Está na hora?
Miguel Oliveira assinou contrato com a KTM para o ano de 2021.
Vejamos, existem quatro equipas de fábrica com aspirações a chegar ao fim dos GP’s no lugar mais alto do pódio, a saber, Honda, Yamaha, Ducati e Suzuki. Três delas apoiam de muito perto equipas satélite, nomeadamente a LCR Honda, Petronas Yamaha e Pramac Racing, tornando os seus pilotos candidatos muito credíveis a lutas pelo pódio ou, no mínimo, por um Top 5.
Ali algures no meio das oficiais e suas protegidas situa-se a KTM, que sendo equipa de fábrica é, comparativamente às quatro equipas com semelhante estatuto, a mais verde nestas andanças da classe rainha, a que tem menos dados no seu repertório, logo mais dependente de pilotos que tragam soluções às equações que buscam décimas, centésimas, milésimas preciosas no caminho do sucesso.
Tem ainda uma outra equipa de fábrica, Aprilia, que certamente buscará o caminho de regresso ao sucesso que sempre a caracterizou, mas que por ora estará talvez um pouquinho afastada deste pelotão da frente.
Recapitulando, temos talvez três pilotos com créditos de luta para o pódio, Marc Marquez, Dovizioso (será que ainda??) e Viñales (será que finalmente??), seguidos de muito perto por um Quartararo (será ou não que??) … e logo depois por um grupo de gente muito crescida que dará o tudo por tudo para que… no ano seguinte sejam efectivamente e de novo parte ativa nas lutas lá por cima, sendo que Valentino desempenhará papel fulcral no desenho do grid nessa altura, estando por lá ou trazendo gente de sua Academia para papel de gente graúda.
Neste grupo de oito equipas a ter em linha de conta, recordemos que no ano que vem a satélite da Honda contará por certo com Alex Marquez e na principal representação da marca nipónica surgirá certamente Pol, a KTM será certamente uma das equipas com aposta grande, querendo retirar dividendos de um forte empenho da fábrica mãe, corolário de anos e anos de aprendizagem e consolidação de resultados nos escalões imediatamente inferiores, Moto 2 e Moto3, onde vencem com regularidade e são permanentemente candidatos ao título.
Ora dizia eu que, naquele grupo de oito equipas, perfazendo dezasseis pilotos, temos um português que já demonstrou ser forte, bom e rápido o suficiente para não só ser aposta interessantíssima no paddock como também e pelos vistos, assumir a responsabilidade de empunhar as cores laranja da bandeira KTM.
Se este ano estaremos todos a torcer por um MO88 forte neste atípico campeonato, porque mais curto e com menor número de circuitos por onde testar a capacidade de cada um, em 2021 será um País inteiro a olhar para a grelha de partida e desejar ver lá bem mais acima não só a cor laranja da marca de Mattighofen como também o verde e vermelho da bandeira do nosso Portugal.
Não pretendendo de modo algum chover no molhado, onde em crónicas anteriores já me amofinei com a tacanhez de certa comunicação social que nada faz por esta modalidade durante meses a fio, para depois surgir linda e maquilhada quando as luzes da ribalta lhe são acesas pela vitória de um luso que soube, para já e até ver, vencer em terra de espanhóis e italianos, depois de japoneses e outros orientais, num universo de milhares e milhares deles nos escalões de formação que começam na tenra idade da escola primária, apetece-me perguntar a todos vós se não estará na hora de se fazerem ouvir.
Quero com esta conversa toda dizer que, embora certamente agradecido a certas pessoas que na carreira do Falcão lhe tenham sido cruciais, estando à hora certa no local certo, o facto é que a Paulo Oliveira, pai de Miguel, terá o nosso campeão de agradecer o caminho que não só se lhe abriu, como lhe foi mantido a expensas de um pai que nunca desistiu.
Depois, em jeito de agradecimento, Oliveira, o nosso Miguel, tratou de ir a fundo buscar a mais perfeita resposta que o seu dom lhe permitiu, alcançando a inimaginável glória de estar entre os melhores dos melhores, numa modalidade que desafia, alicia, seleciona e peneira os dotes de milhões pelo mundo fora.
Quero com esta conversa toda dizer que me parece ver tal repetir-se noutros pais de outros pilotos que fui conhecendo nas vezes em que me é permitido estar por ali com eles, gente das corridas.
E se me comovo com a simbiose que resulta desta ligação pai/filho, terei aqui de me render ao papel da mãe, pela admiração infinita que sinto por alguém que não estando aparentemente sob as luzes do palco principal, acaba por ter o papel decisivo de fazer voar em liberdade o sonho de uma criança.
Mil vezes campeão que ele seja, ali verão sempre e sempre o seu bebé.
Se me permitem, se acaso vedes alguma lucidez nestas palavras, talvez seja hora de nós, todos nós, fazermos uma coisa e exigir outra.
Trazermos os nossos amigos a este mundo de sonho e de sonhos.
E demonstrar a uma comunicação social que existe um filão de gente sequiosa de aprender e saber mais acerca de tanto herói aqui tão perto, dispostos a seguir religiosamente toda e qualquer informação, completa e bem estruturada, acerca destes e outros campeões.
Ou será que estarei a ser optimista em demasia?