Texto Domingos Janeiro • Fotos Bruno Ribeiro •
Boxer Desportiva •
Outrora em destaque, o segmento das turísticas-desportivas mereceu o foco e empenho dos grandes construtores, que criaram motos que ainda hoje se apresentam como fantásticos compromissos, mas que já pouco atraem as atenções, uma vez que o mercado sofreu profundas alterações ao longo dos últimos anos. No entanto, está também nas mãos dos construtores lutarem para inverter as tendências do mercado e até resistir em determinados segmentos em que continuam a acreditar. É aqui que continua a encaixar a aposta na RS, muito sustentada e amparada na versão naked e, principalmente pela GS, com a qual partilha o motor boxer.
Aproveitando sinergias, lá se vai mantendo, e bem, note-se, a icónica desportiva equipada com bloco de dois cilindros, boxer. Mais turística que desportiva, gozámos de dias de grande diversão, embora, depois de termos testado a versão R1250R (edição nº1467) tenhamos notado que a geometria da RS é ligeiramente diferente, transmitindo-nos um “feeling” mais pesado e menos ágil, embora a desportiva tenha apenas mais quatro quilogramas em relação à naked. No entanto, sentimo-nos muito confortáveis e à vontade, ganhando clara vantagem na hora de enfrentar muitos quilómetros. É aqui que puxa dos galões e arruma com a R!
Melhorada… em tudo
Aproveitando o desenvolvimento do motor boxer, potenciado pela irmã aventureira GS 1250, a BMW aproveitou a oportunidade para modernizar e renovar argumentos na sport- -touring para que possa continuar a captar a atenção dos fãs da marca.
A sensação que temos quando assumimos os seus comandos, de uma moto mais pesada e menos ágil que a irmã naked, é sustentada pelas maiores dimensões da RS, como a distância entre eixos de 1530 mm (1515 mm na R), a altura de 2202 mm (2165 mm na R), 1340 mm de altura (1300 mm na R), 925 mm de largura (880 mm na R) e um peso total de 243 kg (239 kg na R). Fica assim justificada a sensação que tivemos de que, além de requerer maior cuidado e atenção nas manobras quando parados, a rolar, nas curvas encadeadas notamos que não é tão ágil quanto a naked. Mas isso não quer dizer que não seja divertida e excitante em toadas mais desportivas, nada disso. Temos um conjunto muito confortável e seguro, com uma boa distribuição de peso e um baixo centro de gravidade, capaz de nos transmitir maior segurança, mesmo a velocidades mais reduzidas.
No geral, o desempenho nota-se agora mais disponível e excitante, acompanhado por um bloco fortíssimo e por uma moderna estética, onde brilha como um todo, mas capta atenção por partes, ou seja, temos uma secção traseira afilada e estreita, com o mono-braço em destaque e depois, uma frente musculada e altiva, com traços que nos remetem de imediato para um estilo mais moderno, desportivo e agressivo. Desde a ciclística, passando pelo motor, electrónica e comodidade, a evolução é notável.
Camaleónica
Como foi supra referido, longe vão os tempos dourados do segmento sport-touring, mas mesmo assim, continua a ser uma aposta de determinadas marcas, entre as quais a BMW, que continuam a reconhecer grande valor e potencial nestes modelos. Quem opta por comprar um destes modelos, é um cliente que gosta do estilo desportivo mas sem excessos ou extremismos, que dentro do conceito desportivo seja confortável, mas que permita sensações fortes sempre que o deseje e que seja uma moto confortável para fazer grandes viagens de turismo, de forma relaxada e tranquila, sem pressas. A R1250RS é nestes aspectos, um exemplo a seguir! A colocação do guiador, com os avanços ajustáveis, e alta e permite aos utilizadores gozarem de uma postura natural e descontraída, muito confortável e ao contrário da R, não tendos tendência em cair sobre o depósito de 18 litros de combustível.
Por falar em conforto, deixar uma nota para o assento, amplo e confortável para ambos os passageiros, com o lugar traseiro a disponibilizar uma úteis pegas para segurança dos passageiros. Arco das pernas estreito, permite que cheguemos com ambos os pés ao chão, sem qualquer problema. O amplo ecrã dianteiro é ajustável manualmente e a colocação dos retrovisores obrigam-nos a fazer contas de cabeça quando rodamos por entre o trânsito, mas é uma questão de hábito e todo o restante desempenho e equilíbrio no trânsito nos faz esquecer esse aspecto. Suspensão regulável electrónicamente, travagem forte e fácil de dosear, amortecedor de direcção e o peso colocado mais na frente, dão-nos a confiança necessária para dar largas à imaginação do novo bloco com 136 cv.
Os comandos e o painel TFT requerem algum tempo de exploração e habituação, mas depois mostra-se intuitivo e completo, muito completo. A dupla óptica dianteira apresenta um desenho moderno e agressivo e com iluminação LED. Se quiserem optar pelo sistema de luz diurna (DRL) podem- -no fazer mas como acessório.
No campo das prestações dinâmicas, acrescentar ainda que quando rodamos mais rápido, notamos a frente ficar ligeiramente solta, sem que comprometa a segurança. As travagens fortes nas entradas de curva mostram um conjunto compacto, permite correcções de trajectória de última hora mas não mostra aquela agilidade nas transições de curva para curva como temos na R.
Electrónica e mais electrónica
Estamos na era dela, da electrónica e como tal, a RS não podia fugir à regra e montar tudo o que é possível disponibilizar neste campo, alguma dela vendida à parte, como opcional. Além de contribuir de forma efectiva para um maior conforto, a electrónica contribui também para que possamos explorar a moto com mais conforto e progressividade. O segredo continua a ser desenvolver motos o mais potente possível, mas por outro lado, dando aos utilizadores ferramentas que lhes permitam explorar essa potência de forma confortável.
Assim, destacamos os dois modos de potência de série, bem como o controlo de tracção e o sistema de travagem automática em declive (Hill Start Control). Os mais exigentes, podem optar por montar, como opcional, os modos de condução Pro, assim como o sistema de controlo de tracção Dynamic, ABS Pro, Hill Start Control Pro e travagem Dynamic. Este último, evita que a roda traseira “saltite” nas travagens mais agressivas e potentes, ideal para aqueles que têm um estilo de condução mais desportivo. Ainda no campo dos opcionais temos as suspensões electrónicas (ESA) e o Dynamic ESA, que permite fazer o ajuste automático ao estilo de condução e pavimento no momento.
A encerrar a electrónica, temos o painel TFT de 6.5” a cores que nos permite monitorizar todos os aspectos da RS, como suspensões, modos de utilização, dados da viagem, dados do GPS ou do smartphone. Tudo ajustável e personalizável, como os parâmetros dos quatro modos das suspensões, os modos da entrega de potência, controlo de tracção, anti-cavalinho, efeito travão motor e por aí adiante. Tudo personalizável…
E claro, o novo Boxer
Para o fim, deixamos o melhor, que embora não nos tenha surpreendido tanto como o fez na versão naked R, não deixa de nos brindar com um sorriso nos lábios. Continuo a afirmar que este é o melhor boxer de sempre, principalmente no que a prestações diz respeito. Mas na fiabilidade, não fica atrás, como podemos ver através da GS 1250 que não tem apresentado problema algum.
Os 134 cv não se mostraram tão rebeldes como na R, mas sim mais “amadurecidos” e bem decididos. É incrível como o boxer se mostra tão cheio e disponível em qualquer faixa de utilização, com recuperações firmes e determinadas. As passagens de caixa, quando rápidas, têm a tendência em destabilizar um pouco o conjunto, muito por culpa da própria arquitectura do bloco.
O binário, de 143 Nm oferece-nos o seu pico às 6250 rpm, e graças à nova tecnologia Shift Cam apresenta-se mais forte e elástico ao longo de toda a faixa de utilização. Uma moto que nos oferece um amplo espectro de utilização, desempenhando de forma franca e honesta o papel desportivo, mas também com reconhecidas capacidades para viajar… depressa!
Cores e acessórios
A nova R1250RS passa a estar disponível em preto, amarelo, azul e castanho Option 719. No campo dos acessórios, a colecção BMW Motorrad Spezial disponibiliza acessórios especiais que vão desde as melhorias no estilo, como nas prestações. Com garantia de três anos, é ainda possível prolongar esse tempo por mais dois, fazendo um total de cinco anos, que reflete a confiança que a BMW coloca neste modelo. Custa 20.900 €.