Contacto Ducati Streetfighter V4 S

Usando uma electrónica muito bem ajustada, a Streetfighter V4 S poderia passar por um dócil cordeiro com os ares de um agressivo lobo. Assim que se desliga a tecnologia, mostra que não é um lobo, mas sim um treinado leão.

No início do ano testámos a nova Panigale V4 S em circuito no Barhaim e ficamos maravilhado com as capacidades da electrónica. Numas condições climatéricas muito más, com a ajuda dos renovados sistemas de ajuda, a Panigale V4 S conseguiu apresentar todas as capacidades dos seus mais de 200 cv e a forma de funcionar das asas aerodinâmicas.

Custou-nos acreditar que a marca de Borgo Panigale colocasse na estrada a mesma moto, com as mesmas capacidades, mas em formato naked. A verdade é que a Streetfighter V4 S está aqui e é exactamente isso, uma terrivelmente eficaz Superbike, sem carenagens feita para andar em estrada.

A gestão electrónica que reúne vários sistemas de ajuda à condução garantem que conseguimos “controlar” o poder que está contido no compacto motor V4. São muitas as razões técnicas que levam esta moto a ter semelhantes prestações como já abordámos na sua apresentação na edição 1480 da MOTOJORNAL e está também aqui em motojornal.pt/ducati-streetfighter-tecnologia.

Aqui e agora, limitemo-nos ao essencial. A Ducati Streetfighter V4 S usa o motor Desmosedici Stradale de 1103 cc, um V4 a 90º que procura simular, com a ordem de ignição dos seus 4 cilindros, o funcionamento de um V2. É praticamente a mesma unidade usada na Panigale, perdendo apenas 5 cv, 208 no lugar de 213 cavalos. A ciclística e os sistemas de ajuda à condução, apoiados na nova unidade de medição de inércia de 6 eixos, são praticamente os mesmos, tudo o que podemos esperar de uma desportiva de topo.

A posição de condução está mais elevada e confortável. Bem domado A electrónica da V4S é muito bem elaborada levando a que um motor de 208 cv acabe por ser acessível de utilizar, podendo-se quase chamar de amigável. A forma como o algoritmo gere a entrega de binário do motor, consoante os níveis de inclinação e toda a informação fornecida pelas dezenas de sensores, leva a que a potência total esteja apenas disponível se for “seguro” entregá-la à roda traseira.

Sim, temos 208 cv, mas com a electrónica ligada, que se aconselha determinantemente para o uso em estrada, esse valor só nos é “permitido” usar na totalidade em condições muito específicas, mas quando o sentimos… que pastilha de adrenalina!

A magia da electrónica

Compacta é mesmo o melhor adjetivo para a Streetfighter, sendo difícil perceber como os engenheiros italianos conseguiram colocar tanta tecnologia em tão pouco espaço, torná-la tão eficiente e ao mesmo tempo ter um resultado estético tão belo. Este aspecto minimalista acaba por se traduzir numa extrema agilidade em condução. A posição de condução com o tronco elevado e o largo guiador ajudam a que melhor se domine a direcção, mas de base é já uma moto de ciclística muito incisiva.

A Streefighter V4 S revela toda a sua maravilha assim que a estrada ganha curvas, seja de baixa velocidade encadeadas ou abertas e rápidas. Seja qual for o tipo de estrada que se nos apresente, temos sempre certeza no pisar e estabilidade, tanto em acelerações fortes e curtas, como nas longas inclinações em velocidade.

As reações da Streetfighter são previsíveis incitando-nos sempre a ir um pouco mais rápido. Mas isto obriga a que nos centremos naquilo que estamos a fazer porque é fácil, envoltos na magia de todas as redes de segurança que a Streetfighter nos lança, embaraçar-nos numa chegada demasiado rápida a uma curva ou a um qualquer obstáculo. Verdade seja dita que a excepcional travagem, também ela bem auxiliada pelo ABS Cornering EVO nos salvou sempre nos momentos em que abusámos.

Acessível

A Streetfighter demonstrou-se sempre acessível, com elementos de conforto surpreendentes como o aquecimento dos punhos. Os vários elementos de ajuda à condução, que permitem, entre outros, controlar o nível de elevação da roda dianteira, a quantidade de deslizar permitida à roda traseira, travão motor ou quick shifter, são muito fáceis de definir através do painel de instrumentos em TFT e pelo comando do punho esquerdo. Afinações das suspensões, controlo de tracção, sensibilidade do acelerador e demais elementos estão todos aqui reunidos, ao alcance do polegar.

Se procuramos uma moto exclusiva, com prestações de excepção, para nos divertirmos em qualquer tipo de estrada, com um mínimo de conforto será difícil encontrar outra solução.

Fotos: Manuel Portugal

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