Contacto Benelli 302s

Texto Vitor Martins • Fotos Rogério Sarzedo

Naked de iniciação

Durante muitos anos a Benelli praticamente passou despercebida em Portugal, e mesmo no seu país de origem esta que é actualmente a mais antiga marca italiana no activo, passou por fases conturbadas e quase desapareceu.

A Benelli ganhou nova vida em quando foi adquirida, já neste século, pela Qianjiang, que tratou de rejuvenescer a gama. A empresa chinesa manteve a sede da Benelli na sua cidadenatal de Pesaro, e apostou inicialmente em motos de baixa e média cilindrada acessíveis. A Benelli tem vindo a expandir a sua gama, quer em termos de tipo de motos, quer em termos de motorizações, englobando agora motos dos 125 aos 750 cc, com o lançamento recente das Leoncino 800 e da naked 752S. A 302S é uma das motos que tem ajudado a Benelli a crescer.

Em relação à BN302 que tivemos oportunidade de rodar em 2015 (Motojornal n.º 1359) pouco mudou tecnicamente, mas foi actualizada em vários aspectos. Esta pequena naked usa o motor de dois cilindros paralelos de 300 cc, com 38 cv de potência máxima atingidos às 11 000 rpm. O motor está montado num quadro tubular em treliça, com forquilha telescópica invertida à frente, de Ø41 mm e 135 mm de curso, e um mono-amortecedor traseiro, montado lateralmente no braço oscilante também tubular, com acção directa.

O que notamos assim que nos sentamos a bordo é o novo painel de instrumentos, um moderno ecrã TFT, que veio substituir a anterior combinação de conta-rotações analógico e ecrã LCD. O TFT é auto-ajustável consoante a luminosidade exterior, só para além de mudar para um tom mais escuro à noite (ou na passagem por um túnel) a sua configuração também muda, com as informações a mudarem de sítio, o que inicialmente é um pouco desconcertante. Para navegar entre o odômetro total e os parciais foi instalado um discreto botão no suporte do espelho retrovisor direito; no outro está o botão para desligar o ABS.

Outra modernização é o farol LED dianteiro, que contribui também para o ar mais moderno da 302S. O assento da 302S está a apenas 795 mm do solo, tornando-a acessível a motociclistas de qualquer estatura ou experiência, e tendo potência inferior a 35 kW/48 cv, pode ser conduzida pelos detentores da carta A2.

O bicilíndrico de duas árvores de cames à cabeça e quatro válvulas por cilindro oferece um bom empurrão desde baixas rotações e sobe facilmente de rotações. O facto de as relações da caixa de seis velocidades serem algo curtas também contribui para isso; o que acaba por ajudar muito no trânsito da cidade, uma vez que não é preciso estar constantemente a usar a caixa de velocidades, pois mesmo em terceira, quase parados, basta acelerar para a 302S ganhar velocidade sem soluços nem hesitações.

Outra coisa que não mudou foi o ronco digno de uma moto maior: o escape bem integrado visualmente sob o braço oscilante, junto à roda traseira tem um som mais ‘adulto’ do que o aspecto de ‘adolescente rebelde’ pode fazer adivinhar, e acaba por tornar a condução em estrada mais entusiasmante. A ciclística é eficaz, mas as suspensões continuam a pender mais para o rijo, o que acaba por prejudicar o comportamento em mau piso, penalizando tambémo conforto, algo de que já nos tínhamos queixado na versão anterior.

O que mudou em relação à versão anterior que tínhamos experimentado, foi a implementação do sistema ABS, que fornece assim uma boa dose de confiança, especialmente em pisos mais escorregadios. Em suma, a 302S continua a ser uma simpática 300 para utilização diária ou voltinhas de fim-de-semana; com um depósito de 16 litros e consumos a rondar os 4,5 litros aos 100 km tem autonomia para mais de 350 km.

A facilidade de condução – motor linear, baixa altura do assento, boa posição de condução, ciclística eficaz – torna-a ideal para quem procura uma primeira moto ou vem das 125 cc e que algo maior e um pouco mais despachado. Falemos agora do elefante na sala, ou melhor, no parque de estacionamento. Já havia uma 302 verde, mas não com este tom de verde. As fotos não fazem jus à intensidade da fluorescência desde verde, que em dias de sol quase exige óculos de sol. Mais um pouco e brilhava no escuro!

Mas se inicialmente esta cor é chocante, a verdade é que acaba por adequar-se muito bem à 302S. E com esta cor nenhum automobilista pode dizer depois ‘ah, desculpe, não o vi’… Para além do verde ‘pirilim’, a 302S está disponível em branco, preto e vermelho, e é comercializada em Portugal por 4470 €.

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Ficha Técnica