Décimo primeiro dia de competição no Dakar numa etapa, inicialmente a mais longa de todas desta ano, mas encurtada em cerca de 50 km para 465 km mesmo assim duros, trabalhosos, com uma mistura de pisos distintos e com navegação exigente, que colocou mesmo os mais experientes à prova.
Depois de três dias em que a Honda apertou o cerco, apesar do desaire de “Nacho” Cornejo na etapa de ontem, hoje foi dia da KTM e Sam Sunderland subirem até ao lugar mais alto do pódio com uma prestação inabalável para o britânico que deu tudo o que tinha para dar caso quisesse manter vivas as aspirações de lutar pela classificação geral.
Partindo de uma posição confortável, oitavo a entrar na pista a 15m do líder, Sunderland entrou na etapa decidido a virar as coisas para a KTM. Chegado ao WP nº4 com 215 km de especial disputados, Sunderland assumia o controlo desta etapa numa clara desmonstração de garra e sede de vencer concluindo esta especial com uma vantagem de 2m40s para Pablo Quitanilla. O veterano piloto chileno fazia aqui a sua melhor exibição neste Dakar fruto de uma navegação sem falhas e de um terreno favorável aos dotes de condução do piloto da Husqvarna.
Kevin Benavides foi o ponta de lança da Honda tendo rodado praticamente metade da especial com o seu companheiro de equipa Ricky Brabec que, saindo na frente como lebre, foi rapidamente ultrapassado pelos seus adversários.
Benavides fez aquilo que tinha que fazer manteve a liderança da classificação geral mantendo bem acesas as aspirações da Honda numa segunda vitória consecutiva no Dakar.
O dia não seria tão favorável para Joan Barreda, o espanhol começava bem no início da etapa até que por lapso falhava a primeira zona de reabastecimento ficando imediatamente sem gasolina. Suspeitando-se de que a queda de há dois dias terá provocado um traumatismo, o espanhol era aconselhado a abandonar a prova por precaução médica, tendo sido submetido de imediato a avaliações complementares no hospital.
Bom dia também para Daniel Sanders, o líder da classe Rookie, que também fez exatamente aquilo que lhe competia tentando “proteger” o seu colega de equipa Sunderland. Sanders referia no final que esta tinha sido a melhor etapa do Dakar 2021 ao conjugar diversos tipos de piso e de paisagem.
Sebastian Bühler voltava a imprimir um ritmo mais forte, 12º no final do dia, mas querendo evitar problemas refreou o andamento tendo em conta que a navegação complicou-se em algumas zonas da pista mais perigosas, e para poupar a sua moto.
Rui Gonçalves está em crescendo de forma num dia em que a tipologia do terreno, piso mais arenoso, favoreceu o piloto da Sherco que subia até ao 14º posto no final. A prestação nesta etapa levou Gonçalves a ganhar mais um lugar na classificação geral entrando em definitivo no grupo dos 20 melhores deste Dakar.
Joaquim Rodrigues tinha a real perceção de que esta era uma etapa complicada e como tal imprimiu um ritmo mais cauteloso, mas a 20 km do final falhou um WP e com receio de ficar sem combustível seguia até ao final sem validar o WP, sofrendo uma penalização de 20 minutos mas mantendo uma excelente 12ª posição na classificação geral.
A etapa 12 e a derradeira deste Dakar será disputada amanha entre Yanbu e Jeddah num total de 452 km com 225 km a serem disputados ao cronómetro.
Sam Sunderland (GBR) KTM: “Hoje dei o meu melhor – sabia que esta etapa seria uma das quais onde poderia ter hipótese de ganhar tempo aos meus adversários. É ótimo vencer a etapa, mas isso significa que amanhã tenho que abrir a pista, o que será difícil. Ainda assim, tudo pode acontecer, como sabemos, e vou continuar a lutar até ao fim. Foi outra etapa muito longa e difícil, mas estou grato por poder simplesmente correr com minha moto pelo deserto, especialmente com tudo o que está acontecendo neste momento pelo mundo fora. Gostaria de agradecer à minha equipe por todo o que tiveram para nos trazer até aqui. O plano agora é dar o meu melhor amanhã.”
Kevin Benavides (ARG) Honda: “Hoje foi uma etapa longa e difícil. Realmente tinha de tudo: era muito técnica em termos de navegação, tínhamos dunas, rios, pedras, mas a verdade é que foi uma etapa muito bonita. Estava decidido a tentar não cometer erros na navegação. Foi um dia longo. Comecei em terceiro e consegui alcançar meus companheiros no km 100, passei o Ricky e comecei a abrir a pista até ao km 200. Mais tarde, nas dunas, consegui andar junto com o Ricky. Acho que fizemos um excelente trabalho de equipa. Estou muito feliz com o dia e agora, mais do que nunca, temos que estar focados e dar tudo, amanhã é o último dia de corrida.”
Sebastian Buhler (GER) Hero: “Hoje foi uma longa etapa com algumas zonas difíceis e perigosas. Então, tentei relaxar e concentrar-me para não cometer erros. Perto do final, havia um ponto de navegação difícil onde reduzi o andamento e concentrei-me para não falhar na navegação. A estratégia funcionou, pois não perdi muito tempo. Para a última etapa, o meu plano é fazer o mesmo que fiz na primeira etapa, a corrida só termina quando cruzamos a linha de meta.”
Rui Gonçalves (POR) Sherco: “Hoje tivemos a penúltima etapa do Dakar, uma etapa muito dura e longa e com muita navegação. Comecei tranquilo com muita calma nos primeiros quilómetros por que de manhã custa-me um bocado a aquecer porque ainda estou muito dorido da queda que tive anteriormente. Adotei um ritmo calmo e progressivamente fui aumentando a velocidade. Andei num bom grupo e apesar de ter cometido alguns pequenos erros de navegação fiquei contente com o dia que concluí na 14ª posição.”
Joaquim Rodrigues (POR) Hero: “Hoje tentei andar com calma e chegar à linha de meta, pois estamos muito perto de terminar o rali. Estava tudo a correr bem na pista, com um bom ritmo, mas a apenas 20 km do final, não consegui encontrar um WP. Andei ali às voltas à procura do WP até que comecei a ficar sem combustível, então decidi seguir em frente. Perdi muito tempo com a penalização mas consegui chegar ao fim. ”