cada fábrica dedicada representará um investimento superior a 300 milhões de euros, com uma capacidade de produção anual de 1 milhão de unidades.
Investimento de cerca de 500 biliões de ienes durante um período de 10 anos
Para a eletrificação da sua divisão de motos ser bem-sucedida, a Honda vai investir mais de 620 milhões de euros no período atual de 5 anos, de 2021 a 2025, e investirá mais 2,5 mil milhões de euros no período de 5 anos, de 2026 a 2030.
Isto significa que o maior fabricante mundial de motos prevê realizar um investimento total de cerca de 3 mil milhões de euros antes do final da década compreendida entre 2021 e 2031.
A estratégia de eletrificação da gama Honda entrará em 2031, e nos anos seguintes, numa nova fase. A partir desse ano a marca japonesa vai reforçar ainda mais a sua competitividade, investindo na criação de um sistema e capacidade de produção de base global e avançando ainda mais no desenvolvimento de software para maximizar as vendas de motos elétricas.
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