Viagens de moto: podem, ou não, incluir carros?
Bom, a resposta é: depende! Sim, porque há regras! Ou seja, em que condições uma viagem de moto poderá incluir um carro?
Temos duas hipóteses:
Hipótese 1: quem vai de carro vai ter ao destino final? Ok, pode ser. Não tem problema nenhum.
Hipótese 2: quem vai de carro pretende acompanhar as motos durante o percurso? Completamente inaceitável! Fora de questão! Só mesmo alguém sem nenhum conhecimento do código motard (eu?) poderia pensar em tal coisa. Afinal de contas, não estamos a falar de uma excursão de carros e motos, em que os carros vão a acompanhar as motos. Não. Estamos a falar de motards, que querem ir à aventura, sem ninguém atrás (ou à frente) deles! No limite, se não têm moto, vão à pendura! De carro, atrás (ou à frente), é que não!
Num determinado ano fomos à concentração motard de Góis (espetacular, devo dizer). Dado ainda não estarmos preparados para levar material de campismo na mota decido levar o carro. Eles iam de moto e eu disse que ia com eles, mas de carro. Bem, o que fui eu dizer! “Isso não faz sentido nenhum!”, “não queremos ir com carros atrás!”, “isto não é uma excursão!”, “se quiseres, vais lá ter, mas não vens connosco”. E por aí adiante. “Bem, que mau feitio!”, pensei eu. “Mas afinal qual é o drama? Até lhes estou a fazer um favor de levar a tralha toda comigo e excluem-me assim?” Credo! Para quê tanto dramatismo? Até saíram mais cedo, só para ter a certeza que eu não saía logo a seguir e ainda os apanhava no caminho! Ainda estive para não ir e aí queria ver onde é que iam dormir! Fundamentalistas!
Claramente não estou por dentro do modus operandi das viagens motards. Da próxima vez tenho que ler o manual antes de fazer qualquer sugestão. Se tivesse lido, saberia que no Capítulo 3, Secção B, Artigo 2, Alínea a) estava bem explicito em que circunstâncias um carro poderá acompanhar uma viagem de motos: em circunstância alguma! OK, estou esclarecida. Não volta a acontecer, prometo.
Chegada a Góis (umas horas depois deles), foi-me permitido descarregar o carro e, a partir daí estacionei-o e não lhe voltei a mexer até virmos embora. Qualquer deslocação após a minha chegada, já era à pendura, de moto. Olha agora, em plena concentração motard, eu andar de carro, e eles na moto! Que disparate! Onde é que já se viu? O que é que os outros motards iam pensar deles? Nem quero imaginar. Mas deve constar no manual, algures no Capítulo 9, Secção A, Artigo 1, Alínea e), onde são descritas situações em que um apaixonado por motos gera embaraço noutro apaixonado por motos. De certeza!
Mais uma vez, só mesmo um apaixonado por motos para entender esta situação, porque para mim, de moto, de carro, bicicleta, trotineta, tanto me faz. Até podemos ir todos a dizer adeus uns aos outros, felizes, em fila indiana. Não? Está bem. Eu fico-me por aqui, então. Vou ler o manual e já volto.
Até à próxima e Boas Voltas!