Binder sobre a sua primeira vitória, e a da KTM, em MotoGP

Brad Binder conseguiu uma vitória história para si e para a KTM no GP da República Checa. No dia do seu 25.º aniversário fala sobre isso e sobre o início de carreira.

Hoje Brad Binder celebra o seu 25.º aniversário. E que melhor prenda de anos antecipada que a sua primeira vitória em MotoGP dois dias antes?

O piloto sul-africano nascido em Potchefstroom, 120 km a sudoeste de Joanesburgo, começou a sua carreira internacional na Red Bull Rookies Cup. Nos três anos que lá passou – de 2009 a 2011 – conseguiu uma vitória e um total de seis pódios. O seu melhor resultado final aconteceu na segunda temporada, quando foi 5.º no campeonato, no ano em que Jacobe Gagne foi campeão, e Danny Kent e Daijiro Hiura completaram o pódio final.

No seu último ano de Rookies Cup, em 2011, fez os seus primeiros GPs. O primeiro foi o GP de Indianápolis, substituindo Luis Salom na RW Racing GP; depois foram os últimos quatro GPs do ano na Andalucia Banca Civica, com uma Aprilia, naquela que foi a última temporada da história das 125 cc e das motos a dois tempos no Mundial.

No ano seguinte – o de introdução da categoria Moto3 – fez a sua primeira temporada completa de Mundial aos comandos da Kalex KTM da RW Racing GP. Alcançou o seu melhor resultado – um quarto lugar – no último GP do ano, terminando a temporada em 21.º.

Nos dois anos seguintes, 2013 e 2014, ingressou na Ambrogio Racing, que a meio da temporada de 2013 trocou a Suter Honda pela Mahindra. Voltou a ter um 4.º lugar como melhor resultado, mas subiu na tabela do campeonato, terminando em 13.º.

De novo com a Mahindra da Ambrogio em 2014, conquistou os primeiros pódios – 2.º na Alemanha, 3.º no Japão e foi 11.º no final da temporada.

O título em Moto3

Em 2015 ingressou na Red Bull KTM Ajo – ao lado de Miguel Oliveira -, somou mais pódios e finalizou o campeonato em 6.º.

O ano de 2016 foi o seu ano de consagração: sete vitórias, um total de 14 pódios que o levaram a conquistar o título mundial de Moto3. Quando venceu a sua primeira corrida, o GP de Espanha a 24 de Abril de 2016, foi o primeiro sul-africano a fazê-lo desde que Jon Ekerold venceu o GP das Nações em Monza a 10 de Maio de 1981.

Em 2017 subiu de categoria, mantendo-se na equipa de Aki Ajo e voltou a encontrar-se com Miguel Oliveira.

Nos três anos que passou em Moto2 conquistou 8 vitórias e um total de 15 pódios, e foi vice-campeão no ano passado.

Agora tornou-se no primeiro sul-africano a vencer uma corrida de MotoGP, e fê-lo apenas na sua terceira corrida como rookie na categoria rainha. A Red Bull, cujas cores Brad Binder representa desde o início da sua carreira internacional, falou com o rookie sobre a histórica vitória no GP da República Checa, e sobre o início de carreira na Red Bull Rookies Cup.

Quão significante é esta primeira vitória sul-africana em MotoGP?

É inacreditável. É louco pensar que sou o primeiro piloto sul-africano a vencer uma corrida de MotoGP. Os sul-africanos em casa ficaram loucos, os fãs do desporto motorizado e os fãs em geral. Desde que comecei a correr vi como tenho todo o país atrás de mim. Conseguir a primeira vitória foi absolutamente incrível. Espero que cire algo na África do Sul para o nosso desporto.

Celebrações globais

Vimos o mundo reagir à notícia da tua vitória, mesmo nos EUA. O que significa ser celebrado a nível global?

Sinceramente, não sei como explicar. É a coisa mais louca para mim. Sempre pensei que deixaria os resultados falar por eles próprios, e parece que muitas pessoas desfrutaram muito deste meu bom resultado. Acho que o que levou a tudo isso foi o facto de ter sido inesperado e acho que toda a gente desfrutou por causa disso.

Viste as reacções em casa à tua vitória. Alguma vez esperaste este tipo de apoio?

É louco. Há 24 horas que o meu telefone está em modo de voo porque estava a ficar louco. Estava a tornar-se ridículo. Acho que todas as pessoas que eu alguma vez conheci me enviaram uma mensagem ou tentaram ligar-me, foi espectacular!

Os teus pais apoiaram-te durante toda a tua carreira. Como foi a vossa conversa após a corrida?

Foi muito fixe. Telefonei um par de vezes aos meus pais, mas estavam sempre ao telefone e não atenderam. Pude ver como estavam contentes e foi um grande sacrifício para nós como família. Para mim, eu era um adolescente que ia para as corridas e sonhava em estar no paddock de MotoGP, mas para eles, foi um grande sacrifício nos bastidores. Passámos tempos duros. No início foi difícil, e um dia como o domingo faz com que tudo encaixe no seu lugar e tenha valido a pena.

Orgulhoso

Este é um momento significante também para a KTM – quel é o objectivo para a equipa em 2020 e mais além? Podes ser um dos candidatos ao título?

Estou super-orgulhoso por fazer parte da família KTM. Olhar para onde começámos, ganhámos em todas as classes. Chegar e fazê-lo em MotoGP foi incrível, literalmente um sonho tornado realidade. Acho que apenas mostra como com trabalho árduo e dedicação tudo é possível. Eles esforçam-se ao máximo em absolutamente tudo o que fazem. São o grupo de pessoas mais louco que eu alguma vez conheci. Quando tens este tipo de dedicação, é impossível não acertar. Estou super-orgulhoso da KTM.

Começaste no desporto motorizado nas quatros rodas correndo de kart na África do Sul antes de trocar para as motos. O que te contagiou nas duas rodas?

Assim que tive idade para correr com motos de velocidade, mudei. No início fiz as duas coisas, mas na verdade gostava muito mais das duas rodas do que das quatro e creio que foi aí que tudo começou.

Agora que te tornaste num herói esperas que outros miúdos sejam inspirados pelo teu caminho? Tens conselhos para eles?

É difícil dar conselhos, na verdade. Há tantos miúdos rápidos na África do Sul neste momento. Cada vez que vou a casa, fazemos sempre uns dias de treinos e realmente desfruto muito do convívio com estes jovens talentos. O conselho seria trabalhar no duro, mas desfrutar, ao mesmo tempo. Se não houver divertimento envolvido e se as corridas se tornarem numa obrigação, então está tudo acabado. Encara um dia de cada vez. Tens que tentar melhorar e tornares-te cada vez melhor. Se continuares a trabalhar, acabarás por chegar lá.

A importância da Red Bull Rookies Cup

Quão importante foi a Red Bull Rookies Cup no teu desenvolvimento e no teu actual sucesso?

Foi aí que a minha carreira realmente começou. Antes disso, tinha corrida apenas na África do Sul. Assim que entrei na Red Bull Rookies Cup, essa foi a minha grande oportunidade. Foram decididamente três anos em que aprendi bastante. Foi incrível e adorei cada minuto, e especialmente para nós, vindos da África do Sul, não teria havido outro modo. Se não tivesse isso, acho que ainda estaria a correr em casa.

Fotos: Philip Platzer, Gold&Goose, Markus Berger/Red Bull Content Pool, Polarity Photo, Focus Pollution/KTM