A 37ª edição da Baja Portalegre 500 voltou a colocar à prova a resistência física e mental dos pilotos, e também das suas máquinas. Uma prova disputada nas pistas e trilhos dos concelhos de Alter do Chão, Abrantes, Crato, Extremoz, Fronteira, Gavião, Monforte, Nisa, Ponte de Sor e Portalegre, onde a chuva, lama e passagens de água obrigaram a atenção redobrada dos pilotos das categorias Moto, SSV, Quads e também na Mini Baja dedicada aos mais jovens.
Com mais de 300 km a cumprir contra o cronómetro e onde o espírito de entreajuda foi muitas vezes colocado à prova, a vitória final na Baja Portalegre 500 sorriu, pela primeira vez, ao piloto Bruno Santos (Husqvarna).
A cumprir uma década desde que participou pela primeira vez na prova rainha do todo-o-terreno nacional, o piloto de Torres Vedras, campeão nacional de Rally Raid em 2018 e 2019, conseguiu levar para casa um triunfo que ficou praticamente garantido à passagem dos 150 km de prova.
Nesses primeiros 150 km a Baja Portalegre 500 teve como líderes Miguel Castro (Husqvarna FE) e António Maio (Yamaha WR450), com o campeão nacional de TT a sofrer no entanto de problemas na sua Yamaha (fuga no tubo de gasolina) que o fez perder bastante tempo e descer significativamente na classificação até 83º. Depois viria a recuperar até ao fim e o 19º lugar foi o seu resultado.
Com Maio a sofrer de problemas, a liderança da Baja Portalegre 500 ficou na posse de Fábio Magalhães (Honda CRF450 RX), logo seguido de André Sérgio (Beta RR 300 Racing), que tinha vencido o Prólogo que marcou o arranque desta edição.
Bruno Santos decidiu então atacar à passagem dos 150 km de prova, e assim que assumiu a liderança da classificação geral das Motos nunca mais a perdeu, pese embora Miguel Castro ainda lhe tenha dado alguma réplica num primeiro momento, antes de este sofrer também de problemas e deixar então Bruno Santos e a sua Husqvarna mais confortáveis na frente da corrida.
Os últimos quilómetros da Baja Portalegre 500 já foram feitos em modo gestão, com Bruno Santos a garantir a vitória com 4m10s de vantagem sobre André Sérgio, que num esforço final alcançou o segundo posto batendo Gonçalo Amaral (Honda CRF 450) que fechou o pódio à geral, um piloto a ter em conta até por ser ainda da classe Júnior, e que bateu o campeão nacional da classe João Duarte (Honda CRF 250RX), que venceu em TT1.
Para Bruno Santos esta vitória teve dois motivos para celebrar, pois não apenas venceu pela primeira vez a prova rainha do TT nacional, como o resultado permitiu-lhe conquistar o título nacional na classe TT3.
Em reação a esta vitória, o vencedor referiu que “Cometi poucos erros e andei com muita cautela, pois não vinha com ambição de dar tudo em Portalegre. Como tenho de estar operacional para o Dakar, tive muito receio de sofrer uma lesão, mas à medida que a prova foi evoluindo, e com as dificuldades do António Maio, vi que tinha uma oportunidade e aproveitei-a”, disse Bruno Santos.
Nos Quads, pelo segundo ano consecutivo assistimos ao domínio de João Vale (Can-Am) na Baja Portalegre 500, com o piloto de Santo Tirso a impor a sua lei logo desde o Prólogo. “Uma grande vitória! Ao quilómetro 40 sofremos um azar, quando ficámos sem travões à frente. Cheguei a acreditar que não seria possível, mas missão cumprida e parabéns à equipa”, realçou João Vale.
Tomás Paulo (Yamaha) foi o 2º classificado a 2m57.9s do líder, enquanto Flávio Gonçalves, Rodrigo Alves e Filipe Silva, todos em máquinas Yamaha, fecharam o quinteto da frente.
Com um final dramático, depois de ter sido rebocado durante mais de 80 quilómetros pelo colega de equipa Tiago Teixeira, Rafael Carvalho chegou ao final bastante emocionado, numa altura em que discutia o título de campeão nacional que lhe viria a escapar apesar do esforço. “Não há palavras para descrever. Este é, sem dúvida, o espírito da Baja”, referiu, em lágrimas, o jovem piloto de 21 anos, numa das imagens mais marcantes da edição deste ano e amplamente partilhada nas redes sociais e que pode ver clicando aqui .
Nos SSV, e depois de uma ilustre carreira nas motos, Hélder Rodrigues (Can-Am) também vai dando indicações do seu talento nesta categoria, tendo sido o mais forte em Portalegre.
Hélder Rodrigues foi o mais forte e garantiu a sua primeira vitória nos SSV: “Isto significa muito para mim. Depois de um ano duro, vencer aqui é muito especial. O carro esteve impecável, não tive furos e na parte final tive de fazer uma gestão, para ultrapassar as moto 4”.
Na classificação final, João Monteiro (Can-Am) foi o segundo classificado e, com este resultado, sagra-se como o novo campeão nacional, enquanto Pedro Santinho Mendes (Can-Am) termina no terceiro lugar final, depois de ter passado pelo comando da prova.
Com idades compreendidas entre os 9 e os 16 anos, os jovens pilotos da Mini Baja foram verdadeiros heróis nesta Baja Portalegre 500, tendo em conta a chuva e as condições dos pisos que tiveram de enfrentar.
No final, fica para a história a segunda vitória consecutiva para Domingos Cunha (Yamaha) em Portalegre, um resultado que lhe permitiu sagrar-se campeão nacional Juvenil. “Foi uma corrida muito gira, com um percurso espetacular. Os pisos tinham umas partes mais degradadas depois da passagem dos carros, mas foi sempre a curtir de princípio ao fim e cumpri com o meu objetivo”, referiu no final o piloto Domingos Cunha.
Bernardo Caiado (GasGas), Manuel Amaral (Yamaha), Luís Rodrigues (KTM) e António Feliciano (Yamaha) encerraram o grupo dos cinco primeiros, mas com o primeiro a orgulhar-se de ter sido o vencedor entre os Iniciados e de se sagrar campeão nacional. Já Francisco Porto Nunes (Yamaha) venceu entre os Infantis e festejou da melhor forma o seu título de campeão.
Por último, temos ainda de referir que quase seis dezenas de concorrentes animaram as categorias Promo & Hobby, com vitórias de Luís Rodrigues (Hobby Motos), Frederico Ribeirinho (Hobby Quads), Gita Gomes (Hobby SSV), Duarte Pereira (Open Moto), António Coimbra (Open SSV), Tiago Ferreira (Maxi Baja), Francisco Jacinto (Maxi Baja S1) e João Rebelo (Maxi Baja V2).
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