Quando falamos em Aprilia Racing associamos, muito provavelmente, às motos de competição que a marca de Noale utiliza em circuitos de asfalto. Aliás, este ano até veremos o português Miguel Oliveira a pilotar uma Aprilia RS-GP em MotoGP. Porém, a casa italiana tem também o “off-road” no seu ADN, e por isso anunciou agora o regresso aos melhores rally raids do mundo em 2024.
Este projeto ambicioso e de certa forma surpreendente, levará a Aprilia Racing a replicar o que já tinha feito entre 2010 e 2012 no Rali Dakar, claramente a prova rainha dos rally raids e que, certamente, será o palco maior para a vermos a Aprilia Racing em competição frente às melhores marcas e equipas desta modalidade.
Para concretizar o regresso aos rally raids, a Aprilia Racing iniciou agora um projeto especial que significará o nascimento de uma nova Tuareg 660, particularmente vocacionada para o off-road, com componentes específicos.
O desenvolvimento da moto será supervisionado por Jacobo Cerutti, piloto italiano com diversas vitórias no campeonato italiano de MotoRally e seis participações no Rali Dakar, mas também com experiência no mundo do enduro, onde conquistou títulos italianos e europeus, o que permitirá à Aprilia Racing desenvolver uma Tuareg 660 verdadeiramente polivalente.
Esta versão de competição da Tuareg 660 será desenvolvida no departamento de competição Aprilia Racing, mas com a preciosa ajuda da GCorse dos irmãos Gianfranco e Vittoriano Guareschi, que já participaram inclusivamente com a Tuareg no campeonato italiano de Motorally durante 2022.
Em reação a esta confirmação do regresso oficial da marca aos rally raids, Massimo Rivola, CEO da Aprilia Racing, refere que “Com o projeto ‘Back to Africa’, a Aprilia Racing está de regresso ao mundo das corridas todo-o-terreno, às corridas que forjaram este departamento de competição. Queremos continuar a crescer no mundo dos Grandes Prémios de motociclismo e nas corridas de asfalto. Queremos descobrir novos talentos através do nosso Campeonato SP 250 e do Troféu RS 660, mas também estamos a embarcar num projeto completamente novo com a extraordinária Aprilia Tuareg. É mais um sinal de desenvolvimento para uma divisão de competição que cresceu significativamente nos últimos anos alcançando resultados nunca antes vistos pela Aprilia”.
A história da Aprilia Racing no mundo da competição
As corridas de todo-o-terreno marcaram a estreia da Aprilia no mundo da competição, o que não é de estranhar para uma marca que já havia revelado a sua alma off-road com os primeiros modelos como a Scarabeo (produzida nos anos 70).
A primeira moto de corrida fabricada em 1974 em Noale foi uma 125 cc de motocross. A marca conquistou os seus primeiros títulos nas categorias de 125 cc e 250 cc em 1977. Em 1978 subiu ao pódio e destacou-se nos campeonatos de motocross.
A Aprilia Racing fez depois a sua incursão no mundo aventureiro do Campeonato Mundial de Motociclismo em 1985, mas conquistaria o seu primeiro título em 1992. O mundo das corridas off-road traria outros sete títulos mundiais com a bicilíndrica SXV e 450 e 550 a garantirem três títulos de pilotos do Campeonato Supermoto e quatro títulos de construtor de 2004 a 2011.
Depois da sua primeira aparição épica no Paris-Dakar com a Tuareg em 1989, a Aprilia regressou à grande corrida do deserto em 2010 com a surpreendente RXV Rally 450 bicilíndrica que viria a participar em três edições consecutivas do Dakar, de 2010 a 2012. A espetacular RXV Rally imediatamente conquistou vitórias em etapas e ficou em terceiro lugar geral em 2010, perdendo por pouco o objetivo glorioso de um primeiro triunfo. A Aprilia juntou-se assim a outras marcas italianas como Cagiva e Gilera na lista de vencedoras do Dakar.
Será que veremos esta história da Aprilia Racing nos rally raids somar mais sucessos em breve? E como é que veremos a Tuareg 660 a competir visto que os regulamentos do Rali Dakar e provas de rally raid não o permitem? Estará a marca italiana a preparar uma Tuareg 450 de forma a poder competir no Dakar?
Recordamos que a Yamaha, quando anunciou a sua saída do Rali Dakar e do mundial Cross-Country, clarificou que a sua intenção seria apostar no potencial de off-road da sua Ténéré 700, em provas que a moto japonesa possa participar, de forma a potenciar vendas. A FIM poderá estar a pensar alterar o regulamento dos rally raid para permitir a entrada de modelos mais comerciais do que as atuais “quatro e meio” rally, e nesse sentido marcas como a Aprilia, Yamaha, a Ducati com a sua DesertX, entre outras propostas deste género, poderão estar na linha da frente dessa nova fase dos rally raid.
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