Numa curta entrevista ao departamento de comunicação do Team Suzuki Ecstar, o piloto espanhol Joan Mir partilha com os fãs com têm sido os dias passados em casa, sequência da Pandemida do Covi-19 e deixa claro que A saúde acima de tudo! Como tem afectado o seu plano de treino? E a vida normal? Como tem seguido as notícias? Nesta entrevista, conta-nos tudo, acrescentando que “a saúde é mais importante que a fama ou que a competição.”
Como tem sido ficar em casa e acompanhar os desenvolvimentos em torno do Coronavirus?
Estou extremamente surpreendido pela evolução do vírus em todo o mundo e pelos danos devastadores que tem causado a milhares de famílias. Honestamente, é muito triste e uma calamidade o que se está a passar. O melhor que podemos fazer é manter-nos fortes e unidos.
És daqueles que acompanha os noticiários durante todo o dia, ou preferes abstrair-te da situação?
Não estou colado à televisão todo o dia, mas gosto de acompanhar as notícias para compreender melhor a situação. Prefiro não entrar em obsessões, mas sigo tudo com muita cautela e confio muito nos decisores e especialistas – penso que eles estão a tomar as decisões que acreditam ser as melhores para todos.
Como te tens entretido nestes dias para passar o tempo e não pensares muito no que está a acontecer?
Bem, tenho tentado fazer a minha vida “normal” tanto quanto possível, mas é evidente que nós, pilotos, não conseguimos treinar de forma normal, devido às naturais limitações e restrições. Não podemos treinar de moto, mas tento treinar tanto quanto posso em casa, no meu pequeno mini ginásio caseiro. Estou a encarar isto um dia de cada vez e a ter o máximo de paciência possível.
De que forma é que esta crise global afectou a tua vida?
Para já não sinto qualquer efeito da crise, com excepção do cancelamento da primeira corrida, os adiamentos das corridas seguintes e todos os constrangimentos que isso possa causar. Temos que ter bem presente de que a saúde é mais importante que tudo o resto. Tenho a experiência, do acidente que sofri o ano passado em Brno, do quão duro é a recuperação e o quão importante é manter-nos saudáveis, porque sem saúde, não conseguimos nada. É mais importante que a fama, dinheiro ou tudo o resto que é secundário. No final de contas, é um desporto, um espectáculo, só isso. Mas a saúde e a família são coisas essenciais na vida de todos nós.
Achas que esta espera poderá afectar-te psicologicamente, uma vez que estavas bem preparado para o Qatar?
Para ser franco, queria mesmo muito correr no Qatar. Não fiquei nada feliz quando soube das notícias, porque estava muito focado no arranque da temporada. É difícil lidar com as emoções na tua cabeça quando de repente és confrontado com uma situação destas onde não podes fazer o que mais gostas de fazer na vida. Mas rapidamente voltas à realidade e compreendes a gravidade da situação e então regressas à calma e arrumas as ideias. Ser paciente é muito importante e só precisas de encontrar uma boa rotina que te permita ser o mais forte possível, tanto física como psicologicamente.
Nesse sentido, que alterações fizeste aos treinos, tendo em conta que ainda não há uma data concreta para o arranque da época?
Não fiz grandes alterações, com excepção para o treino com moto, que estou impedido de o fazer. Continuo a treinar no duro e a fortalecer a minha mente. É também uma boa oportunidade para melhorar o aspecto psicológico e a capacidade mental, que requerem também muito treino.
De que forma esta situação afecta a tua rotina diária?
Não teve grande impacto, com excepção para o facto de estar encerrado em casa e não poder treinar com moto. A minha vida já era muito focada no treino para a alta competição e sempre passei muito tempo em casa, por isso nada se alterou de forma dramática.
Na impossibilidade de poderes andar de moto, qual é a melhor forma de passares o tempo?
Bem, sinceramente é muito complicado porque a moto é o que me deixa louco de felicidade. Adoro! Mas para além disso, gosto de treinar e quando não estou a treinar vejo series, filmes e tiro algum tempo para relaxar e descontrair.
A situação com o MotoGP está em constante mudança. Esta indefinição faz-te sentir mal?
Tento não pensar muito nisso e nas alterações que estão a ser feitas no calendário. Nada está decidido ainda, as coisas mudam de dia para dia e a evolução do vírus parece estar cada vez pior. Eu sei que a Dorna está a fazer um grande trabalho, confio na gestão que estão a fazer da situação e espero que isto termine o mais rapidamente possível e possamos retomar as nossas vidas normais e pegar nas motos e regressar às pistas.
Devido a este tempo de espera, a última parte da temporada vai ter muitas corridas seguidas. Achas que vai afectar o campeonato?
Bem, vai ser um final de época muito dura e temos que dar o nosso melhor em todas elas, com um curto espaço de tempo de recuperação entre corridas, mas acaba por ser um desafio maior à nossa força mental. Psicológicamente conseguimos ultrapassar tudo, mas é também ao nível psicológico que somos colocados à prova. Mas como já disse, o desporto é secundário e a primeira coisa na qual nos devemos focar é na saúde.
Aprendeste alguma coisa nova ou dedicaste-te a descobrir hobbies novos durante este tempo?
Nada em especial. Gosto mesmo de estar em casa e tenho tentado tirar o máximo partido disso. Acho que temos que ser um exemplo para todos e não sairmos de casa, para o bem de todos nós.
Conta-nos o que sentiste ao ver as corridas de Mto3 e Moto2 no Qatar…
Foi muito estranho, senti-me esquisito, normalmente vejo essas corridas dentro do circuito e desta vez não estava lá. Foi uma sensação muito estranha e difícil de explicar…
Queres deixar uma mensagem a todos os amantes das corridas que estão ansiosos pelo início do campeonato?
Quero pedir para não desesperarem. Estamos todos a atravessar tempos muito difíceis e agora o que é mais importante é combater o vírus. Uma vez isso conseguido, vamos acelerar a fundo de novo para desfrutar das corridas como nunca o fizemos antes.