Contacto TM 300 FI ES 

Texto Rodrigo Castro • Fotos Bruno Ribeiro •

Sensações Fortes

O primeiro impacto (visual) não deixa margem para dúvidas. A TM é uma marca onde o exotismo transparece por todos os poros. Pode ser apanágio das motos fabricadas em Itália, mas a TM é mais exclusiva de todas. Porquê? Porque são motos fabricadas em séries limitadas onde o cuidado com o pormenor, equipamento e performances do motor são os interesses primordiais.

A marca italiana tem vindo a construir um património de competição muito rico, nomeadamente no campo dos Karts onde as suas mecânicas são o “ex libris” deste tipo de corridas.

Porém nos últimos anos a TM concentrou- -se na produção de mecânicas a 4 tempos com enorme sucesso a nível desportivo, principalmente no Enduro. Os blocos são totalmente produzidos “in-house” com a mais avançada tecnologia que transparece logo ao primeiro olhar. A profusão de peças e componentes maquinados, alguma rudeza nos acabamentos, dão a plena sensação de termos debaixo de nós uma moto exclusiva, produzida em pequenas séries que são tratadas com enorme atenção e carinho na linha de montagem. Se há liga que a TM domine em todo o seu ciclo produtivo essa liga é o alumínio.

A TM evidenciou-se nos últimos anos pelos seus chassis em alumínio e neste momento é a única marca europeia que oferece aos seus clientes este tipo de chassis em conjugação com as marcas japonesas.  O alumínio tem diversas vantagens em relação ao aço. Em primeiro lugar oferece uma maior rigidez, uma maior precisão em termos de reações do chassis, é mais fácil de manter e não corrói tão facilmente. Em termos de novidades na versão 2020 da nova TM 300 encontramos a opção pela dupla saída de escape e ponteira (versão testada), uma nova biela com mais curso para oferecer mais potências nas médias e altas e também novos componentes na cabeça do cilindro, árvores de cames e pistão que conjugados permitem obter ainda mais potência numa ampla faixa de utilização que a diferenciam das restantes opções existentes no mercado.

A nível da alimentação o novo corpo do injetor foi reformulado com novas afinações que permitem obter uma resposta mais limpa e precisa numa ampla faixa de utilização tornando esta versão ainda mais apetecível para os habituais trilhos de enduro e especialmente nas especiais quer sejam elas técnicas rápidas.

Um motor notável e um chassis preciso

No terreno a TM é, de igual forma, uma moto com particularidades bem vincadas. A posição de condução é neutra embora me pareça que os poisa pés estão ligeiramente sobre elevados para pilotos com maior estatura. O depósito de combustível encaixado na parte traseira do chassis lembrando o posicionamento adotado pela Yamaha nas suas motos permite obter um maior equilíbrio do chassis e melhor centralização de massas. Os primeiros golpes de acelerador confirmam a existência de uma resposta limpa do propulsor e acima de tudo muito potente.

O facto de ser um “meio termo” entre uma 250cc e uma 450cc tornam esta cilindrada ainda mais apetecível para um cada vez maior leque de utilizadores que não se revêm numa dois e meio, que por vezes pode não ter o binário ou a potência necessárias para enfrentar zonas mais trabalhosas, e uma quatro e meio com potência a mais, peso a mais e uma maior inércia do motor que podem trazer um cansaço acrescido quando já rolamos há longas horas por essa mato a dentro.

Pessoalmente penso que as 300 a 4T são as melhores opções para cerca de 60% dos utilizadores de motas de enduro e neste caso a TM conseguiu chegar a um elevado patamar com um motor que, pensamos nós, suplanta a sua concorrência colocando-se ao nível das 350cc das suas adversárias austríacas. Nas zonas trabalhosas o motor é um portento na resposta transparecendo uma notável inspiração crossista na forma como sobe de rotações, mas sempre com uma entrega perfeitamente controlável e amigável.

A afinação da injeção (mapeamento) pareceu- nos estar muito bem conseguida dado que o movimento do punho direito se traduz numa entrega de potência decidida em toda a faixa de rotações sem qualquer tipo de hesitações mesmo nas zonas com um maior índice de tecnicidade onde basta um ligeiro toque na embraiagem para avivar os 300cc da EN 300 Fi.

O ruído do filtro de ar, colocado na zona onde normalmente deveria estar o deposito de combustível, serve para aumentar ainda mais a sensação de estarmos com uma moto extremamente potente debaixo de nós. Os enormes radiadores permitem manter a temperatura de funcionamento estável mesmo quando estamos a enfrentar zonas mais trabalhosas ou lentas.

No campo da ciclística nota-se que o quadro exibe uma elevada rigidez estrutural que permite maior precisão de condução quando se anda ao ataque.  A escolha pelo cocktail KYB/TM merece nota máxima. As bainhas são suaves no início do curso, transmitem uma boa leitura do terreno e no fim do curso são rijas q.b. A leitura do terreno é auxiliada pela precisão do chassis que nos indica de forma quase surpreendente o melhor sítio para passar sem reações estranhas ou inesperadas.

Surpresa é o amortecedor TM que trabalha de forma igualmente notável com uma elevada consistência no seu funcionamento ao longo de todo o curso, amortecedor que é totalmente produzido pela TM e que auxilia de forma surpreendente o chassis de alumínio em todo o seu conjunto a transmitir uma elevada sensação de segurança mesmo nas zonas mais esburacadas e trabalhosas.

O equipamento de topo transparece em todos os pormenores como é o caso das mesas de direção maquinadas, cubos das rodas maquinados e numa profusão de componentes que dão um maior valor acrescentado a este modelo.

Nota final para a travagem capítulo onde a TM também inova com um cocktail Brembo (pinça dianteira) e Nissin na traseira que permite obter uma potência de travagem extremamente potente mas perfeitamente doseável e controlável.

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Ficha Técnica