Texto Domingos Janeiro • Fotos Bruno Ribeiro • Colaboração Bruno Rebelo, Fernando Pereira, Marcos Leal e Rui Marcelo
Triumph Tiger 800 XCA
Aqui estamos perante a mais estradista das trail de média cilindrada, mesmo se esta, a XCA, é a versão topo de gama da “linhagem” de aventura. A reduzida altura do assento ao solo (ajustável entre os 840 e os 860 mm) e os 208 kg de peso (uma das mais leves), deixam-nos muito à vontade, principalmente se não formos muito experientes. Isso é desde logo um convite às aventuras fora de estrada, onde, sem se destacar, cumpre e proporciona bons momentos, mas sempre com a clara certeza de que não estamos nos seus terrenos preferenciais.
Aos seus comandos vemos que tudo está pensado para viajar de forma confortável pelo mundo, como é o caso dos assentos em gel, aquecidos, tal como os punhos, ecrã ajustável com uma mão e capaz de nos proporcionar grande conforto e um conjunto de suspensões WP totalmente ajustáveis. Os pousa-pés em metal, apontam-nos no caminho do fora de estrada e estão pensados para não escorregarem nas condições mais extremas.
No que toca ao equipamento, traz tudo o que é necessário não só no que a prestações e electrónica diz respeito, como em acessórios como as luzes opcionais, descanso lateral e central, protecção de cárter e as barras de protecção do motor, com um preço final justo e quase imbatível. Uma moto muito fácil e intuitiva de guiar em estrada, com um comportamento muito sério e honesto, capaz de transmitir um feedback muito concreto. É muito ágil, mais ágil que a BMW a curvar, com suspensões ajustáveis manualmente tanto na frente como atrás. A travagem é potente e com bom tacto.
A posição de condução é muito agradável e descontraída, mas sentimos o corpo mais deitado sobre a frente, mas sem exageros. Os pneus também nos convidam mais para o asfalto do que para a terra (Bridgestone Battlax Wing). O motor de três cilindros, continua a oferecer um compromisso perfeito entre o forte binário dos dois cilindros, com a suavidade dos quatro cilindros. No entanto, face aos dois cilindros da BMW ou da KTM, acaba por não se destacar, apresentando-se mesmo como o segundo mais “sereno”, a seguir ao motor CP2 da Yamaha de 689 cc. Tem um binário muito forte e cheio, em toda a faixa de utilização, e podemos alterar o seu carácter e entrega de potência nos modos de condução: Raider, Rain, Road, Sport, Off Road e Off Road Pro. Se acedermos aos modos através do menu principal e não através do atalho, podemos personalizar todos os seus parâmetros individuais, ajustar o ABS, o mapa e o controlo de tracção. O menu principal tem a configuração dos mapas, da moto, podemos optar por três tipos de fundo do TFT, seleccionar a informação que queremos, com aspecto mais racing ou mais clássico.
Podemos ajustar os Riding Modes, o ABS, o controlo de tracção, ver a próxima revisão, os percursos, as médias, os quilómetros e o tempo de viagem, idioma, relógio, data e velocidades. Resumindo, temos muito por onde optar e nos entreter, sendo que para navegar nos menus é tudo muito fácil, simples e intuitivo.
A cereja no topo do bolo chega-nos sobre a forma sonora, com uma melodia forte e encorpada, característica dos motores de três cilindros. Como já foi referido no texto de abertura, para 2020 está prevista a chegada de uma nova Tiger, que se pensa subir ligeiramente de cilindrada, prometendo cifras mais expressivas e, quem sabe, um carácter off road mais vincado em relação ao que é possível encontrarmos neste momento.
É bom não esquecer que estamos perante uma das melhores relações preço/ qualidade do segmento.