Domingos Janeiro • Fotos Luís Duarte • Colaboração de Pedro Oliveira
Luxo e tradição
Exclusividade e exotismo são adjectivos que encaixam que nem uma luva a estes modelos que figuram na gama da exclusiva Brough Superior, marca inglesa fundada em 1919, que ficou famosa por bater diversos recordes de velocidade. Embora tenha encerrado portas em 1940, nunca deixou de ser uma marca de referência e em 2012 ressurge em grande força, com uma gama que tem vindo a aumentar de ano para ano, com edições especiais a darem um grande colorido à gama, como a mais recente parceria com a Aston Martin.
Trazida para Portugal pela mão dos portuenses Ton-up Garage, a exclusiva Brough tem conseguido conquistar um lugar muito especial no mercado europeu, gozando de uma excelente fase na sua história, prometendo um futuro preenchido, mas, acima de tudo, sustentado. Um dia bem passado na cidade Invicta, com o Douro como pano de fundo, a servir-nos de anfitrião para uma experiência inesquecível: rodar aos comandos da SS100 e da Pendine.
Surpresa
Naturalmente que já havíamos ouvido falar sobre esta marca, no preço dos seus modelos, na exclusividade em tudo o que os rodeia, mas uma questão teimava em assolar-nos o pensamento: “porque é que são tão caras?”. Bem, assim que tivemos a oportunidade de chegar perto delas, começámos a entender melhor o porquê!
Além da exclusividade da marca, temos a acrescentar os materiais que lhe dão vida, como o titânio ou o alumínio de alta qualidade, todas as peças são maquinadas, o motor é de desenvolvimento próprio e todas as soluções técnicas utilizadas nos seus modelos, são de desenvolvimento próprio.
Qualquer um destes modelos, serve para nos fazer parar a admirá-las por largos minutos. Cada peça, cada elemento, cada detalhe, são únicos e trabalhados, sem qualquer aspecto ou semelhança aos modelos de massas. Por ano, apenas são produzidas 100 unidades da Brough Superior e não pensem que eles ficam deslumbrados por terem as motos praticamente todas vendidas de imediato, pois aumentar a produção e a fábrica, é algo que não está nos seus planos. Exclusividade e nicho, são, também, parte do sucesso destas motos, cuja gama de preços tem início nos 60.000€.
Sensação única
Ah e tal, são motos como as outras, com preços exagerados… Nada disso meus amigos! Aos seus comandos, sentimo-nos verdadeiramente especiais, exclusivos, únicos e, como que “donos do mundo”. Sonhamos enquanto vamos aos seus comandos, a aproveitar cada batida do coração que o dois cilindros nos oferece. Descemos a Rua Camões no Porto até entrarmos na zona histórica do Porto, para cruzarmos a Ponte D. Luís, fazer umas fotos e seguirmos em direcção a Entre-os-Rios, embalados pelo poderoso e viciante som dos 100 cv e pelo encadeado de curvas com o Douro sempre ali ao lado! “Que belo momento! Que honra! Que privilégio!”, penso. Mesmo depois de rodarmos em tantas motos, ainda nos conseguimos surpreender. Foi mágico!
Mas afinal o que têm estes modelos de tão diferente? Bem, começamos logo pela responsabilidade de estarmos aos comandos de motos que, a nós, comuns dos mortais, levariam praticamente uma vida inteira a pagar. Juntamos a isso uma estética muito particular e diferente de tudo o resto que estamos habituados a ver no mercado e soluções técnicas também bastante diferentes do comum.
Super Sports 100
Os cromados, captam a atenção para algo de extraordinário! Cada detalhe merece um “uau” e ouvimos muitos na nossa passagem pelas ruas do Porto. O depósito de combustível atrai as atenções pelo formato comprido e redondo com três abraçadeiras metálicas. Seguindo com o olhar, temos o assento sufi cientemente confortável para nos permitir muitos quilómetros sem fadiga, terminando este numa longa e afilada baquet traseira.
O motor de dois cilindros é elemento de grande destaque, pelo trabalho exterior, mas, essencialmente pelo interior, feito inteiramente na unidade de produção francesa da Brough. Todos os elementos exteriores são maquinados, personalizados e tratados manualmente. O som emitido pelo duplo silenciador que adorna a lateral direita impressionou pelo “grito” forte e distinto e os 102 cv de potência às 9600 minutos.
Cada peça, cada elemento, cada RPM também surpreendeu pela disponibilidade em toda a faixa de rotação. Parece ter mais potência do que nos é indicada no “papel”. O binário de 87 Nm dá uma ajuda preciosa. É um vício rodar com esta moto! O quadro em titânio apresenta-se rígido e sem acusar qualquer torsão. A suspensão dianteira é uma autêntica obra de arte. Com amortecedor central, ajustável na pré-carga da mola e na compressão, apresenta triângulos articulados em titânio e braços em alumínio. A traseira está a cargo de um mono-amortecedor também ajustável na pré-carga da mola e compressão. Em conjunto, apresentaram um desempenho firme, com um bom compromisso entre conforto na cidade e prestações desportivas em estradas reviradas.
O sistema de travagem, apresentou-se forte, potente e fácil de dosear e, uma vez mais, diferente de tudo a que estamos habituados. É que são quatro discos dianteiros, dois em cada lado da jante Atrás, apenas temos um disco de 230 mm. Não há sistemas electrónicos de última geração, nem modos de condução nem outras modernices, ainda podemos desfrutar do conceito “moto” o mais puro possível.
Dinamicamente nota-se segura e compacta, com os 180 kg de peso a apresentarem-se bem distribuídos e o centro de gravidade baixo. O estreito arco das pernas permite que tenhamos acesso facilitado ao chão. Posição de condução desportiva qb mas muito neutra e confortável. As vibrações estão presentes, mas não incomodam. As jantes dão-lhe “uma grande pinta”, os comandos dos pés são de alumínio maquinado e o painel de instrumentos simples, mas completo.
Pendine Sand Racer
Foi o modelo lançado a seguir à SS100, com um estilo mais scrambler e, embora partilhe a mesma base com a SS, apresenta bastantes diferenças, como a distância entre eixos mais curta, rodas mais altas, travões “simples” de um disco em cada lado da jante dianteira, com 320 mm e um traseiro de 230 mm.
A parte mais visível dessas diferenças é a estética, o depósito tem o mesmo formato mas não tem as abraçadeiras, o assento também é diferente assim como o acabamento da traseira. A própria colocação dos escapes apresenta um estilo mais scrambler. A colocação do amortecedor traseiro, na lateral direita também altera a estética e o desempenho da Pendine em relação à SS. A postura de condução é mais alta e no seu todo, acabou por nos agradar mais em relação à SS100. A potência é precisamente igual à da irmã, mas para os eternos descontentes, a Brough coloca à sua disposição um kit de potência com mais 25 cv…
No que toca a preços, as SS100 vêm o preço começar nos 65.000€ e a Pendine começa nos 60.000€. A versão especial aniversário, apresentada em 2019, além de estar limitada à produção limitada de 100 unidades, esgotou rapidamente, um feito notável atendendo aos 100 000€ que custava. Como já referimos, a Brough Superior vale cada euro nela investido, porque para além de tudo o que já aqui mencionámos, continuam a ser motos que não desvalorizam, muito pelo contrário, tendem em valorizar de ano para ano. Querido Pai Natal…
Ousadia desportiva?
Na nossa visita às instalações da Ton-up “tropeçamos” numa Brough Superior Pendine preparada para corridas de flat track, que os responsáveis por este espaço na Invicta utilizaram no evento que eles próprios organizam, o “The Timers”, um festival revivalista, cujas corridas de flat track fazem parte do programa.
Este modelo de “testes” é uma moto que anda a percorrer a Europa, a participar em diversos eventos deste estilo, mas que os distribuidores nacionais não conseguem precisar até que ponto estaremos ou não, perante uma nova “aventura” da renascida Brough. Talvez possamos ver os cromados, agora franceses, a dividir as pistas ovais com as afamadas Indian FTR…
Ficha Técnica
BROUGH SUPERIOR SUPER SPORTS 100/ PENDINE SAND RACER | |
PREÇO | 65 000€/60 000€ |
MOTOR | dois cilindros em V a 88°, 4T, refrigerado por líquido |
DISTRIBUIÇÃO | duas árvores de cames à cabeça, 4 válvulas |
DIÂMETRO X CURSO | 94 x 71.8 mm |
CILINDRADA | 997 cc |
ALIMENTAÇÃO | injecção electrónica |
IGNIÇÃO | electrónica digital |
ARRANQUE | eléctrico |
CAIXA | 6 velocidades |
FINAL | por corrente |
POTÊNCIA MÁXIMA | 102 cv/9600 rpm |
BINÁRIO MÁXIMO | 87 Nm/7300 rpm |
QUADRO | em titânio maquinado com motor portante |
DIMENSÕES (C/L/A) | 2180/760/1108- 2234/945/1290 mm |
DISTÂNCIA ENTRE EIXOS | 1540 mm |
ALTURA DO ASSENTO | 820 mm |
SUSPENSÃO DIANTEIRA | Fior, com monoamortecedor, triângulos em titânio e forquilha em alumínio, curso 120 mm |
SUSPENSÃO TRASEIRA | mono-amortecedor, ajustável na pré-carga da mola, curso 130 mm |
PNEU DIANTEIRO | 120/70-18”/120/70-19” |
PNEU TRASEIRO | 160/60-18”/170/60-17” |
TRAVÃO DIANTEIRO | quatro/dois discos de Ø230/320 mm, pinças radiais de 4 êmbolos, ABS |
TRAVÃO TRASEIRO | disco, Ø230 mm, pinça de dois êmbolos, ABS |
DEP. DE COMBUSTÍVEL | n.d. |
PESO (A SECO) | 186 kg |
CORES | Cinzenta/amarela |
GARANTIA | 2 anos |
IMPORTADOR | Ton-up Garage |