A famosa prova de corridas na areia Enduropale du Touquet-Pas-de-Calais, que celebrou o seu 50º aniversário este ano com uma edição especial onde o circuito foi alargado para 15 km por volta, contou com a presença do piloto português Rui Areias.
Para o piloto natural e residente em Alcobaça, esta participação foi o culminar de um longo processo que obrigou a uma preparação especial, sendo que desde 2022 Rui Areias contou com a ajuda de uma diversificada equipa para o levar até França e assim cumprir o sonho.
A Revista Motojornal já aqui lhe contou o que aconteceu com este piloto português Enduropale du Touquet-Pas-de-Calais, mas Rui Areias ‘guardou’ algumas histórias bem curiosas que ajudam a perceber melhor o que acontece quando um piloto português coloca como objetivo chegar ao fim desta famosa corrida idealizada originalmente há cinquenta anos por Thierry Sabine.
A agora chega o momento de partilharmos essas histórias, descritas pelas palavras do próprio protagonista.
Rui Areias – As histórias curiosas do Enduropale du Touquet-Pas-de-Calais
A prova de que há sempre um português em todo o lado
Como a autocaravana e o reboque onde parte da equipa se deslocou, para além da matrícula portuguesa, possuía também publicidade a marcas portuguesas, fomos felizmente abordados diversas vezes por portugueses emigrantes que se encontravam dentro dos 700.000 espectadores!
Recebemos muitas palavras encorajadoras e ouvimos muitas histórias felizes de emigração e de saudades do nosso querido Portugal. Muitos perguntaram pela garrafa do Vinho do Porto, e não é que havia uma… assim como uma de ginja de Alcobaça (terra de onde é uma boa parte da equipa).
O jovem piloto que afinal não é assim tão jovem
O reboque no qual foi transportada a moto e parte do material, que era emprestado, possuía fotografias de um jovem piloto português, ainda numa idade muito tenra, e na maioria dos casos, tanto os portugueses como os estrangeiros que paravam no paddock para conversar, pensavam que o piloto era um menino pequenino. Só que afinal era alguém no lado oposto, com 50 anos feitos recentemente, levando também à surpresa e consequentemente à palavra “Courage”… palavra essa que não estávamos habituados a ouvir (é mais usual boa sorte), e que nos levou ainda mais a prever as dificuldades do que se avizinhava!
A boa vontade tem a sua recompensa
Na tarde da nossa chegada a Le Touquet, ao pararmos a autocaravana junto de uma torneira para abastecer de água, fomos questionados por um miúdo francês se no final de enchermos o nosso depósito poderíamos emprestar a nossa mangueira para ele encher um jerrican, ao qual nós respondemos que enchíamos de imediato o dele porque o nosso depósito ainda demoraria algum tempo.
O jovem ficou sensibilizado e agradecido.
Horas mais tarde viemos a descobrir que o jovem era um piloto praticamente nosso vizinho de paddock, e que pertencia a uma grande equipa francesa dedicada a ele, com uma estrutura de cerca de 20 pessoas, 6 autocaravanas, tendas com aquecimento, wc portátil dedicado só à equipa, etc.
O jovem passou a ser por iniciativa dele o nosso conselheiro, o nosso elo de ligação com a organização, um amigo para a vida! Foi graças a ele e à sua equipa, com os seus conselhos, que conseguimos sobreviver na 1ª volta mesmo arrancando em último. Obrigado Celestin!!!
O último contratempo
Praticamente na hora de tirar a moto do parque fechado, surge um último contratempo e bastante insólito: as luvas que tínhamos eram as duas para a mão direita! Uma das pessoas que estava junto de mim correu cerca de 2 km para ir ao encontro de outro elemento que tinha o restante equipamento de substituição. Problema resolvido mesmo a tempo.
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