Olha quem ele é
Autódromo do Estoril, fim-de-semana de regresso.
Boxes que fervilham.
Pilotos que desenferrujam as trajetórias guardadas em sua ciência.
Mecânicos no seu ramerrame formigueiro.
Telemetristas focados em mil pequenos mas faladores algarismos.
Motos, lindas e muitas motos, um festival de cor e de cavalos.
Umas mais vivas, as cores.
Outros em maior número no motor, os cavalos.
Mas em toda e qualquer box, o sorriso de crianças grandes que reencontraram seu pátio de liberdade voadora.
As bancadas … tristemente vazias.
Quase ia escrevendo tristemente vazias como sempre, mas não quero ser injusto.
O Povo teria estado presente assim as autoridades tivessem percebido que ali havia espaço, espaço e mais espaço para todos os adeptos que seguem esta modalidade ao vivo, mas este é um Portugal de coisas da bola.
Adiante.
Miguel chegou, viu e venceu.
Mostrou ao COVID que pouca inércia amontoou.
Duas corridas, duas vitórias, eu diria dois passos rumo a Jerez 2020.
Pedro Nuno ganhou também.
E Ivo Lopes, por supuesto.
Pedro Fragoso, o Bala, embalou tiro certeiro.
Ivan Hernandez.
Martim Marco, o shuttle de Assafarge e Antanhol, a este miúdo tomem-lhe nota do nome e das feições. Digo-vos eu, prevenindo.
Afonso Almeida fez sorrir Paulo Oliveira, ganhou.
João Curva e Pedro Dias, dois resistentes lutadores.
Vencedores.
Eles e…
Henrique Gouveia, Christophe Lajouanie.
E pronto, acho que não esqueci nenhum dos imbatíveis do momento.
Triunfador foi todo o CNV, neste regresso.
Devo agora falar de três nomes mais.
Pedro Matos.
Fica estranho, Pedro e não Pedrinho, mas é assim.
A criança reguila com que um dia me cruzei no paddock, está feito gente crescida acelerando forte e livre em pista de rapazes homens.
Fixem-lhe, como ao Martim, nome e feições.
Outro nome, Paulo Vicente.
Que simplicidade, transparência, serenidade, generosidade, paixão, entrega, cumplicidade a deste homem. Que corre e ganha, vejam-me lá, e não contente com isso, traz um filho e vai ele e faz o mesmo, Miguel Vilares, flecha filho de flecha.
Zcup, Tuono Cup, um portento de emoção, um delírio para um leigo como eu, adrenalina imensa a de ir vendo uns e outros, mais rápidos contra mais experientes, uns numas, outros noutras e o frenesim das cores, preto e verde misturado com o vermelho, branco e verde, por ali fora, por ali disparados a duzentos e tantos.
Miguel Vilares, Duarte Amaral, Pavel Bogdanov, Anselmo Vilardebo, Jorge Figueiredo.
Luis Franco, Miguel Sousa, Ricardo Pires, Jorge Montereal.
Nas Z’s faltaram o Franklim Oliveira e o José Fernandes, por motivos pessoais e logísticos. Nas T’s foi a ausência de Luis Soares por lesão.
Que grupo de gloriosos malucos que disputarão o Troféu das Naked Bikes.
Para o fim deixo propositadamente quem me levou ao Estoril para roer as unhas de nervoso.
Em estreia mundial HM50, o cascalense mais oriental da história da humanidade, saído do Muppet Kingdom, coadjuvado por Blondie Marina, orientado espiritualmente por JD, registado para a posteridade fotográfica pelo cunhado Michael que é como fazem os campeões, escalpelizado em seus tempos por sector e saída para a pista pelo veterano analista JLT45, aplaudido na Curva da Orelha por uma turba de chanfrados que levam qualquer um a querer sair dali o mais rápido possível, senhores e senhoras eis Hélder Monteiro, o primeiro amigo que trago de longa data e que vejo a sair da box, olhar para a esquerda e acelerar, como só vi fazer a grandes campeões (eu sei que fazem todos o mesmo, mas nenhum é meu amigo de há tanto tempo). HM50 chegou, viu, aprendeu, interiorizou, acelerou e galgou lugares, dá vontade de apanhar rápido o Expresso para Portimão e guardar lugar no AIA. Mesmo sem gente nas bancadas, fico-lhe ali a escutar o rugir.
Qué grande eres, El Chino.
Em suma… mas que enorme, de imperdível fim-de-semana, não acharam?