Texto Bruno Rebelo • Fotos Rui Jorge
A Caminho Do Topo
Chega a ser desconcertante e até difícil de entender o que leva um cliente comprar uma naked de alta cilindrada, se olharmos para estes modelos sob um ponto de vista racional e até lógico. Mas o que nos guia, quando compramos uma moto, e salvo raras excepções, naturalmente, é muitas das vezes a paixão e sob esse ponto de vista, passa a fazer todo o sentido. Desenho altamente moderno e desportivo, acompanhado por uma silhueta compacta e musculada, que irradia adrenalina e poder.
Ao sentarmo-nos aos comandos da nova Z900, percebemos imediatamente que esta é uma moto muito cuidada, com o foco apontado aos acabamentos, mantendo os elevados padrões de qualidade e performance a que a marca nos tem habituado ao longo dos últimos anos. A imagem musculada surge-nos quando olhamos para as dimensões do depósito de combustível, que se nos apresenta como uma espécie de coroa no topo do motor de quatro cilindros, muito disponível. Esteticamente renovada, exibe agora uma nova óptica dianteira em LED, mais agressiva, acompanhada de retoques nas carenagens envolventes como as laterais ou a cobertura do depósito de combustível. As alterações impostas à estética surgem-nos acompanhadas de algumas importantes revisões estruturais, como o quadro reforçado, por exemplo e também ao nível da electrónica, introduzindo pela primeira vez no modelo o controlo de tracção.
Continuamos a contar com o mesmo tetracilindrico de refrigeração líquida de 948 cc, capaz de debitar 125 cv às 9500 rpm e um generoso binário de 98.6 Nm. Esta nova geração da Z900 passa a contar com uma embraiagem mais leve e cumpre as normas de homologação Euro5 e está também disponível numa versão A2. Em relação ao modelo anterior, o motor surge-nos agora mais suave em toda a faixa de rotação, mais linear e só denota uma ligeira hesitação entre as 3000 e 4000 rpm, principalmente nas recuperações.
A grande novidade para 2020 é o controlo de tracção regulável em três modos, Sport, Road e Rain, modos estes que nos permitem também ajustar a entrega de potência, que no modo Rain fica reduzida a 55% do total. Temos ainda à disposição o modo Rider, onde os condutores podem personalizar todos os modos, enquadrando-os ainda mais ao seu gosto ou necessidades pessoais. No que à ciclística diz respeito e com vista a manter as boas prestações e equilíbrio da anterior versão, a Kawasaki optou por manter as bainhas invertidas de Ø41 mm, totalmente ajustáveis (extensão e pré-carga), mantendo também o monoamortecedor, ajustável na pré-carga.
Na travagem, ainda não foi desta que passámos a contar com pinças radiais na dianteira, mantendo as convencionais, com quatro êmbolos, que mordem os discos de 300 mm. Na traseira, encontramos um disco de 250 mm com pinça de êmbolo simples.
Mais madura
Para conhecermos melhor a nova Z900 e testemunhar na primeira pessoa a eficácia das alterações introduzidas, rumámos ao Algarve, palco eleito pela Multimoto, importador nacional da Kawasaki, para dar a conhecer a mais recente actualização de uma das Z’s mais importantes da família.
As curvas das serras algarvias foram o cenário perfeito para testarmos todas as valências da Z900, num cenário onde se sente verdadeiramente em casa. Mais refinada e madura, fez destacar a eficácia dos novos pneus que a passam a equipar, os Dunlop Sportmax Roadsport 2, capazes de nos transmitir muito boas sensações e um feedback muito concreto.
As suspensões cumprem, com um setting de origem mais pensado para toadas mais contidas e pensado para uma utilização mais abrangente como a utilização diária em cidade ou as médias deslocações, seja em cidade como em estradas mais reviradas. Quando optamos por passar a “jogar” ao ataque e adoptamos uma postura de condução mais desportiva, começamos a notar que as suspensões precisam de acertos, para se tornarem mais firmes.
A travagem mostrou-se equilibrada e suficiente, com bom tacto, mas, atendendo à forte concorrência que enfrenta no segmento, pinças radiais são requisito cada vez mais obrigatório. O motor é cheio, disponível e empurra-nos de forma determinada para a frente, acompanhados por uma postura de condução confortável, com tendência em descairmos sobre a frente e ao som de um excitante “cante” reproduzido pelo silenciador. Numa toada despreocupada, no que ao punho do acelerador diz respeito, fizemos um consumo de 6 litros aos 100 quilómetros, num misto de cidade e serra.
Instrumentos
É neste campo que nos surge outra das grandes novidades, a introdução do novo ecrã TFT a cores, totalmente digital, com 4.3”. Destaca-se pela facilidade de leitura e pela quantidade de informação disponibilizada, através do qual podemos controlar todo o funcionamento da moto. Obrigatório, são também os sistemas de conectividade e por isso, a Kawasaki coloca à disposição a aplicação Rideology que nos permite muitas funcionalidades, entre as quais gravar os nossos trajectos, receber os avisos de chamadas, notificações de email, sms, entre outros, tudo isto quer no smartphone como no ecrã digital.
Com intervalos de manutenção de 12 000 kms, a nova Z900 já está disponível nos concessionários em quatro cores (cinzento, branco, preto e verde), pelo preço base de 10 350€, aumentando para os 11 195€ caso pretendam optar pela versão Performance, equipada com escape Akrapovič, baquet traseira, protecção no depósito de combustível e ecrã dianteiro mais alto, aumentando a protecção aerodinâmica.
Ficha Técnica
KAWASAKI Z900 | |
PREÇO | 10 395 € |
MOTOR TIPO | quatro cilindros em linha, 4T, refrigerado por líquido |
DISTRIBUIÇÃO | duas árvores de cames à cabeça, 16 válvulas |
DIÂMETRO X CURSO | 73.4 x 56 mm |
CILINDRADA | 948 cc |
ALIMENTAÇÃO | injecção electrónica |
IGNIÇÃO | electrónica digital |
ARRANQUE | eléctrico |
CAIXA | 6 velocidades |
FINAL | por corrente |
POTÊNCIA MÁXIMA | 125 cv/9500 rpm |
BINÁRIO MÁXIMO | 98.6 Nm/7700 rpm |
QUADRO | treliça em tubos de aço |
DIMENSÕES (C/L/A) | 2070/825/1080 mm |
DISTÂNCIA ENTRE EIXOS | 1455 mm |
ALTURA DO ASSENTO | 820 mm |
SUSPENSÃO DIANTEIRA | forquilha invertida, Ø41 mm, curso 120 mm |
SUSPENSÃO TRASEIRA | mono-amortecedor, ajustável, curso 140 mm |
PNEU DIANTEIRO | 120/70-17” |
PNEU TRASEIRO | 180/55-17” |
TRAVÃO DIANTEIRO | dois discos de Ø300 mm, pinças de 2 êmbolos, ABS |
TRAVÃO TRASEIRO | disco, Ø250 mm, pinça de um êmbolo, ABS |
DEP. DE COMBUSTÍVEL | 17 litros |
PESO (ORDEM DE MARCHA) | 210 kg |
CORES | preto, verde, branco e cinza |
GARANTIA | 2 anos |
IMPORTADOR | Multimoto Motor Portugal |